26/01/2017

Campo Mourão e os Amigos das Onças

 
Caçadores de onça em Campo Mourão - PR

Esta onça matava gado na região do Rio Ranchinho, próximo ao Rio da Várzea e Salto Natal e foi abatida pelo pai de Olivino Custódio (José Custódio Sobrinho) que aparece de camisa xadrez, com a espingarda na mão esquerda, usada nesta caçada.
Segundo narrativa da saudosa  Adelaide Teodoro, essa foi a 53ª onça abatida na região de Campo Mourão, no início dos anos 50. “Meu pai, Joaquim Teodoro de Oliveira, não era caçador  e nem tinha prazer em matar animais silvestres, mas era bom de tiro e cada vez que as onças começavam a matar porcos e gado nas fazendas e sítios vizinhos, os compadres chamavam meu pai e, como ele era gentil e delegado de polícia da época, atendia os pedidos e perseguia a bichana, ajudado pelos cachorros, até encontrá-la e matá-la. 

Coronel - Ele tinha, também, os três melhores cachorros onceiros, mas o Coronel era o chefe da matilha. Eles que procuravam e encurralavam as onças, que se obrigavam – pelo instinto de vida - a subir nas árvores (de medo deles). Então o pai chegava (com uma Winchester/20). Mirava bem no peito, entre as patas dianteiras e atirava. A onça caia, a maioria já morta, e os cachorros a atacavam até que ela parasse de espernear-se. Certa vez, numa destas caçadas, a onça não parava de ir pra lá e pra cá, muito brava em cima da árvore. Assim mesmo o pai atirou, mas ela se virou e a bala, calibre 44, pegou na espinha dorsal dela; caiu no chão... tentava se levantar; se arrastava nas patas traseiras pra se livrar dos dentes dos cachorros: não conseguia mais se equilibrar. Essa, o pai teve que acabar de matar a golpes de facão, pra economizar munição. Disse ele que sentiu demais ter errado o tiro e ficou com muita dó da onça, por causa da maneira cruel como teve que acabar com a vida dela. Desse dia em diante não caçou mais porque – como te disse - não gostava de matar bicho nenhum. Ele sempre respeitou a natureza”, contou orgulhosa do pai gentleman. 

Desarmado - "Quando delegado de polícia, não portava arma nenhuma e se apresentava com elegância, de botas brilhantes e em traje social (camisa branca e calça preta) nas ocorrências e nas prisões dos foras-da-lei daqueles tempos violentos de Campo Mourão. Atendia a região toda entre os rios Piquiri e Ivai, num cavalo bom e bem aperado" descreveu. 

O capetaAo contrário dessa postura de gentleman do seu Joaquim, ele tinha um auxiliar de delegado que só de olhar na cara dele, o bandido já se entregava... mal encarado mesmo... parecia um capeta chupando manga e estava sempre bem armado, até os dentes; aí se fosse preciso ele atirava; matava se o seu Joaquim ordenasse. Era conhecido por Zé Gaúcho, mas, a exemplo de Joaquim Teodoro de Oliveira consta que, também, nunca matou ninguém. 

 
Última caçada de onça em Campo Mourão - PR - 1953

Da esq > dir: José Camilo Pereira Fº, Cesário Rosseti, Joaquim Custódio de Oliveira, José Custódio Sobrinho (pai de Olivino Custódio), Luiz Francisco Lopes, José Camilo Pereira, Joaquim Teodoro de Oliveira, os dois negros à direita eram filhos de Jorge "Preto" Cafurna (ex-escravo) e o cachorro onceiro é o Coronel.

O amigo Olivino brincou ao identificar o carpinteiro Luiz Francisco Lopes, que também fazia caixão pra defunto: "está de cabeça baixa, calculando o tamanho da bicha, pra fazer um caixão pra ela", rindo muito.

Adelaide Teodoro, Tereza Nadolni e Eunice Albuquerque.
saudosas pioneiras de Campo Mourão


(Foto do arquivo do vereador Olivino Custódio).
Abra a foto em 'Nova Janela"  pra ver a imagem no tamanho original.

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