12/11/2018

Troquei a Microsoft por Tomates

Sou de origem humilde. Nasci na roça e me criei na Vila Cândida, periferia de Campo Mourão. Passei muitas necessidades e tive pouco estudo. Sei assinar meu nome e sou bom em números, cálculos simples a partir do 1 + 2, e paro por aí.
Mesmo sem preparo e renda fixa decidi me casar com Marta da Mata, bonita de tudo, carinhosa, boa de coração, corpo e alma. Em dois anos já tínhamos dois meninos amados. Não dei folga.
Mas no trabalho sofria altos e baixos. Nunca assinaram minha carteira por onde passei, e ganhava nada além de salário mínimo, flutuante.
Decidimos e fomos morar em São Paulo por ter muitas empresas e maiores chances de emprego. Mudamos, mas a vida malvada não. Continuou me batendo e eu, me debatendo, na luta pela sobrevivência nesse mundo cruel para quem não tem nada. 
Certa manhã, com apenas cinco reais no bolso e muita fome no estomago, perambulava eu pela rua no meio daquela multidão apressada pensando no que comprar com aqueles míseros trocados. Eram quatro bocas para alimentar, além do gato, do cachorro, da arara azul palradora e o coletivo para pagar.
De soslaio vi um reclame na parede do prédio todo envidraçado, na minha frente, e uma placa na fachada: ‘CONTRATAMOS’.
Pensei: deve ser Deus que me vai dar uma boa chance!
Entrei, mal vestido e, a cerca de dois metros, no final de um corredor atapetado estava um balcão e uma moça bem vestida, educada e de ótima aparência. Sentada, lixava as unhas.
Na pequena sala da recepção, indiferentes como ela,  estavam nove pessoas sentadas. Eu era o décimo. Fui direto ao balcão e a moça olhou-me de cima a baixo e pelo visto não gostou da estampa. Mandou-me sentar e aguardar. 
Deu uma torcedela no nariz, como se tivesse sentido algum mau cheiro. Na verdade nem banho estava tomando porque a água estava muito cara e, a barba também queria um trato, e eu liso igual Durango Kid. 
Em pensamento dei razão a ela, toda cheirosinha perto de um ‘gambá’. Ninguém merece!
Passadas umas duas horas – creio eu – dei até um bom cochilo, a moça me chamou. Perguntou meu nome e o que eu desejava?
Me chamo Paulo José de Arruda e quero emprego. Vi uma placa lá na frente, respondi.
Ela anotou e disse que a vaga era de faxineiro e que eu estava na maicrosófe (Microsoft), a maior companhia em informática do mundo, de Mister Bill Gats.
Só entendi a vaga e falei: tudo bem moça! 
O resto compreendi, mas não entendi. Eu queria é trabalho e renda só, sem mimimi.
Ela me levou até uma porta envidraçada, das muitas por ali, com duas letras douradas no meio: RH. Acompanhou-me até uma mesa onde outra moça bonita me atendeu e mandou eu me sentar. A primeira me desejou boa sorte e retirou-se.
A do RH me explicou tudo sobre faxina do prédio (três andares), comentou do salário (mais de mil reais), carteira assinada com direito a VT e AR. Passou-me um formulário para eu preencher em casa. Fiz uma entrevista rápida e, meia hora depois me disseram que fiquei em primeiro lugar.
“O senhor preencheu os requisitos”! 
Me emocionei. Não sabia se chorava ou ria. 
O senhor já pode começar amanhã, tá? Esteja aqui pouco antes das 8 horas. Agora o senhor pode ir, responda as perguntas, anote seus documentos, seu endereço e nos mande  tudo por Em@ail. tá?"
Putzzz, ai complicou
Ohhh dissgraçaa!! Quase falei um palavrão. %#@??/
Que diabo é esse tal email? Nem computador tenho, raios! Eu não sabia de nada disso, muito menos de informática. Desisti antes de começar. Pode?
Triste, não queria voltar sem nada à minha casa. Vi uma feira-livre, direto da horta para sua mesa, e dentre tantos hortifrutigranjeiros fresquinhos, me deparei com caixas de tomates por 5 reais cada, bandejas de 30 ovos por 10 reais e um jovem que gritava: oolhaa a pamoonhaa, tá quentinha!!
Ovos de lado, pamonha à parte comprei uma caixa de tomates graúdos, bem vermelhos e fiquei duro.
Joguei-a no ombro esquerdo - uns 30 quilos - e saí torto a vender de porta-em-porta. Vendi tudo pelo dobro. Voltei na feira e comprei outras duas. Vendi pelo dobro. No primeiro dia lucrei 20 reais. No seguinte, 80. Em uma semana comprei uma bicicleta de carga. Em um mês comprei uma kombi. Em um ano tinha uma frota.
O tomate melhorou minha vida totalmente. Havia fartura. Construí um sobrado lindo e abri uma baita empresa denominada “Rei do Tomate’.
Atualmente incentivo o produtor rural, compro toda a safra e comercializo toneladas do fruto internamente e exporto, em larga escala, para o mundo todo.
A vida me sorriu depois dos desafios que encarei sem esmorecer. Descobri que ela só é boa para quem nunca desiste. Passei a me vestir socialmente, gravata, esporte fino direto, cheirosinho. Afinal agora sou executivo e trato dos negócios diretamente com outros empresários como eu, elegantes. Até me chamam de doutor Arruda. Aí eu dou risada.
 
Hidrovia chinesa divisa com Vietnã

Recentemente recebi a visita de uma comitiva chinesa, que ia fazer palestras em Campo Mourão sobre navegação e transporte fluvial. Segundo o chefe, disse ele, que nos fretes embarcados por rios “o preço cai 80 por cento do custo da mercadoria fretada. De trem baixa uns 50 por cento e o transporte rodoviário é 100 por cento em cima das mercadorias. Caminhão e combustível são caros demais no Brasil, que tem muitos rios enormes, mas não tem hidrovias!!
Cafezinho vai, papo vem, fechamos um grande negócio em milhares de euros.
O chefe Chin então me disse todo contente, com aquele sorrisão característico do oriente: agora tudo certo, negócio fechado, manda fatura por em@ail e nós deposita valor na sua conta na hora”.
Olhei bem nos olhos apertados dele, sorri e respondi: “os senhores não notaram que na minha empresa não tem computadores?  Só vendo à vista!
Mass porr quê isso, doto Alluda?
Porque se eu tivesse computador, hoje eu seria faxineiro da maicrosófe e capacho do tal Bill Clinton.
Boa tarde, sucesso na palestra lá na minha terra e passem bem !!
Rita... por favor, mande entrar o próximo !! 
>0<


Eu, particularmente, não como tomate, com todo respeito por aquele que mudou a nossa vida e de mais de cem famílias de empregados contratados por mim, no campo e na cidade. Mas é um alimento super nutritivo, quando maduro (vermelho). Recomendo, afinal sobrevivo disso. 

Tomate é um dos frutos mais consumidos na culinária mundial. Rico em vitaminas A, B e C e sais minerais: fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Esses nutrientes ajudam no desenvolvimento dos dentes, músculos, ossos e protege o sistema imunológico. No tomate existe uma substância importante que dá sua coloração vermelha: licopeno. Esse nutriente é antioxidante que combate envelhecimento precoce. Outro benefício é a proteção do sistema cardiovascular e contra alguns tipos de câncer. 
Diferente de muitos outros frutos, tomate cozido é mais nutritivo do que cru, porque o licopeno é melhor absorvido nessa situação. Por isso, molhos e sopas são ótimos em qualquer dieta, principalmente para quem se preocupa com o peso, já que tomate possui poucas calorias, menos de 20 kcal em 100 gramas. 
Sugestão: tomate assado ou recheado com queijo fica delicioso e é perfeito para acompanhar carnes. Para retirar a pele espete o tomate com um garfo, mergulhe-o em água fervente, retire lentamente e descasque. A pelinha é indigesta. O estômago não a dissolve.

tomate_hortifruti (Foto: Thinkstock)  
Coma Tomates e Viva 100 Anos !!

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Tomate? Ma Pei,

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