09/06/2017

Pitanga Massacrada por Indios


Consta que, em 1844, Antonio Manoel de Abreu e sua esposa Rita Maria de Cássia Abreu foi o primeiro casal que esteve no sertão de Pitanga – PR ainda povoado de índios hostis da tribo Coroados, um ramo da nação Guarani que tinha sua maior concentração na vasta região dos Campos de Coaracyberá (Campo Mourão).
 
PITANGA - PR - ONTEM

Em 1844, dia 29 de dezembro, foi lavrada escritura na Comarca de Guarapuava, onde consta que Antonio Manoel Caetano disse que "alienou uma pequena parte de matos, ranchos e suas benfeitorias, no lugar denominado Córrego da Imbuia".

Em 1853, dia 25 de maio, o mesmo Antonio Manuel Caetano teria vendido o imóvel a Carlos José de Oliveira.

Em 1897, Antonio Leonel Ferreira, José Martins de Oliveira e  João Luis Pereira (primo de Jozé Luiz Pereira) construíram a primeira cabana às margens do Rio Pitanga batizado, anos depois, como Rio Batista.

Em 1903  Chegaram José Paula Freitas, Manuel Martimiano de Freitas, Euclides Ribeiro de Almeida, Joaquim José Buquera, Joaquim Aires de Araújo Jacques, Francisco Ribeiro Martins, Marcelino José de Carvalho, Veríssimo Maximiliano Machado e José Amaral dos Santos, que acamparam em larga faixa de terra devoluta entre a serra do Rio Marrequinha e a barra do Rio Ivaí, até a barra do Salto Ubá.

Campos do Mourão  Em 16 de setembro de 1903 uma caravana de onze pessoas, a cavalo e em carros de bois, lideradas pelo sertanejo Jozé Luis Pereira, chegou aos Campos do Mourão, pelo Picadão alargado sobre o Caminho do Peaberu até a barra do Rio do Campo. A comitiva paulista, atravessou todo o cerrado de pastos nativos e se fixou na região do Santa Cruz, a margem direita do Ribeirão 119.

1922, pelo Decreto nº 418 de 15 de maio, foi reativado o Distrito Policial de Pitanga, vinculado a Delegacia de Polícia de Guarapuava.

Ataque indígena  Em 1923, Pitanga já tinha razoável comércio movimentado e várias famílias estabelecidas na promissora vila de colonos cercados por aldeias de índios, que conflitavam em constantes ameaças por verem sua terra invadida. No final de março de 1923, os nativos armados de facões, porretes, arcos e flechas começaram a atacar ferozmente as casas e tulhas - na ausência dos proprietários - e depois resolveram invadir o centro do povoado. Os moradores foram avisados e algumas famílias fugiram a cavalo e em carroções rumo a Guarapuava. Não arredaram pé, as famílias de Manoel Alves Lourenço, Fernando Malko, Ataíde Ferreira (que depois fugiu rumo a Campo Mourão), Emilio Lanzmann e Gil Vaz Camargo.

Na Capela - No mês seguinte, mais exatamente dia 05 de abril, os nativos voltaram a invadir o povoado. Saquearam as casas de comércio e, em poucas horas, já estavam embriagados, faziam altas algazarras e até dançaram dentro da Capela de SantAna.

O Massacre - Na correria e perigo de morte eminente, Manoel Lourenço, gerente comercial de Generoso Walter, viu que a única solução era fugir. Mandou sua mulher Geraldina grávida, e seis filhos menores na frente e ele foi atrás para dar proteção, mas foi alcançado pelos índios na saída do povoado e ali foi morto. Sua mulher ouviu os gritos. Voltou em seu socorro, mas foi degolada e teve o feto arrancado da barriga. Mais quatro filhos foram mortos.
Todavia, os dois menores escaparam. Emílio Lanzmann, Ataíde Ferreira e Fernando Malkom ao ouvir os gritos dos índios e das vítimas, acudiram em socorro, mas já era tarde demais. Estavam mortos. Então estes foram até o povoado, deram alguns tiros nos índios que estavam na capela, mataram os líderes, mas como os brancos eram minoria retiraram-se, e depois se separaram. Emílio foi emboscado e morto na fuga. Amarrado pelos pés a uma árvore, de cabeça pra baixo, foi degolado e castrado pelos nativos.

Dulcidio Rocha Caldeira, comerciante e delegado de polícia de  Pitanga, voltava de Curitiba, onde denunciou os ataques e trazia ordens do chefe de polícia do estado para conter os conflitos a qualquer custo. Encontrou, pelo caminho, moradores fugitivos que lhe deram péssimas notícias de muitas mortes, mas nenhum quis voltar com ele, ao povoado invadido e seriamente ameaçado.

Coelho Jr - Acompanhado então do escritor, agrimensor e sertanista *Carlos Alberto Teixeira Coelho Júnior (mais conhecido como Engenheiro Coelho Júnior) que deixou um relato do ocorrido, chegou ao local denominado Carazinho, onde pernoitaram na casa do negociante Alberto Denega. Foi aí que Dulcídio conseguiu armar vinte homens e seguiu por cerca de cinco léguas (30 km) em direção à Pitanga. No caminho encontraram o corpo de Emílio e mais adiante os da família de Manuel Lourenço e os dois filhinhos sobreviventes, Abel e Anita, escondidos atrás de uma tora de pinheiro; (segundo relatos as duas crianças ficaram escondidas dois dias atrás daquela tora sem beber e sem comer).

Debandada - Dulcídio e seus homens entraram no povoado e atacaram os índios que estavam na capela. Dali fugiram pelo Peaberu (por eles aberto) em direção aos Campos do Mourão até o sertão do Rio Ivaí. Dulcídio aumentou o seu grupo armado e garantidor da segurança da Vila, com mais de sessenta homens.

Demora - Alguns fugitivos do massacre de Pitanga chegaram a pé a Guarapuava. O primeiro foi Bernardo Bassani, que narrou as ocorrências fatídicas, mas não foi levado a serio pelas autoridades, o que atrasou o envio de auxilio. Só acreditaram quando chegaram as outras pessoas fugitivas nos carroções. Aos poucos, de tempo em tempo, os colonizadores voltaram, ainda temerosos, a Pitanga.

Loteamento  O engenheiro Coelho Jr combinou com o delegado Dulcídio Caldeira a organização da colônia pitanguense, com a demarcação dos lotes urbanos e, principalmente, os rurais, com suas linhas mestras. Em 07 de fevereiro de 1924 foi assinado decreto estadual, nº. 128, que estabeleceu limites da reserva de terra dos índios Coroados, "desde as proximidades do Salto do Ubá no Rio Ivaí, até as cabeceiras do arroio da Ariranha e daí por uma linha seca com o rumo SE 23º50 até encontrar o rio Marrequinha; por este abaixo até a confluência do rio Ivaí, descendo este até as proximidades do Salto do Ubá, onde foram iniciadas as respectivas linhas perimétricas, que consistia em uma área de 37.045ha".

Titulares - A partir do ano de 1925 começaram a ser expedidos os primeiros títulos de terra pelo Estado.
Na Serra da Pitanga, posse de Miguel Schefer e outro em 20 de maio de 1925;
335,45ha para Miguel Hulek em 5 dezembro de 1925;
541,5ha para Feliciano Antunes da Costa em 31 de março de 1927;
221,8ha para José Mendes dos Santos em 15 de dezembro de 1927; 501,98ha para Augusto Schon em 13 de fevereiro de 1928;
228,6ha para Eduardo Janinski em 31 de dezembro de 1928. 
Na Borboleta: 1.165,83ha para Albino Pedro Hey e Gustavo Inácio Hey, de 31 de agosto de 1925.

Em 1930 - O tenente Lima Figueiredo passou por Pitanga. Disse que era um povoado com cerca de umas vinte casas espalhadas assimetricamente e que a importância de Pitanga residia na quantidade formidável de erva mate nativa. Os ervais, a perder de vista, foi o principal ciclo econômico nos primórdios de Pitanga.

Paróquia - Em 15 de dezembro de 1933 foi criada a Paróquia de Pitanga sob a invocação de Sant
Ana. Padre Paulo Tschorn veio a cavalo de Guarapuava e rezou a primeira missa. O primeiro batizado foi dia 2 de maio de 1934, no oratório de Marrequinha.

Emancipação - No dia 30 de dezembro de 1943, através da lei nº 199, Pitanga foi elevada à categoria de município que abrangia o distrito de Campo Mourão, parte de Goioxim e Catanduvas. Pela mesma lei foi elevada a Comarca. A instalação do município foi dia 1º de janeiro de 1944 e a da Comarca em 19 de abril de 1944. Mas, o aniversário de Pitanga é celebrado em 28 de janeiro.

PITANGA - PR - HOJE

*Carlos Alberto Teixeira Coelho Júnior:
(Cadeira 29 da Academia Paranaense de Letras)
Filho de Júlia Monteiro Coelho e Carlos Alberto Teixeira Coelho.
É nome de rua no Jd. Flórida de Campo Mourão - PR


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