Jorge Walter, filho de migrantes alemães, apelidado de "O Russo", nasceu em 1856, numa pequena aldeia de colonos de origem alemã,
situada às margens do Rio Volga, adjacências do Mar Cáspio, no atual estado
russo de Saratov.
1763 - Era descendente de alemães que, antes dele nascer, migraram até a Rússia a convite da czarina Catarina, a Grande. A migração começou a partir de 1763. Catarina era alemã e convidou seus conterrâneos a fim de colonizar a extensa e despovoada região do baixo Volga. Calcula-se que milhares de famílias alemãs atenderam a esse chamado, dentre elas, a dos Walter. Levaram seus poucos bens – móveis, roupas, carroças, cavalos e gado - com a finalidade de ajudar a desenvolver a nova pátria em busca das oportunidades que sua terra não lhes oferecia mais. Em poucas décadas prosperaram graças a tenacidade no trabalho, disciplina e austeridade, aliados a princípios éticos e religiosos, auxiliados por incentivos do governo russo.
Guerra - Todavia, em meados do século XIX começou um período difícil na Rússia, que vinha de uma derrota fragorosa na Guerra da Criméia poucos anos antes. O governo estava endividado, os alimentos escassos, a pobreza aumentava enquanto os nobres ficavam mais ricos e, de quebra, grassava um acirramento do nacionalismo russo contra imigrantes estrangeiros.
1763 - Era descendente de alemães que, antes dele nascer, migraram até a Rússia a convite da czarina Catarina, a Grande. A migração começou a partir de 1763. Catarina era alemã e convidou seus conterrâneos a fim de colonizar a extensa e despovoada região do baixo Volga. Calcula-se que milhares de famílias alemãs atenderam a esse chamado, dentre elas, a dos Walter. Levaram seus poucos bens – móveis, roupas, carroças, cavalos e gado - com a finalidade de ajudar a desenvolver a nova pátria em busca das oportunidades que sua terra não lhes oferecia mais. Em poucas décadas prosperaram graças a tenacidade no trabalho, disciplina e austeridade, aliados a princípios éticos e religiosos, auxiliados por incentivos do governo russo.
Guerra - Todavia, em meados do século XIX começou um período difícil na Rússia, que vinha de uma derrota fragorosa na Guerra da Criméia poucos anos antes. O governo estava endividado, os alimentos escassos, a pobreza aumentava enquanto os nobres ficavam mais ricos e, de quebra, grassava um acirramento do nacionalismo russo contra imigrantes estrangeiros.
Expulsos - Os
alemães/russos perderam a maioria de seus privilégios, tais como a isenção do
serviço militar obrigatório e pagamentos de impostos; perderam, também, seus direitos
políticos. Foram perseguidos e considerados intrusos, com seus bens de raízes
expropriados. Violentamente, foram convidados a se retirar. Os que ficaram ou não
conseguiram sair, sofreram toda sorte de maus tratos e brutalizações desumanas durante os séculos seguintes. Esta
situação persistiu até quando centenas de famílias descendentes
de alemães, voltaram à Alemanha, depois de quase três séculos vividos em
solo russo, inclusive na gélida Sibéria, durante as últimas décadas. Voltaram
sem falar idioma alemão, sem o menor vínculo com a antiga pátria mãe e só, com a roupa do
corpo. Passaram um longo período de readaptação. Nesta 2ª metade do século XIX, alguns voltaram à Alemanha, mas a maioria emigrou e tentou a sorte em países da América.
Brasil - Nesse tempo o Brasil era o país das oportunidades. O império de D. Pedro II, de algum forma, estimulava diversos projetos de colonização muito bem sucedidos nos estados do Paraná e Santa Catarina, Os europeus eram bem vindos, principalmente os alemães.
O alemão Jorge
Walter - apelidado de o Russo - auxiliado pelos familiares, que se cotizaram a fim de pagar sua passagem e
despesas, enfrentou os riscos da longa viagem de navio. Semanas no mar, rumo ao desconhecido. Deixou sua vida e os seus entes queridos para trás. Grandes probabilidades de não
sobreviver, possibilidade remota ou nula de retorno e expectativa de se dar bem ou não, em terra do Novo Mundo. A sorte estava lançada e os desafios também.
- De que forma o jovem Jorge Walter se sairá desta aventura, ou enrascada?
1877 - Com 21 anos de idade desembarcou no porto de Antonina - PR, dia 24 de novembro de 1877, sem maiores recursos, apenas com sua força de vontade, inteligência aguçada, disciplina quase militar, saúde de ferro, fé em Deus e a inesgotável vontade de vencer. Em pouco tempo, quando ainda aguardava transporte rumo ao interior do Paraná, seu pouco dinheiro terminou, mas o Russo não se abateu. Poucos dias depois, recuperado do cansaço da longa viagem marítima, ofereceu-se para ajudar a cuidar dos animais de uma grande tropa de muares de carga e carroças que rumavam à Curitiba - PR, pela recém inaugurada, tortuosa e íngreme Estrada da Graciosa.
Curitiba - Recebeu uns minguados réis pelo trabalho de subida da Serra do Mar. Perambulou algumas semanas pela jovem capital paranaense a procura de trabalho. Curitiba passava por um período de muito crescimento e rápido progresso. Visitou algumas colônias alemãs no Paraná e Santa Catarina. Fez alguns contatos e amizades. Era amistoso e comunicativo.
Guarapuava - Nessas andanças conheceu a pessoa que iria mudar sua vida - Pedro Alves da Rocha Loures - que o convidou a ir até Guarapuava. O modelo do agronegócio neste tempo diferenciava do atual. As áreas de pastagens eram bastante extensas, o gado e os porcos, para desespero dos europeus, era criado solto, alongado. Extensas áreas de mata e campos nativos eram queimados a fim de de dar lugar as pastagens. As áreas de lavoura também eram periodicamente queimadas. Este costume inviabilizava a utilização de cercas de madeira, palanques ou estacas a fim de separar as áreas de roça dos animais de criação, já que as cercas seriam destruídas quase todos os anos pelo fogo e os animais destruíam as lavouras. As valas, valetas e aceiros eram as únicas alternativas, tanto para evitar que os animais destruíssem as lavouras e evitar a propagação do fogo intencional de preparo da terra, bem como aqueles acidentais, oriundos principalmente de raios e fogueiras deixadas pelos viajantes e tropeiros.
O investimento era alto. Escavar uma área de entorno de um alqueire, o custo era maior que o valor da terra. Era tudo feito na pá e picareta e o entulho retirado em carroções. A mão de obra era escassa. Os escravos já não eram mais vendidos no país, enquanto os bugres e caboclos paranaenses tinham ojeriza pelo trabalho braçal.
Oportunidade - Jorge Walter vislumbrou, neste setor, a sua grande oportunidade de começar a 'fazer' a vida. Estabeleceu-se como empreiteiro; chefiou vários grupos de trabalhadores, a maioria constituídos de estrangeiros iguais a ele, negros libertos e até bugres, cuja principal atividade era a escavação das valas e valetas. Também construíam algumas cercas, abriam picadas/carreadores, pontes, faziam vastas roçadas e queimadas por empreita dos grandes proprietários guarapuavanos, levando suas atividades até o oeste de Santa Catarina, em território que na época pertencia ao Paraná.
Homem de paz - Jorge Walter, na figura de estrangeiro emigrado manteve-se, relativamente, neutro nos movimentos da abolição dos escravos e da proclamação da república. A parte política da família era exercida pela família do sogro, aquele latifundiário que o levou à Guarapuava.
Mas o Russo não deve ter sido um mau senhor de escravos, já que os libertos e seus descendentes o acompanharam em suas andanças até o fim de sua vida.
Casamento - Quando, Jorge Walter casou, em 14 de março de 1891, com Ana Julia da Rocha Loures (Nhá Dona), neta do Capitão Antonio da Rocha Loures, ele já era um moço apatacado, afazendado e capitalizado. O casal foi residir na Fazenda Campo do Meio, distrito de Palmeirinha - região de Pitanga - em terras que pertenceram a esposa do Capitão Antonio da Rocha Loures, que faleceu neste lugar, em 28 de junho de 1926.
- De que forma o jovem Jorge Walter se sairá desta aventura, ou enrascada?
1877 - Com 21 anos de idade desembarcou no porto de Antonina - PR, dia 24 de novembro de 1877, sem maiores recursos, apenas com sua força de vontade, inteligência aguçada, disciplina quase militar, saúde de ferro, fé em Deus e a inesgotável vontade de vencer. Em pouco tempo, quando ainda aguardava transporte rumo ao interior do Paraná, seu pouco dinheiro terminou, mas o Russo não se abateu. Poucos dias depois, recuperado do cansaço da longa viagem marítima, ofereceu-se para ajudar a cuidar dos animais de uma grande tropa de muares de carga e carroças que rumavam à Curitiba - PR, pela recém inaugurada, tortuosa e íngreme Estrada da Graciosa.
Curitiba - Recebeu uns minguados réis pelo trabalho de subida da Serra do Mar. Perambulou algumas semanas pela jovem capital paranaense a procura de trabalho. Curitiba passava por um período de muito crescimento e rápido progresso. Visitou algumas colônias alemãs no Paraná e Santa Catarina. Fez alguns contatos e amizades. Era amistoso e comunicativo.
Guarapuava - Nessas andanças conheceu a pessoa que iria mudar sua vida - Pedro Alves da Rocha Loures - que o convidou a ir até Guarapuava. O modelo do agronegócio neste tempo diferenciava do atual. As áreas de pastagens eram bastante extensas, o gado e os porcos, para desespero dos europeus, era criado solto, alongado. Extensas áreas de mata e campos nativos eram queimados a fim de de dar lugar as pastagens. As áreas de lavoura também eram periodicamente queimadas. Este costume inviabilizava a utilização de cercas de madeira, palanques ou estacas a fim de separar as áreas de roça dos animais de criação, já que as cercas seriam destruídas quase todos os anos pelo fogo e os animais destruíam as lavouras. As valas, valetas e aceiros eram as únicas alternativas, tanto para evitar que os animais destruíssem as lavouras e evitar a propagação do fogo intencional de preparo da terra, bem como aqueles acidentais, oriundos principalmente de raios e fogueiras deixadas pelos viajantes e tropeiros.
O investimento era alto. Escavar uma área de entorno de um alqueire, o custo era maior que o valor da terra. Era tudo feito na pá e picareta e o entulho retirado em carroções. A mão de obra era escassa. Os escravos já não eram mais vendidos no país, enquanto os bugres e caboclos paranaenses tinham ojeriza pelo trabalho braçal.
Oportunidade - Jorge Walter vislumbrou, neste setor, a sua grande oportunidade de começar a 'fazer' a vida. Estabeleceu-se como empreiteiro; chefiou vários grupos de trabalhadores, a maioria constituídos de estrangeiros iguais a ele, negros libertos e até bugres, cuja principal atividade era a escavação das valas e valetas. Também construíam algumas cercas, abriam picadas/carreadores, pontes, faziam vastas roçadas e queimadas por empreita dos grandes proprietários guarapuavanos, levando suas atividades até o oeste de Santa Catarina, em território que na época pertencia ao Paraná.
Homem de paz - Jorge Walter, na figura de estrangeiro emigrado manteve-se, relativamente, neutro nos movimentos da abolição dos escravos e da proclamação da república. A parte política da família era exercida pela família do sogro, aquele latifundiário que o levou à Guarapuava.
Mas o Russo não deve ter sido um mau senhor de escravos, já que os libertos e seus descendentes o acompanharam em suas andanças até o fim de sua vida.
Casamento - Quando, Jorge Walter casou, em 14 de março de 1891, com Ana Julia da Rocha Loures (Nhá Dona), neta do Capitão Antonio da Rocha Loures, ele já era um moço apatacado, afazendado e capitalizado. O casal foi residir na Fazenda Campo do Meio, distrito de Palmeirinha - região de Pitanga - em terras que pertenceram a esposa do Capitão Antonio da Rocha Loures, que faleceu neste lugar, em 28 de junho de 1926.
Campos do Mourão - Jorge Walter fez parte da célebre expedição de 1880/1881 que tomou posse de uma sesmaria (gleba) nos
Campos do Mourão, na região do Rio Sem Passo/Rio São João, entremeio a Luiziana, Mamborê e Roncador.
A viagem - Em
20 de janeiro de 1910 partiu de Guarapuava - PR, rumo aos Campos do Mourão, acompanhado da família e
numerosa comitiva (empregados e agregados – negros libertos e seus
descendentes). Nesta penosa expedição, rumo ao desconhecido, em carroças, cargueiros e lombos de cavalos conduziu 654 cabeças de gado, 48 muares, cavalos e éguas de cria, além de 15 balaios (cargueiros) carregados de sal grosso, a fim de tomar posse de direito e de fato de sua
gleba. Cada 'cargueiro' pesava cerca de 60 quilos e eram transportados, aos pares, em cangalhas sobre lombos de mulas mais resistentes que burros e cavalos.
Guerra - A I Guerra Mundial e a Revolução Russa o alcançam no auge de suas atividades e produtividade, mas Jorge Walter tinha pouco tempo para preocupar-se com a problemática externa e as agruras de sua antiga terra.
Guerra - A I Guerra Mundial e a Revolução Russa o alcançam no auge de suas atividades e produtividade, mas Jorge Walter tinha pouco tempo para preocupar-se com a problemática externa e as agruras de sua antiga terra.
Alguns de seus filhos estavam prestando o serviço militar por estes dias. Preocupava-se ele, sobremaneira, com o filho Manoel, que estava engajado na Cavalaria na cidade de São Paulo e vivenciou o advento da epidemia de Gripe Espanhola e seus efeitos devastadores na grande população, ceifando milhares de vidas. Também servia as Forças Armadas do Brasil, em Guarapuava, o filho Jorginho, seu xará.
Mesmo com idade avançada e sem necessidades financeiras (possuía duas fazendas, uma em Guarapuava e outra em Campo Mourão, esta com mais de 13 mil alqueires de terra entre os rios São João e o Sem Passo), continuava conduzindo sua tropa acompanhado de alguns de seus filhos. Subia e descia serras, atravessava rios a vau (não existiam pontes), abria picadas, indo e vindo de Guarapuava, sem parar. Por essa época a viagem normal, em tempo de estio, durava cerca de 15 dias.
A Boiadeira - Desde a sede de sua imensa fazenda em Campo Mourão ele percorria toda a região compreendida entre a barra do Rio Piquiri, do Ivaí e a atual cidade de Paranavaí (a antiga e gigantesca Fazenda Brasileira). Vendia cargueiros de secos e molhados, alimentos (principalmente sal) e comprava gado dos criadores locais e bois oriundos do sul de Mato Grosso, que eram trazidos a Campo Mourão pela inóspita Estrada Boiadeira, com picadão recém aberto naquele tempo e vendidos em Guarapuava.
Revolução Paulista - Na revolução de 1924 abasteceu, durante mais de oito meses, as tropas do Exército Brasileiro baseadas em Guaíra e, contra sua vontade, abasteceu, também, os revolucionários já que, amiúde, sua fazenda foi alvo de “requisições” quando lhe confiscaram centenas de cabeças de gado, animais de carga e de montaria, porcos, galinhas e cereais. Jorge Walter e a família Walter jamais foram indenizados por estes incalculáveis prejuízos.
Ameaça militar - Há rumores que o temível revolucionário, Tenente João Cabanas (foto), comandante da Coluna da Morte, acantonado em Mamborê - PR, desconfiava do papel de Jorge Walter e seus filhos, no abastecimento das tropas do governo, mas nunca conseguiu lhes colocar as mãos, apesar das várias visitas a sua sede, na Gleba do Rio Sem Passo (Gleba dos Walter) onde o Russo mantinha a sede da sua imensa fazenda.
Império de Allica - Jorge Walter também manteve estreitos laços de comércio com o explorador de erva mate e exportador de madeiras extraídas do Brasil, o “obragero” argentino, Dom Julio Tomas Allica, dono de um império, cujas propriedades chegavam até a região dos acampamentos de Pensamento, Catacumba, Mamborê, Piquirivai e cercanias de Campo Mourão, sendo que nestes locais ele mantinha depósitos de erva mate, armazéns, criatório de porcos, fazia roças, explorava e beneficiava a erva mate a custa de mão de obra escrava, a maioria paraguaia. A produção agrícola e a criação era para consumo próprio e a erva mate comercializada e exportada em alta escala, a partir de Buenos Aires - Argentina, via Rio Paraná e Bacia do Prata.
A Gleba dos Walter era rica em erva-mate na região de Campo Mourão
Engenheiros - Jorge
Walter foi amigo da maioria dos sertanistas e agrimensores de sua época, tais quais: Edmundo Mercer, Telêmaco Borba, Manoel Mendes de Camargo (Camarguinho) e Carlos Alberto Coelho Junior,
já que sua propriedade e moradia localizava-se estrategicamente, mais ou menos, no divisor entre
os grandes rios: Piquiri e Ivai.
Casamentos - Já
naquela época, a família Walter estreitou o relacionamento por laços de
casamento com a maioria dos pioneiros de Campo Mourão, principalmente, com os
Pereira, os Custódio de Oliveira, os Mendes, os Padilha, os Mateus, os Proença e os de Paula Xavier formando, praticamente, uma só família. Casava primo com prima, pois a maioria dos jovens eram aparentados. Não se registrou nenhum caso de anomalia nas descendências, causadas pelo fator RH (consanguinidade).
Prole - Jorge Walter (o Russo) e
Julia da Rocha Walter (Nhá Dona) tiveram 11 filhos (as):
1- Alvina Walter Teixeira, casou com Benjamin C. Teixeira;
2-
Ana Maria Walter Sant'Ana, esposa de Adolfo Pires de Sant'Ana;
3-
Diamiro da Rocha Walter, casado em 1ªs núpcias, com Leocadia de Paula Walter e,
em 2ªs núpcias, com Alcídia de Paula Walter, ambas filhas de Guilherme de Paula
Xavier;
4-
Francisco da Rocha Walter, casou, em 1ªs núpcias, com Filomena Mendes Teixeira
Walter; e em 2ªs núpcias, com Verônica Gonçalves;
5-
Adalberto da Rocha Walter, casado com Ana de Oliveira Walter;
6-
Alcebíades da Rocha Walter, marido de Eulália Bueno Teixeira Walter;
7-
Clara Walter de Araújo, mulher de Olegário Alves de Araújo;
8-
Jorge da Rocha Walter, casado com Idalina Maier Walter;
9-
Generoso da Rocha Walter, casou com Alvina Bassani Walter;
10-
Manoel da Rocha Walter, casado em 1ªs núpcias, com Maria Silvério de Melo
Walter e em 2ªs núpcias, com Graciolina da Rocha Walter;
11-
Floriano da Rocha Walter, casou com Antonina Tavares Walter.
Carlos Alberto Coelho Jr - A
respeito de Jorge Walter, escreveu Coelho Junior – sertanista, agrimensor,
jornalista, fotógrafo, escritor e historiador paranaense, no jornal curitibano O Dia, em 13/12/1950: ”...Jorge Walter desgarrou-se completamente de sua grei,
casando-se com uma brasileira e fazendo-se “fazendeiro”, criador de gados e
tropeiro. Abrasileirou-se, acaboclando-se radicalmente. Assim o encontramos em
Campo Mourão, quando lhe medimos a “posse”.
Tempestade - Foi um distúrbio da natureza, desnorteada em violento tufão, que o localizou onde fez sua sede, casa, mangueiras, roças e pastagens. Pouco antes de chegar ao Campo foi, com a família, tropa e gados, surpreendido por um tenebroso e violento furacão, devastando, pela fúria violenta dos ventos, léguas e léguas da selva virgem. O que o salvou, a família e a tropa, de trágico acontecimento, foi um vale fundo, dum arroio, onde refugiou-se com todos e com tudo. Quando terminou a tormenta, o destemido pioneiro viu-se coberto e sufocado por emaranhado matagal de árvores partidas. Livre da estranha "cadeia", refez-se do pavoroso susto, acalmou os seus, reuniu a tropa e os gados, fez um rancho e um mês depois, seca a galharia, ateou-lhe fogo, que queimou dias e dias e léguas, onde plantou roças e organizou as pastagens. Diante da advertência da natureza revoltada, não prosseguiu viagem como planejara. Ficou ali, onde radicou-se e prosperou. Muito churrasco e chimarrão saboreamos com Jorge Walter, que era um homem inteligente e de uma tenacidade invulgar.”
Francisco Walter, filho de Jorge Walter revelou, em narrativa a Nelson Bittencourt Prado, que numa destas tempestades, na região de Campo Mourão: "junto com meu irmão menor (Alcebíades Walter) e outros companheiros, tivemos que trazer oito cargueiros de feijão, sendo quatro destinados ao fazendeiro (Jorge Walter) e o outro tanto para consumo da comitiva do engenheiro Edmundo Mercer (que abria a picada da Boiadeira). No segundo dia de viajem (no transporte do feijão) o tempo começou a chover torrencialmente e como tinha que passar por três rios em canoas: da Vargem (Várzea), Muquilão e Corumbataí, na volta achavam-se, todos, transbordantes. Passamos o primeiro sem novidade, mas no segundo quase morri, eu e os demais. Como não dava para passar com a canoa simples, fizemos uma espécie de balsa com duas canoas amarradas uma na outra, firmadas com travessões de pau; carregamos cinco cargueiros de feijão e tocamos a balsa (improvisada) rio adentro, com varejão (vara de pau comprida) porém, em dado momento, não se alcançava o fundo do rio com o varejão... a balsa ficou descontrolada, começou rodopiar e a rodar ao mesmo tempo, a uns 60 metros da cachoeira. Com todo esforço possível a um humano, conseguimos encostar a balsa na barranca do rio a alguns passos apenas da cachoeira. Subimos abordando (se agarrando) a barranca do rio até chegar no ponto desejado. Seguiu-se a viagem e, no Rio Formoso, um burro carregado caiu na laje lisa, porém, com um esforço conjunto dos que compunham a comitiva, o animal foi salvo bem como a carga que levava. No mais, a viagem até seu termo, foi tudo bem." Contou Francisco.
Obs: cada cargueiro pesava 120 kg X 8 = 960 kg transportados no lombo de oito muares.
Grileiros - - "Lamentavelmente, todas estas amizades e ligações políticas, não evitaram que os filhos de Jorge Walter e seus descendentes tivessem seus títulos de propriedade contestados judicialmente, nos anos 50 e 60, o que lhes custou anos e anos de desgaste psicológico e físico além, de vultosos gastos financeiros em demandas intermináveis, frutos da cobiça de aventureiros e da má fé do grupo político aboletado no governo estadual. Do dia para a noite, a família Walter e muitos outros pioneiros, de legítimos proprietários passaram a posseiros. Foi o caos imposto pelo governo estadual da época e seus apaniguados.
Tempestade - Foi um distúrbio da natureza, desnorteada em violento tufão, que o localizou onde fez sua sede, casa, mangueiras, roças e pastagens. Pouco antes de chegar ao Campo foi, com a família, tropa e gados, surpreendido por um tenebroso e violento furacão, devastando, pela fúria violenta dos ventos, léguas e léguas da selva virgem. O que o salvou, a família e a tropa, de trágico acontecimento, foi um vale fundo, dum arroio, onde refugiou-se com todos e com tudo. Quando terminou a tormenta, o destemido pioneiro viu-se coberto e sufocado por emaranhado matagal de árvores partidas. Livre da estranha "cadeia", refez-se do pavoroso susto, acalmou os seus, reuniu a tropa e os gados, fez um rancho e um mês depois, seca a galharia, ateou-lhe fogo, que queimou dias e dias e léguas, onde plantou roças e organizou as pastagens. Diante da advertência da natureza revoltada, não prosseguiu viagem como planejara. Ficou ali, onde radicou-se e prosperou. Muito churrasco e chimarrão saboreamos com Jorge Walter, que era um homem inteligente e de uma tenacidade invulgar.”
Francisco Walter, filho de Jorge Walter revelou, em narrativa a Nelson Bittencourt Prado, que numa destas tempestades, na região de Campo Mourão: "junto com meu irmão menor (Alcebíades Walter) e outros companheiros, tivemos que trazer oito cargueiros de feijão, sendo quatro destinados ao fazendeiro (Jorge Walter) e o outro tanto para consumo da comitiva do engenheiro Edmundo Mercer (que abria a picada da Boiadeira). No segundo dia de viajem (no transporte do feijão) o tempo começou a chover torrencialmente e como tinha que passar por três rios em canoas: da Vargem (Várzea), Muquilão e Corumbataí, na volta achavam-se, todos, transbordantes. Passamos o primeiro sem novidade, mas no segundo quase morri, eu e os demais. Como não dava para passar com a canoa simples, fizemos uma espécie de balsa com duas canoas amarradas uma na outra, firmadas com travessões de pau; carregamos cinco cargueiros de feijão e tocamos a balsa (improvisada) rio adentro, com varejão (vara de pau comprida) porém, em dado momento, não se alcançava o fundo do rio com o varejão... a balsa ficou descontrolada, começou rodopiar e a rodar ao mesmo tempo, a uns 60 metros da cachoeira. Com todo esforço possível a um humano, conseguimos encostar a balsa na barranca do rio a alguns passos apenas da cachoeira. Subimos abordando (se agarrando) a barranca do rio até chegar no ponto desejado. Seguiu-se a viagem e, no Rio Formoso, um burro carregado caiu na laje lisa, porém, com um esforço conjunto dos que compunham a comitiva, o animal foi salvo bem como a carga que levava. No mais, a viagem até seu termo, foi tudo bem." Contou Francisco.
Obs: cada cargueiro pesava 120 kg X 8 = 960 kg transportados no lombo de oito muares.
Grileiros - - "Lamentavelmente, todas estas amizades e ligações políticas, não evitaram que os filhos de Jorge Walter e seus descendentes tivessem seus títulos de propriedade contestados judicialmente, nos anos 50 e 60, o que lhes custou anos e anos de desgaste psicológico e físico além, de vultosos gastos financeiros em demandas intermináveis, frutos da cobiça de aventureiros e da má fé do grupo político aboletado no governo estadual. Do dia para a noite, a família Walter e muitos outros pioneiros, de legítimos proprietários passaram a posseiros. Foi o caos imposto pelo governo estadual da época e seus apaniguados.
*Narrativa do amigo José Inglêz da Silva, por ocasião da comemoração dos
60 anos de casamento de Playzan da Rocha Walter
e Otalia Walter. Ele neto dos pioneiros: Jorge Walter e Jozé Luis Pereira.
Campo
Mourão, em 21/12/2014.
Playzan conta e ri muito do primeiro presente de casamento:
Na hora da benção do padre ganhei uma picada de abelha no beiço... inchou tanto que nem consegui beijar a noiva !!
Na hora da benção do padre ganhei uma picada de abelha no beiço... inchou tanto que nem consegui beijar a noiva !!
Transcrito e ilustrado por Wille Bathke Jr, dia 02/04/2017.
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