1949 – Filho de Germano Francisco Rodolfo Bathke e Idalina
Ferreira Albuquerque Bathke, viúvo de Maria Conceição Vera Bathke, pai de
quatro filhos e três filhas: Santina, Glauco, Rubens, Wille, Vilma, Roseli e Fernando,
Ville Bathke (39 anos) veio de Curitiba ao emancipado e inóspito
município, sede de comarca recém criada, Campo Mourão - PR, a fim de participar de concurso
de Escrivão da Polícia Civil ou da Escrivania do Crime, a convite do seu tio e
pioneiro líder local, Francisco Ferreira Albuquerque (Tio Chico irmão de
Idalina).
Cerca de cinco candidatos (Arthur Moreira de Castilho,
João Pacheco Gomes, Roget Dellatre, Roberto Brzezinski, Adalbrair Albuquerque
(com quem estava a guarda dos livros do cartório) e outros participaram, inclusive o Gaudério analfabeto de lenço vermelho no pescoço que foi glosado pelo Juiz da Comarca de Guarapuava, anos antes. Lembra do Escrivão Analfabeto? Pois é esse mesmo.
1950 - Realizadas as provas conjuntas de admissão, Ville Bathke foi
aprovado em primeiro lugar, assumiu e logo em seguida trouxe seus pais e filhos de Curitiba, que
passaram a residir, desde então, em Campo Mourão a partir de novembro, época das pitangas, jabuticabas, cerejas e
gabirobas maduras.
1965 - Ville Bathke vítima da ditadura militar, absolvido por 7 x 0 e aposentado por sua opção, deixou o cargo após 15 anos e assumiu seu lugar o segundo colocado João Pacheco Gomes (Pachequinho), sucedido por Ana Maria
Coledan. Tanto o retrato de Ville
Bathke como o de João Pacheco Gomes estão fixados na parede à esquerda da porta
de entrada do Cartório Coledan, na Av. Manoel Mendes de Camargo, entre as ruas
São Paulo e Mato Grosso.
Primeiro susto
Certa feita meu irmão Rubens e eu queríamos ver os
primeiros termos lavrados em livros oficiais próprios, pelo nosso pai, homem de letras e assinatura muito bonitas, tipo caligrafia.
Chegamos ao balcão e perguntei:
- Moça, a Ana Maria está?
- Está! Quem gostaria?
- Diga à ela que é o Wille Bathke !
A moça arregalou os olhos, me olhou fixamente, mirou a foto na parede, rodopiou e
correu para dentro de uma sala ampla, visivelmente apavorada, igual o diabo foge da cruz.
Em seguida apareceu a Ana Maria com aquele sorrisão e a
funcionária atrás dela toda encolhida, apertando as mãos na altura do peito. Me olhando ressabiada... Olhos arregalados, ainda.
A Ana, rindo disse à ela:
Esse não é seu Ville, boba. Esse é o 'Vilinho’, filho dele!
E rimos muito da cena. Em seguida, Ana nos atendeu gentilmente, nos mostrou e fotocopiou o que garimpávamos.
Esse não é seu Ville, boba. Esse é o 'Vilinho’, filho dele!
E rimos muito da cena. Em seguida, Ana nos atendeu gentilmente, nos mostrou e fotocopiou o que garimpávamos.
Segundo susto
Numa bela tarde estava eu comprando violetas e orquídeas
no Mercadão Municipal e ali chegou uma senhora admirando as delicadas florzinhas. Pedi à
ela que me ajudasse a escolher as cores. Auxiliou e, por sinal, tem bom gosto. Perguntei se ela também ia comprar?
Respondeu que não
porque não podia gastar além da passagem do ônibus-circular. Então dei uma de
presente à ela, que a própria escolheu, toda contente.
No balcão da loja, fui pagar, ela ao meu lado, lhe
perguntei:
- Qual seu nome e onde a senhora mora?
- É Madalena, moro no Santa Cruz. E o senhor?
- O Senhor está no céu...(rindo)
Mas meu nome é Wille Bathke Jr. e moro no Flórida!
- O Senhor está no céu...(rindo)
Mas meu nome é Wille Bathke Jr. e moro no Flórida!
Dona Madalena afastou uns passos, de costas - é morena, ficou quase
branca - me olhou de cima em baixo, levou a mão direita no peito sobre o
coração, apertou e me perguntou meio gaguejante:
- Então o senhor voltou depois de 30 anos ??
- Então o senhor voltou depois de 30 anos ??
A principio não entendi nada e ela acrescentou.
- Lembra que minha mãe comprou um terreno seu, lá no Jardim Santa Cruz e pagou direitinho? A gente mora lá até hoje... E tremia... Parecia que ia ter um treco.
Eu falei que tivesse calma e expliquei que sou filho do falecido Ville e tenho o mesmo nome dele, com W, e assino Junior.
- Aí meu Deus. Então o senhor é irmão da Roseli, minha vizinha? Quase mi mata de susto homi de Deus!
Paguei as flores, ela agradeceu, trêmula, com o vasinho na mão. Conversamos mais um pouco até quase se acalmar. Na saída do Mercadão convidou-me para tomar um café em sua casa e conhecer sua família.
- Quando der, vou sim. A Roseli vai comigo. Ela sabe onde a senhora mora, né?!
- Sim senhor. Então tchau... Feliz Natal e Ano Novo !!
- Amém, à senhora também. Tudibão!
-Esqueceu-se que a Senhora está no céu, seu Ville ?!
Como quem diz: 'me vinguei', foi-se rindo em direção ao Terminal da Praça Getulio Vargas.
A hora que caiu a ficha, ri também... Ela continuou me debochando... chamando de Ville. Não creu que sou filho dele.
- Lembra que minha mãe comprou um terreno seu, lá no Jardim Santa Cruz e pagou direitinho? A gente mora lá até hoje... E tremia... Parecia que ia ter um treco.
Eu falei que tivesse calma e expliquei que sou filho do falecido Ville e tenho o mesmo nome dele, com W, e assino Junior.
- Aí meu Deus. Então o senhor é irmão da Roseli, minha vizinha? Quase mi mata de susto homi de Deus!
Paguei as flores, ela agradeceu, trêmula, com o vasinho na mão. Conversamos mais um pouco até quase se acalmar. Na saída do Mercadão convidou-me para tomar um café em sua casa e conhecer sua família.
- Quando der, vou sim. A Roseli vai comigo. Ela sabe onde a senhora mora, né?!
- Sim senhor. Então tchau... Feliz Natal e Ano Novo !!
- Amém, à senhora também. Tudibão!
-Esqueceu-se que a Senhora está no céu, seu Ville ?!
Como quem diz: 'me vinguei', foi-se rindo em direção ao Terminal da Praça Getulio Vargas.
A hora que caiu a ficha, ri também... Ela continuou me debochando... chamando de Ville. Não creu que sou filho dele.
-o-
Nenhum comentário:
Postar um comentário