Josephina Wendling Nunes
Foto clássica da pioneira Josefina Wendling, quando solteira,
antes de se fixar em Campo Mourão, onde aportou em 1952.
Dia 21 de Setembro de 1910 nasceu, na fria cidade de Castro-PR, a filha de Izaurina Rocha e de José Bonifácio Wendling, casal oriundo de famílias castrenses pioneiras e tradicionais. José Bonifácio era Coletor Federal, cargo de alto escalão na época. Além de Josephina (Fifi) tiveram mais 10 filhos: Sebastião, Nelson, Jairo, Wilson, Hilton, José (tio Zezé), Ariovaldo, Josauro, Lilina e Niva.
Josephina Wendling e José de Mello Nunes, pioneiros de Campo Mourão-PR
Casamento - Dia 15 de abril de 1942, Josephina Wendling, casou com José de Mello Nunes
(Juquinha), em plena II Guerra Mundial, na igreja matriz, de uma torre só, no
topo da antiga Estrada dos Tropeiros. Ele nasceu, também, em Castro-PR, dia 26
de maio de 1913, filho de Anália de Mello e Fraterno Nunes de Marins e irmão de
quatro filhas do casal: Marianinha, Aparecida, Conceição e Maria. Serviu o
Exército Brasileiro e foi comerciante de secos e molhados, em sua terra natal.
Prole - Fifi e Juquinha tiveram
seis filhos, todos nascidos em Castro-PR: José Tadeu casado com Arlete
Kloster, pais de Marcio Fernando (casado com Maria de Fátima Claro); Cezar
Alexandre (falecido) e José Tadeu Nunes Filho (casado com Rosiliana de Andrade
Aranha); Antônio Fernando (Antoninho coletor) casado com Valdete Sestak,
pais de Antônio Fernando Nunes Junior, Keila Josephina e Adriana. Ana Isaura
casada com Godofredo Antonio de Lima, pais de Andréa, Marcelo Fernando e
Alessandra; Fraterno Maria que teve como consorte Rosimery Kffuri, pais
de Carolina e Carla; Margarida Maria casada com Tarcísio Detoni, pais de
Leandro e Juliano; Conceição Aparecida esposa de Paulo Merlin Ribas,
pais de Sandro, Flávia e Leonardo. Os nomes dados à sua prole comprovam o alto
grau de religiosidade de Josephina Wendling e José de Mello Nunes, católicos
apostólicos romanos, devotos da Sagrada Família: Jesus, Maria, José. Dona Fifi
foi educada em Colégio de Freiras, concluiu os cursos ginasial e científico,
com noções de escrita e prosa em Latim, Francês e Inglês. Por tradição de
família era leitora assídua de livros de vários autores, que era seu passa tempo
preferido e que lia em voz alta aos seus filhos, principalmente à noite no
aconchego do seu lar, onde reinava paz, harmonia e muito carinho.
Torrefação – Em 1952 a família
castrense veio de camionete do amigo e compadre, Ênio Camargo Queiroz, e se fixou
na sonhada e promissora Campo Mourão-PR. Ambos plantaram café em Goioerê, mas a
lavoura não vingou, castigada pela baixa temperatura invernal. Cerca de um mês
depois veio a mudança. Residiram em casa de madeira, alugada de Aldo Casali, na
então Rua Ceará, pouco abaixo do Posto do Cunhado, proximidade do Escritório
Lux, na Rua Harrison José Borges (homenagem ao tabelião de notas, seu Pitico,
que faleceu em acidente de automóvel em companhia de Roberto Brzezinski,
durante campanha eleitoral a prefeito de Campo Mourão). Além da moradia, seu
Juquinha montou a Torrefação e Moagem de Café Planeta no terreiro, com tambores
de latão suspensos na horizontal, com capacidade de 60 a 80 quilos de grãos
cada um, que rodavam com eixos de ferro movidos por polias de madeira e
correias de couro acionadas por um motor elétrico. Os tambores rodavam sob fogo
a lenha, numa espécie de forno, onde torrava os grãos de café, depois moia em
pedras de moinho, empacotava e comercializava o Café Planeta, com ajuda dos
filhos e filhas. Era tudo manual e familiar. O sistema produtivo era mantido
por Alfredo Ferrari e seus filhos, gaúcho de Carazinho-RS, um excelente
profissional tipo ‘faz tudo’.
Água
na boca - O
cheiro gostoso da ‘fumacinha’ branca, que exalava dos grãos de café enquanto
torrava, se espalhava pela pequena cidade que surgia em torno da Praça Getúlio
Vargas e da Igreja Matriz de São José. A ‘febre’ pelo cultivo do café estava no
auge, com abundantes produções da rubiácea em grande parte dos novos municípios
do norte, noroeste e centro-oeste do Paraná. Mas, em Campo Mourão, a cultura
não se deu bem por causa das geadas negras, e começou o ciclo econômico da
madeira, com dezenas de serrarias e derrubadas devastadoras das imensas e
centenárias florestas de pinheiros e madeiras de lei. A densa mata nativa, com
sua rica fauna e flora, foi extinta em cerca de 20 anos. O rico solo devastado,
hoje está transformado em agricultura mecanizada, pouco diversificada, nas mãos
de médios latifundiários.
Confeiteira - Dona Fifi era quituteira,
especialista em lindos e saborosos bolos de aniversário e casamento. Gostava de
ajudar as pessoas carentes que batiam no seu portão em busca de um copo de
água, uma refeição ou uma roupa. Ela se comovia quando via pessoas com
necessidades básicas, principalmente crianças. Era muito amorosa e caridosa
pelos seus princípios cristãos.
Adeus
Juquinha –
Dia 29 de Outubro de 1956, com 43 anos de idade e apenas quatro de Campo
Mourão, José de Mello Nunes sucumbiu ao câncer na boca, que o maltratou por
anos. O corpo foi velado na Loja Maçônica Luz do Oriente à qual pertencia e
ajudou a fundar. Está sepultado no Cemitério Municipal ‘São Judas Tadeu’. O
filho mais velho tinha 12 anos e a caçula, 2. Dona Fifi tentou levar a
torrefação adiante, mas o serviço era muito pesado e acabou vendendo. Sozinha
lutou pela sobrevivência e educação dos filhos. Fazia e vendia bolos e pastéis,
além de peças de tricô. Os filhos começaram a procurar trabalho. José Tadeu com
12 para 13 anos foi empregado na Selaria de Modesto Três e logo em seguida foi
admitido como auxiliar de escritório na Madeireira Trombini, a convite do amigo
da família Ermenegildo Dolci, onde cresceu, evoluiu e chegou a diretor da
empresa, por 28 anos trabalhados.
José de Mello Nunes (Juquinha) era maçon e um dos fundadores da
Loja Maçônica Luz do Oriente de Campo Mourão
Creche
Sagrada Família - Mesmo sem ter condição financeira, Dona Fifi fundou a pioneira
Cresche Sagrada Família, com a finalidade de abrigar e educar crianças de mães
que precisavam trabalhar fora de casa. Conversou com amigas, senhoras da
sociedade e, logo, congregou um grupo de provedoras que a ajudaram na
empreitada, dentre elas: Lady Amaral, Lucila Traple, Áurea Carneiro, Lourdes
Marmontel, Lourdes Pinto Gomes, Amélia de Almeida Hruschka, dentre outras
voluntárias que auxiliavam na realização de festas beneficentes e na
arrecadação de recursos junto a comunidade de maiores posses. As amigas a
elegeram a primeira presidente da entidade cuidadora infantil.
A
primeira sede, improvisada em casa de madeira, era na R. Harrison José Borges X
Av. Afonso Botelho, mais tarde transferida para a sede própria, em confortável
casa de alvenaria, onde situa-se até hoje, na mesma avenida, mas na esquina da
R. Brasil.
Lucila Traple e amigas na Creche Sagrada Família de Campo Mourão-PR
Homenagens
– Na
instalação da creche em sede própria, Dona Fifi recebeu o Título de Senhora do
Ano, conferido por indicação da sociedade mourãoense. Os poderes municipais do
Legislativo e do Executivo aprovaram seu nome, que está gravado em placas de
rua entre os Jardins Laura e Lourdes, e no marco inaugural da Escola Especial
Josephina Wendling Nunes, no pátio da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
– APAE de Campo Mourão-PR.
Natal das Crianças de Campo Mourão
Falecimento – Josephina Wendling Nunes,
despediu-se da família, amizades e de suas obras beneméritas, com 64 anos de
idade, dia 26 de junho de 1974, sepultada ao lado do companheiro José de Mello
Nunes, no Cemitério Municipal São Judas Tadeu, em Campo Mourão-PR.
1965 - Josefina Wendling Nunes (Dona Fifi) no centro, de vestido estampado, fundadora e primeira presidente da Creche Sagrada Família de Campo Mourão, durante visita do prefeito Augustinho Vecchi e sua esposa Samira Simão Vecchi. À esquerda a filha Margarida Maria.
Fraterno, Conceição, Antonio e Ana
Conceição e Ana
Fraterno Maria Nunes
autor da narrativa bem antes do seu passamento
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