15/04/2011

Goioerê Quase Foi Jaracatiá...

Brasão e Bandeira de Goioerê


1949 Carlos Scarpari, fazendeiro em Lins - SP, seu irmão mais velho, Francisco Scarpari, e, seu sobrinho Wladimir Antonio Neves Scarpari requereram a concessão de uma gleba devoluta no Oeste do Paraná para plantar café no recém criado municipio de Campo Mourão, que lhes foi concedida em 1950, com 1200 alqueires, na gleba 12. da primeira parte da Colônia Goioerê, que só existia no mapa.
Carlos Scarpari começou a preparar a ocupação das terras. Por intermédio de Pedro Parigot de Souza, Prefeito de Campo Mourão foi comunicado por Carlos Scarpari, e à vista dos documentos o primeiro prefeito mourãoende determinou ao agrimensor Ladislau Trausinski, a demarcação do lote.


Pedro Parigot e Francisco Ferreira Albuquerque deram todo apoio a iniciativa de Carlos Scarpari, e indicaram Marins Belo para assegurar a posse das terras.
Com fama de valente e, até truculento na opinião de alguns, Marins Belo era na realidade um homem destemido, ambicioso e leal aos amigos, mas que gostava de alardear, sem nenhuma modéstia, as suas façanhas no Sertão de Goioerê.


O primeiro rancho feito de tronco rachado e folhas de palmiteiros surgiu na beira do riacho Água Bela onde tudo começou com derrubadas da densa mata, formação de roças, preparo do solo e o plantio das primeiras sementes de café. Por ali logo se formou um acampamento e ponto de descanso dos pioneiros. Os engenheiros responsáveis pelas medições: Ladislau Trausinski e  José Geraldo de Souza usavam o acampamento como ponto de reunião e decidir a continuação dos trabalhos.

Carlos Scarpari anotava tudo e comunicava seus parentes e sócios. Anotou que dia 23 de novembro de 1950, às 9 horas, nas presenças de trabalhadores contratados, de Marins Belo, Marinho Tavares, Joaquim Fuentes, Romero Munis, Genecy Ribeiro, Antonio Teixeira Júnior e Ricardo Moreno, plantou a primeira semente de café. E os grandes cafezais surgiram na região.


Com as benfeitorias certificadas pela Inspetoria de Terras, exigência numero 1 do governo do Paraná, foi consumada a posse, de direito, da Fazenda Scarpari, na Gleba 12, berço de Goioerê. Os grileiros, picaretas vinham de toda parte, geralmente escorados por politiqueiros, conseguiam autorizações afim de se apossarem da mesma terra onde já existiam donos, e com seus jagunços tentavam façanhas pela 'lei do medo'. Assim é que ás vezes conseguiam que os posseiros inocentes deixassem o lugar.

Nesse período - 1950/1960 - em todo o território mourãoense ocorreram centenas de mortes violentas nas lutas entre jagunços e posseiros de terra. Em Goioerê foi a mesma coisa. O acampamento  da Água Bela chegou a ser 'visitado' e ameçado por grileiros acompanhados de agrimensores e dezenas de braçais armados, que exigiam quinhões da Gleba 12 da Colônia Goioerê. A reação de Carlos Scarpari, diante da ameaça, foi imediata. Armou seus homens, com Marins Belo a frente, que não permitiram os invasores transpor o riacho Água Bela.

Cientes do perigo e evitar matanças, o prefeito Pedro Parigot de Souza Filho e o interessado Wlaidimir Scarpari comunicaram as autoridades em Curitiba. A Polícia Militar de Campo Mourão recebeu ordens do Departamento de Terras do Estado, com a determinação de acabar com os conflitos. O invasores foram deslocados assentados em outra área distante da Colônia Goioerê, sem encarar os policiais. Esse caso foi resolvido na paz do diálogo.

 Com a notícia da boa terra propícia ao plantio de cafezais na Fazenda Scarpari, espalhada pelo seu Carlos, vários outros paulistas vieram conhecer a região em busca de terra. Nessa leva chegaram os pioneiros: Otávio Batista Pereira, Ranulfo Quintino, Antonio Moulin, João de Oliveira Dias, Marinho Tavares, Piza de Toledo, Paulo Novak, dentre outros.


No final de 1951, a sede da Fazenda Scarpari edificou uma casa modesta, mas confortável, a primeira construída em Goioerê. A medida que o patrimônio cescia e a popualção aumentava começou o traçado da futura cidade de Goioerê, com o abertura das primeiras ruas. Dos 1200 alqueires da Fazenda Scarpari, 150 ao quadro urbano idade , 500 às sub-divisões das fazendas e 550 alqueires foram vendidos em porções de 5 a 10 alqueires a pequenos agricultores.

Dia 29 de novembro de 1951 foi estampado no Diário Oficial do Estado o Edital de registro da planta do Patrimônio Goioerê, propriedade da Sociedade Imobiliária do Oeste Paulista, da qual eram sócios Carlos Francisco e Wladimir Scarpari, os quais, em seguida registraram a Sociedade Imobiliária Terraplanagem Goioerê somando-se nesta o sócio pioneiro, Mansueto Serafini.


No início de 1952 iniciaram a terraplenagem das ruas, que começou com o  primeiro trecho onde está o Posto Esso. Logo de início foram eleitos os nomes das vias públicas, dentres eles o do pioneiro agrimensor Landislau Trausinsk falecido depois de demarcar as linhas-mestras da Gleba 12. A avenida principal foi denominada Moysés Lupion, tributo ao governador emancipador do muncípio sede, Campo Mourão.

Av Moysés Lupion. no início

A primeira 'rede' de energia elétrica era sustentada por gerador a gasolina e só fornecia iluminação na avenida Moysés Lupion, das 20 às 24:00 horas. O primeiro estabelicimento comercial, foi a Casa Castilho. A primeira indústria de madeiras era Serraria Schimidt, de Henrique Schimidt. A primeira olaria foi dirigida por José das Dores (o Dedé). Ao mesmo tempo surgiam em Goioerê, as casas da primeira escola primária, da Delegacia de Polícia e do Novo Hotel.

Casa Castillho e Serraria Schimidt


Em 1953 foi criado o distrito administrativo de Goioerê - município de Campo Mourão, e instalado o primeiro cartório com o escrivão Luiz Gonçalves Pereira, sucedido pelos irmãos Mauro e Koiti Mori. Mauro foi o primeiro titular desse Tabelionato. O primeiro partido político em Goioerê foi o PTB com Dário Moreira Castilho à frente, enquanto que Francisco Scarpari fundou o PSD do governador Moysés Wille Lupion de Tróia.

As estradas eram precárias. Do  Estado não vinha nada. O prefeito Daniel Portela fazia esforços para manter o bom trânsito entre Campo Mourão e Goioerê, mas não dispunha de muitas condições pois o muncipio que administrava também estava no nascer da sua evoluçaõ e era imenso para ser bem atendido.


A emancipação de Goioerê foi ameaçada por Jaracatiá, uma colônia com cerca de 45 casas na fazenda de Adão de Almeida, administrada por João Lavadeira, político bem relacionado com deputados em Curitiba. Lavadeira chegou a convencer um grupo de parlamentares no sentido que Jaracatiá  fosse sede do município e Goioerê distrito. Informados sobre o movimento, Wladimir e Francisco Scarpari fretaram um avião e fizeram fotos das duas localidades. As imagens foram levadas a Curitiba e foram decisivas no convencimento dos dos parlamentares da Assembléia Legislativa do Paraná, que apovaram a Lei promulgada pelo governador que instituiu o Município de Goioerê, conforme Órgão Oficial do Estado do Paraná, publicado dia 10 de agosto de 1955. A primeira eleição foi de candidato único: Francisco Scarpari eleito pela coligação PTB/PSD.


Primeiro prefeito, Fracisco Scarpari

Que tomou posse na primeira Prefeitura goioerense.

Desde então Goioerê não mais parou de crescer. Com fim da era do café pelas geadas e demora na produção, as fazendas estão ocupadas por grandes plantações de soja e média pecuária. O Município está bem servido de rodovias pavimentadas, e muito diferente do início enfrentado, com bravura, pelos seus pioneiros.


Matriz e vista aérea de Goioerê

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