POR
QUÊ O NOME CAMPO MOURÃO?
Entre 1524/1632 o vale cercado pelos
rios Ivaí e Piquirí era denominado
“Campos” ou os “Campos de Coaracyberá”.
Nestes Campos
passava um trecho do Peabeyu, uma trilha milenar utilizada pelos nativos e,
posteriormente, pelos exploradores europeus, notadamente espanhóis e
portugueses em busca de riqueza fácil, sem interesse nenhum na terra e nos seus habitantes naturais.
Na década de 1765/1775 governou a província de
Piratininga (São Paulo) e a quarta (depois quinta) comarca de Corityba
(Paraná), o Capitão-Mór português, Dom Luís Antônio de Souza Botelho
Mourão – (4° Morgado da Casa de Mateus) – amigo de confiança do marquês de
Pombal, primeiro ministro do Rei Dom José.
Em 1769, Dom Luís determinou ao seu primo, o então Cel. Affonso Botelho
de Sampaio e Souza, comandante geral da comarca de Corityba, o envio de
expedições militares a fim de garantir o domínio da região dos “Campos” e
recomendou que aos acidentes geográficos fossem dados nomes da família do
Morgado de Mateus com o fito de perpetuar sua memória e conquistas no Brasil.
Nos anos de 1769/1770 duas expedições militares oriundas de Corityba
(Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais) percorreram a região dos “Campos” no Oeste do Paraná. Utilizaram ramais do mesmo Peaberu com a finalidade de
verificar se não havia invasões paraguaias aquém do rio Paraná.
A primeira (fins de
1769), saiu de São José dos Pinhais, comandada pelo capitão Estevam Ribeiro
Bayão. Foi este militar, que deu à região o nome de “Campos do Mourão”,
conforme ordens do governador Dom Luís.
A segunda (início
de 1770) partiu de Corityba, comandada pelo capitão Francisco Lopes da Silva,
que percorreu toda a extensão do Rio Ivaí e localizou as ruínas da Vila Rica do
Espírito Santo (Fênix) na fóz do rio Corumbataí que deságua no Ivaí.
Esta vila espanhola foi fundada em 1570 por Ruy Diaz de
Melgarejo e transferida, em 1575, por Ruy Diaz de Gusman. Em 1632 foi saqueada
e queimada pelos bandeirantes comandados por Antonio Raposo Tavares.
Os expedicionários até tentaram mudar os nomes dos rios
Ivaí (ubha-y) e Corumbataí (corumbatá-y) para Dom Luís e Dom Afonso
respectivamente. Mas, prevalecem até hoje as primitivas denominações
nativas.
Resumo:
Campo Mourão (denominado Campos
do Mourão por Estevam Ribeiro Bayão) homenagem ao Gov. D. Luís Antônio de Souza
Botelho Mourão.
Coaracy – sol... berá –brilhante.
Pê – caminho ...abê –
antigo ...y u – de ir e vir.
Ubá – cana brava... y
– água, rio.
Corumbatá – sapo ... y – rio.
Afonso Botelho de Sampaio e Souza (Avenida Afonso
Botelho, em Campo Mourão). Primo do Gov. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão.
CHEGADA DOS EUROPEUS
A HISTÓRIA CONTA QUE A CHEGADA DOS PRIMEIROS
EUROPEUS AO CONTINENTE AMERICANO ACONTECEU EM 12 DE OUTUBRO DE 1492 (CRISTÓVÃO
COLOMBO) E AO BRASIL EM 22 DE ABRIL 1500 (PEDRO ÁLVARES CABRAL).
NA REALIDADE NÃO DESCOBRIRAM NADA PORQUE AQUI JÁ
EXISTIAM CENTENAS DE NAÇÕES, INCLUSIVE CIVILIZAÇÕES DESENVOLVIDAS (AZTECAS,
MAIAS E INCAS).
AS MAIORES DISPUTAS PELA POSSE DAS RIQUEZAS DO
CONTINENTE SUL AMERICANO DERAM-SE ENTRE ESPANHÓIS E PORTUGUESES QUE, EM O7 DE
JUNHO DE 1494 (PORTANTO ANTES DO TAL DESCOBRIMENTO DO BRASIL) ASSINARAM O TRATADO DE TORDESILHAS.
COM ESTA HIPOTÉTICA PARTILHA O OESTE SUL AMERICANO ERA DOS ESPANHÓIS E O
LESTE (FAIXA LITORÂNEA) DOS PORTUGUESES.
ESTE “ACERTO” FOI RESTABELECIDO COM O TRATADO DE
MADRI (1770) E O DE SANTO ILDEFONSO (1777), MAS NUNCA RESPEITADOS.
OS PORTUGUESES INICIARAM A EXPLORAÇÃO PELA BAHIA DE
TODOS OS SANTOS, SÃO VICENTE, SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO E SE EXPANDIRAM
RAPIDAMENTE, COM OS AVENTUREIROS E BANDEIRANTES FUNDANDO POVOADOS E VILAS, SEMPRE À CAÇA DE ÍNDIOS E RIQUEZAS
FÁCEIS, PELEANDO CONTRA OS NATIVOS E ESPANHÓIS.
ESTES AVANÇOS E O TRATADO DE SANTO ILDEFONSO
ESTABELECERAM OS LIMITES QUE O BRASIL, PRATICAMENTE, TEM ATÉ HOJE.
-OS EXPLORADORES ENCONTRARAM FACILIDADES PARA SEGUIR
BRASIL ADENTRO GUIADOS PELOS ÍNDIOS E UTILIZANDO-SE DO CAMINHO DO PEABERU
(BATIZADO PELOS JESUÍTAS DE “CAMINHO DE SÃO THOMÉ”).
-ESTA VIA CORTAVA O CONTINENTE AMERICANO EM TODOS OS
SENTIDOS.
O TRONCO, QUE PASSAVA POR CAMPO MOURÃO, LIGAVA A COSTA BRASILEIRA, DESDE SÃO VICENTE–SP, PARANAGUÁ E SANTA CATARINA, ATÉ CUSCO E
MACHU PICHU NAS ENCOSTAS DA CORDILHEIRA DOS ANDES, POR TRECHO PRESERVADO, COM CERCA DE 5 MIL
QUILÔMETROS.
A VIA MAIS UTILIZADA TINHA 600 LÉGUAS (1.200 KM)
DESDE CANANEIA/SÃO VICENTE-SP, ATÉ ASSUNÇÃO (PARAGUAI). CORTAVA OS RIOS TIBAGI,
IVAÍ, PIQUIRI E PARANÁ.
O PRIMEIRO TRECHO DO PEABIRU FOI PERCORRIDO ENTRE
1523/1525, POR QUATRO BRANCOS, UM NEGRO E CENTENAS DE ÍNDIOS CARIJÓS CHEFIADOS
PELO PORTUGUÊS ALEIXO GARCIA. O GRUPO DE AVENTUREIROS PARTIU DE SANTA CATARINA E
PASSOU PELA REGIÃO DOS CAMPOS (HOJE CAMPO MOURÃO).
ALEIXO GARCIA CHEGOU BEM PRÓXIMO
A CUSCO (CAPITAL). NOS ASSALTOS PRATICADOS NOS
PRIMEIROS POVOADOS ÍNCAS CONSEGUIU EM TORNO DE 25 QUILOS DE OURO E PRATA, MAS
COM MEDO DAS REPRESÁLIAS DO EXÉRCITO INCA, BATEU EM RETIRADA.
Ornamentos em ouro e prata dos Incas
QUANDO VOLTAVA, JÁ EM TERRITÓRIO PARAGUAIO, O GRUPO
FOI ATACADO POR ÍNDIOS DA TRIBO PAIAGUÁ, PERTO DO RIO MUNDAY, E DENTRE OS
MORTOS FICOU ALEIXO GARCIA. O LOCAL ONDE TOMBOU, PERTO DE SÃO PEDRO, É CONHECIDO POR GARCIA
CORÁ (LUGAR DE GARCIA).
O NEGRO PACHECO, DOIS BRANCOS E DEZENAS DE ÍNDIOS
CONSEGUIRAM ESCAPAR DO MASSACRE COM UM POUCO DE OURO E PRATA.
REGRESSARAM À
SANTA CATARINA PELO MESMO TRECHO DO PEABERU E NA CHEGADA A NOTÍCIA DO “EL
DORADO” SE ESPALHOU DE VEZ E AÍ COMEÇOU A CORRERIA EM BUSCA DAS “MINAS DE PRATA
DE POTOSI” (SANTA CRUZ DE LA SIERRA) E DAS "MONTANHAS DE OURO" (IMPÉRIO INCA).
PASSAGEM DO SEGUNDO HOMEM BRANCO
O primeiro homem branco que passou pela região dos Campos (Campo Mourão) foi o
português Aleixo Garcia, em 1524.
O segundo foi o espanhol, Alvar Nuñes Cabeza de
Vaca, em 1542.
Existe um livro,“Comentários”, no qual o escrivão Pedro Hernández (um dos sobreviventes da expedição de Garcia) narra a viagem de Cabeza de Vaca e seu pequeno exército pelo
Caminho do Peaberu e sua passagem pela região de Campo Mourão.
A princípio os navegadores vindos da Espanha desciam
por Santa Catarina e subiam o Rio da Prata para atingir o porto de Assunção (Paraguai),
sede do governo provincial espanhol.
O relato de Hernández, diz que Cabeza de Vaca, "partiu por terra (SC) no dia 18 de outubro de 1541 e, além do escrivão, vieram
o contador (tesoureiro) Felipe de Cáceres e o piloto (navegador) Antônio
López.
A expedição contava com 250 arcabuzeiros (soldados), 26 cavalos, os
frades franciscanos Bernardo de Armenta
e Alonso Lebrón, além de centenas de índios flecheiros, guias e carregadores. Por onde passava tomava posse da terra em nome da Coroa
Espanhola e, à região por onde passou no Paraná, deu o nome de Província de
Vera, que não vingou.
Em 19 dias atingiu o rio Paraná onde encontrou várias
tribos Guarani (Coronados e Guaráyrus) e manteve contato com os caciques
Añaryry, Cipóyay e Tucãguassú. Estas tribos já cultivavam o milho, a mandioca,
criavam galinhas e patos.
Dia 29 de novembro de 1541 atingiu a aldeia do
cacique Tucãguassú e no dia 1º de dezembro, atravessou a nascente do Yguassú,
na região de Coretyba.
Dia 3 de dezembro chegou ao Tibagiba (Tibagi) onde
descansou na aldeia do cacique Tapapyrassú. Neste ponto dispensou os índios que
o acompanhavam desde Santa Catarina e requisitou outros. Aqui foi encontrado
pelo índio Miguel, que veio de e foi seu guia até Assunção.
Dia 7 de dezembro, conheceu o toldo do cacique
Abangoby, na altura do Rio Tacuary.
Dia 14 de dezembro, atingiu a tribo de Tucãngucyr
(Paralelo 24º 30’) de onde atravessou um grande pinhal repleto de macacos
(cay), aves e porcos do mato (tapyr), segundo relato de Hernández.
Em meados de janeiro de 1542 atravessou o Ubáhy (Rio
Ivai), atravessou a região dos Campos do cacique Coaracyberá (Campo Mourão),
chegou à nascente do Piquiry de onde atingiu as barrancas do Yguassú nos
domínios do cacique Yguatú, “um lugar bastante povoado e rico”, escreveu
Hernández. Foi quando vislumbrou as Cataratas do Iguaçu vista pela primeira vez por europeus.
30 de janeiro de 1542, a expedição de Cabeza de
Vaca cruzou o Rio Paranã (Paraná) e entrou na Província del Paraguay. Enquanto
alguns homens seguiram em canoas pelo Rio Añemby, a maioria seguiu por terra
pelo Peabeyu, até Assunción.", relatou.
O Peaberu foi a rota mais utilizada pelos espanhóis,
portugueses e aventureiros. Tornou-se a via mais curta e segura para quem ia da
costa atlântica até o Rio Paraná/Assunção e litoral do Oceano Pacífico, ou vice-versa.
Wille bathke júnior –
19/05/2001
programa anísio dos santos morais – rádio colmeia.
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