Lama e trigo - "Em março de 1958, Ladislau Sikorski quando prefeito de Goioerê, me convidou a estebelecer meu consultório de dentista, lá... imagine você aquele fim de mundo!
Eu acostumado com o conforto e as facilidades da vida em Curitiba e União da Vitória -onde nasci- fui me enfiar em Goioerê.
Te confesso que comi o pão que o diabo amassou. Mas eu tinha uma ambição: ganhar dinheiro profissionalmente, dar conforto à minha família e atender bem minha clientela.
Antes de vir eu sabia das dificuldades que existiam na região de Campo Mourão... da sujeira da terra vermelha... das estradas ruins e precárias.. dos poucos recursos de sobrevivência. Por isso, no começo, vim sozinho, sem a família. Me aventurei por onde não conhecia e não sabia. Peguei um avião e meu destino era Goioerê.
Bonitinho - "Chovia muito quando aportei no Campo. Acostumado em Curitiba estava eu, na fatiota (bonito), de terno e gravata. Afinal eu era um doutor, né?? -Mas, nem te conto rapaz!!... Imagine a cena: eu de sapato lustrado e traje social, na chuva e no barro.. andava e atolava até o tornozelo... mas, veio o pior: procurei um ônbus pra Goioerê e não tinha... quando chovia os ônibus nem saiam da garagem... parava tudo, até o tempo melhorar.
Eu vim só com uma malinha de roupa na mão e uma máquina de escrever portátil com estojo, debaixo do braço... procurei um meio de ir a Goioerê... eu tinha pressa, pois a grana estava curta!"
Carona - "Encontrei um motorista de caminhão. Contei minha história e ele me ofereceu carona. Fui em cima da carroceria, porque eles viajavam em dois na cabine.O caminhão estava carregado de trigo e eu exposto em cima da sacaria... me sujei.. fiquei melecado de farinha de trigo.. chovia sem parar.
Fiquei imundo de barro por baixo e de farinha de trigo por cima... parecia um bife à milanesa."
Jesus - "Lembro bem que de Campo Mourão até Goioerê, só tinha um ponto de parada na beira da estradinha de terra (BR-272). O resto era deserto, sem viva alma. Quem viajava, parava ali pra fazer as necessidades, passar uma água no rosto e comer alguma coisa, tipo pão com mortadela.
Era a famosa Venda do Jesus - entre Pinhalão (Farol) e Pinhalzinho (Janióplois). Diziam que quem conseguisse chegar até o Jesus, estava salvo na viagem... era uma piada da epoca isso aí, justamente por causa das dificuldades.
Depois de um dia chegamos a Goioerê, mas não deu. Era difícil. Foi então que o Osvaldo Wronski ajudou a me estabelcer em Campo Mourão, na Indio Bandeira, entre o sobrado da Farmácia América e o Edifio Alvorada, propiedades dele." concluiu Álvaro Gomes
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