Nasceu dia 15 de novembro
de 1921, na cidade de Brejo do Cruz/PB. Casou com a também advogada, Maria do Céu Dutra de
Almeida e tiveram um casal de filhos: Josemar e Rhéa.
Dr. Dutra aportou em Campo Mourão em 1954, após sua nomeação como Promotor
Público da jovem Comarca mourãoense que abrangia toda a microrregião do Vale do
Piquiri/Ivaí.
Pela primeira vez atuou como defensor da sociedade no júri inaugural da Comarca de Cascavel, realizado em 1954.
Em Campo Mourão, getulista fanático, fruto da revolução. Polêmico e
extrovertido, além de sarrista e brincalhão, onde encontrava um grupo de pessoas, nas ruas, nos bares, no
clube, fazia seus discursos enaltecendo o PTB, o caudilho Getulio Vargas e se declarava defensor público dos
trabalhadores que a ele recorriam a cada conflito entre patrões e
empregados.
Nos juris era eloquente e combinava palavras com gestos das mãos e trejeitos faciais, com precisão, mas não dispensava uma cachacinha que levava, disfarçadamente, em um frasco de Lambedor (medicinal) e, a todo momento, enquanto aguardava usar da palavra, dava uma saidinha rápida e chupava um golinho da água que passarinho não bebe. A garrafinha ele a 'escondia' atrás do balcão do cartório do crime, anexo a sala de juri e falava ao seu Ville Bathke (escrivão): 'não vai me dedar hein !!'
Muita gente ia ao antigo casarão do Fórum assistir juris só pra ver e ouvir Dr. Dutra togado e falar bonito, a exemplo de Dr. Nelson Bittencourt Prado que também era um causídico por excelência e foi o primeiro advogado a estabelecer banca em Campo Mourão.
Nos juris era eloquente e combinava palavras com gestos das mãos e trejeitos faciais, com precisão, mas não dispensava uma cachacinha que levava, disfarçadamente, em um frasco de Lambedor (medicinal) e, a todo momento, enquanto aguardava usar da palavra, dava uma saidinha rápida e chupava um golinho da água que passarinho não bebe. A garrafinha ele a 'escondia' atrás do balcão do cartório do crime, anexo a sala de juri e falava ao seu Ville Bathke (escrivão): 'não vai me dedar hein !!'
Muita gente ia ao antigo casarão do Fórum assistir juris só pra ver e ouvir Dr. Dutra togado e falar bonito, a exemplo de Dr. Nelson Bittencourt Prado que também era um causídico por excelência e foi o primeiro advogado a estabelecer banca em Campo Mourão.
Gráfica própria do Dr. Dutra na Índio Bandeira
entre o Bar Aparecida e a Farmácia Santo Antonio
Com a finalidade de difundir suas idéias e alardear seus ideais,
fundou, dirigiu e foi editor dos semanários:
"A Verdade" – órgão oficial do PTB, como ele dizia - e o
"Piquirivaí" que circularam entre 1956 e 1960. O semanário ‘A VERDADE’ estava voltado aos interesses políticos
do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro e deixou marcas indeléveis no jornalismo mourãoense, com ataques
pesados contra os adversários e as lutas político-partidárias defendidas por
ele. Não sem as dificuldades, inclusive técnicas do seu tempo, conseguiu ter gráfica própria, na Av. Índio Bandeira, ao lado do antigo e famoso Bar Aparecida onde, Dutra, fez muitos discursos inflamados. Era bar e refeitório, parada obrigatória de centenas de motoristas de caminhão que transportavam as riquezas da região, principalmente madeiras, diuturnamente.
José Dutra de Almeida Lira combateu energicamente a Copel pela
má qualidade dos serviços ofertados e altos valores pecuniários cobrados dos
consumidores mourãoenses, já naquela época.
Por causa de seus ataques e polêmicas ferinas, diversas vezes foram 'jurados' de morte, ele e sua mulher, a Dra. do Céu, que também era diplomada em Direito. Inicialmente, o casal
morou em casa de madeira perto do Hotel Paraná, na Francisco Albuquerque, ao lado do senhor Apolinário
Gorski, a meia quadra do Fórum.
Guarda-costa míope
Nunca dispensou um guarda costa. Era o Zé Cearense preso e condenado
por crime de assassinato, que ele custodiava. Esse Zé estava sempre armado, seus dois olhos na cara morena
eram sem órbita, saltados para fora por causa da miopia... falavam que tinha 'olhos bicudos', daí o defeito. Mas era bom de tiro e quieto.
Dr. Dutra era bom na fala e seu Zé bom na bala.
Diziam que por causa da sua vesguice ele enxergava três e para matar ele atirava no do meio. Não errava um.
Ficava quase o dia todo na área a vigiar a casa e à tardinha gostava de jogar futebol (correr atrás da bola), de calça e bota, no meio da molecada que o escalava, na praça em frente da Igreja de São José, a meia quadra de onde morava. Se não o escalassem, xingava o dono e ameaçava dar um tiro na bola dele.
De madrugada, quando cessava o movimento na zona de baixo meretrício (zbm), seu Zé descia no meio da escuridão, nem que chovesse canivete, até o casarão da Boite Sorriso, da dona Lucrécia, no final da então famosa Rua Santa Catarina, proximidades da Travessa Guaíra (Perimetral Tancredo Neves), onde tinha e dormia com uma amante - tipo gigolô - e no final de meses a trouxe para casa e viveram bem, maritalmente. União feliz do velho Fera Zé com a Bela Marlene bonita e nova. Ele já era quarentão. Nordestino típico da pele morena e surrada e ela uma linda curitibana, branquela, uma genuína flor serrana. A família - ela não escondia - morava na Rua Tibagi, perto da Padaria Aurora, o melhor pão d'água e sovado, de Curitiba.
Dr. Dutra era bom na fala e seu Zé bom na bala.
Diziam que por causa da sua vesguice ele enxergava três e para matar ele atirava no do meio. Não errava um.
Ficava quase o dia todo na área a vigiar a casa e à tardinha gostava de jogar futebol (correr atrás da bola), de calça e bota, no meio da molecada que o escalava, na praça em frente da Igreja de São José, a meia quadra de onde morava. Se não o escalassem, xingava o dono e ameaçava dar um tiro na bola dele.
De madrugada, quando cessava o movimento na zona de baixo meretrício (zbm), seu Zé descia no meio da escuridão, nem que chovesse canivete, até o casarão da Boite Sorriso, da dona Lucrécia, no final da então famosa Rua Santa Catarina, proximidades da Travessa Guaíra (Perimetral Tancredo Neves), onde tinha e dormia com uma amante - tipo gigolô - e no final de meses a trouxe para casa e viveram bem, maritalmente. União feliz do velho Fera Zé com a Bela Marlene bonita e nova. Ele já era quarentão. Nordestino típico da pele morena e surrada e ela uma linda curitibana, branquela, uma genuína flor serrana. A família - ela não escondia - morava na Rua Tibagi, perto da Padaria Aurora, o melhor pão d'água e sovado, de Curitiba.
Antonio Franco (coletor), prefeito Antonio Teodoro,
vereador Dutra (??) e Dr Farah, em Brasilia
Dutra ameaçado
Depois do suicídio de Getulio Vargas, Dutra, por conta da sua ferrenha luta contra as
mazelas do governo sucessório, lhe valeu uma ‘ficha’ de suspeito comunista e agitador, junto ao DOPS - Delegacia de Ordem Política e Social - com sede em Curitiba. Estava na lista negra dos Federais.
Eleito Vereador em 1959, com 685 votos, pelo PTB, fez parte da 4a
Legislatura da Câmara Municipal de Campo Mourão, cargo que exerceu por completo
até o dia 4 dezembro de 1963.
Foi candidato a deputado estadual, mas ficou na suplência da
Assembléia Legislativa do Paraná.
Animado, era folião inveterado dos carnavais de rua e dos bailes no salão
do Clube Social e Recreativo 10 de Outubro, do qual era sócio fundador.
Gostava de assistir e acompanhar resultados esportivos pelo rádio, especialmente do futebol. Era torcedor do Vasco e do Palmeiras que disputavam a primazia do Campeonato Rio/São Paulo, e fã de Fiori Gigliotti e Pedro Luiz, narrador e comentarista, por excelência, da Rádio Bandeirantes.
Gostava de assistir e acompanhar resultados esportivos pelo rádio, especialmente do futebol. Era torcedor do Vasco e do Palmeiras que disputavam a primazia do Campeonato Rio/São Paulo, e fã de Fiori Gigliotti e Pedro Luiz, narrador e comentarista, por excelência, da Rádio Bandeirantes.
Com o advento do Regime Militar em 1964, não tinha mais clima em Campo Mourão, perseguido pelo capitão Neudo e seus milicos, desfez-se do patrimônio que tinha e transferiu sua residência para Monteiro/PB. Escapou, por pouco, de ser preso ou morto. 'Ralei o peito na hora', disse, "mas em Campo Mourão eu era feliz igual pinto no lixo. Tinha fartura".
Anos depois se mudou para Natal/RN; em seguida foi até Macau/RN onde se estabeleceu com banca de advocacia especializada em Direito
Trabalhista, mais precisamente em apoio e defesa dos trabalhadores das salinas e poços de petróleo potiguares.
Alfeu, capítulo à parte
Alfeu, capítulo à parte
Quando Alfeu Teodoro executou um 'picareta' de
terra, apaniguado do deputado Anibal Curi, que vinha lhe extorquindo altas somas de dinheiro a fim de legalizar seus
imóveis rurais, o dito cujo só enrolava, era debochado e pedia cada vez mais. Pediu e levou três tiros, vítima da sua ganância.
Dr. Dutra protegeu Alfeu e evitou o amigo que fosse preso. O acoitou em Serra Negra/RN. Apresentou o mourãoense às lideranças, às amizades locais e pediu apoio ao foragido que Dutra jurava ser inocente e que agiu em defesa de sua honra e seu patrimônio, "pois sempre foi um homem de caráter e palavra".
Contam que o povo de Serra Negra não tolerava bandidos e certa
feita escorraçaram Lampião e seu bando quando tentaram saquear o lugar e ali
montar acampamento. Houve um tiroteio feroz e Lampião deu ordens de retirada e nunca mais por ali foi visto.
Serra Negra/RN
Mão forte - Mas eles não viam Alfeu desse modo e, sim, vítima de política e estelionato. Arrumaram-lhe duas
residências para o caso da polícia aparecer. Se a melícia fosse a um endereço, Alfeu ia ao outro e vice-versa. Porém nunca precisou se esconder em Serra Negra onde ficou benquisto e conhecido como o Homem da Mão de Ferro por causa do aperto de mão que ele dava igual um torniquete e, por ali, circulava livremente. Quem sabia, cumprimentava seu Alfeu à distância, com um aceno. Fugiam do aperto de mão mais forte de Campo Mourão.
Mão de pau - Só teve uma pessoa que não fugia. O famoso piloto e cartorário em Janiópolis, Odair da Rosa Lima, o Tico-tico. Ele mandou esculpir uma mão de madeira. Quando se aproximava de Alfeu, seu amigo, Odair lhe estendia a mão de pau e davam muitas risadas.
1952 - As primas Adalbrair e Aninha na Rua XV de Curitiba
Esposa precavida
Enquanto Alfeu permaneceu por lá, por cá a sua fiel e dedicada esposa, Anita (Aninha) Albuquerque, filha de Olímpio Ferreira Albuquerque (irmão de Francisco Albuquerque), cuidava exemplarmente dos negócios do marido, da peonada e, principalmente, do grande criame de gado vacum que ocupava a principal e extensa fazenda em Pinhalzinho (Janiópolis/PR). Das vendas, parte do dinheiro mandava ao esposo para suprir suas necessidades e se manter bem cuidado. Além dos negócios, Aninha era extremamente dedicada à família, especialmente aos filhos e filhas.
Ela sempre levava na bolsa um revólver Smith Wesson, calibre 38, carregado, 6
balas dum-dum (explodiam e estilhaçavam quando acertavam o alvo). Certo dia alguém viu e lhe perguntou porque andava armada com aquele baita revolvão na bolsa.
'Simples – ela respondeu – Vai que o Alfeu precise!'
Alfeu foi vereador por Campo Mourão e três vezes prefeito de Janiópolis. O dinheiro que lhe cabia pela função de chefe do poder executivo, doava às entidades assistenciais dedicadas às crianças e idosos.
Fez parte da 3ª Legislatura da Câmara Municipal de Campo Mourão (1955/59). Eleito suplente pelo PSD, logo assumiu em definitivo, ao lado de: Antonio Marques de Oliveira, Alcides Ferreira, Arino Borges, Ivo Mario Trombini, João Otales Mendes, Joaquim Teodoro de Oliveira, Januário Pinheiro, Nelson Bittencourt Prado, Paulo Vinício Fortes e Reinaldo Silva, não remunerados. Neste quatriênio foram prefeitos: Roberto Brzezinski (1955/56), Paulo Vinício Fortes (assumiu na qualidade de presidente da Câmara em virtude do falecimento de Roberto Brzezinski) e Antonio Teodoro de Oliveira eleito (em uma semana de campanha) pelo voto popular. Seu Antoninho (marido de Zuleika), conhecido assim, era irmão dos vereadores Alfeu Teodoro de Oliveira e Joaquim Teodoro de Oliveira que também foi prefeito com mandato tampão, na primeira legislatura mourãoense, visto que Pedro Viriato, primeiro prefeito eleito, renunciou para ser Secretário de Estado, a convite do governador Lupion.
Vista parcial de Janiópolis - PR
Morte precoce - O casal faleceu em 29 de maio de 1993, quando o carro capotou em uma curva da BR-272 - trecho Campo Mourão/Janiópolis. Retornavam à sua casa, de madrugada, após participar do tradicional baile: ‘Queijos
e Vinhos’ realizado no Clube 10 de Outubro, em Campo Mourão, sua terra natal.
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