18/04/2018

O Tico Tico de Campo Mourão


 

Renato Javorski Tico-Tico de Oliveira
de Campo Mourão

O mais famoso repórter policial revelado em Campo Mourão pelo Jornal do Meio Dia, da pioneira Rádio Colmeia,  não foi radialista de boa cepa por acaso. A comunicação, desde jovem, era sua paixão e ajudar pessoas carentes sempre foi a sua vocação, principalmente as crianças.
 
Dona Maria Javorski de OLiveira mãe de Renato - o Ticotico

Quem era -Filho de Antonio Muller Javorski e de Maria Javorski de Oliveira. Renato tem 3 irmãos e 1 irmã: Wellington, João Luiz, Carlos, Quito e Ana Maria (Zizi) (também radialista e pintora).

Em Pitanga seu Antoninho era Oficial de Justiça e membro da Justiça Eleitoral. Era de baixa estatura o que lhe valeu o apelido de Baixinho que, por sinal,  ele odiava quem o chamava assim e até brigava.
“Tinha um cara lá, grandão, dava quase dois do meu pai, fosse onde fosse só o chamava de Baixinho pra fazer pirraça e ver ele bravo até que um dia, o grandão chegou, abraçou meu pai e gritou ‘esse é nosso Baixinho’e dava tapinhas na cabeça dele... papai enfezou e desferiu uma facada na barriga do 'chato' que abriu um berreiro, mas não morreu. 
Com certeza, para evitar topar com o gozador, papai decidiu mudar de cidade. Muitos anos depois ambos se encontraram e se tornaram amigos, mas nunca mais o grandão chamou meu pai de Baixinho", (rindo).

1956 - "Papai gostava muito daqui e nós também. Foi quando decidiu morar em Campo Mourão onde trabalhou toda sua vida como pintor de paredes e ensinou a profissão aos filhos, inclusive eu, que sou pintora (profissional) de paredes, desde mocinha. O Renato – que inclusive trabalhou em Curitiba - e o Wellington aqui, também se revelaram excelentes profissionais na arte de pintar. 
O Renato virou o Ticotico e se deu superbem no rádio. O Wellington continua na profissão. Eu sempre gostei da comunicação e trabalhei na Rádio Colmeia por muitos anos" contou Ana Maria, a Ziza.
Renato Javorski de Campo Mourão
militar em Curitiba

Renato Javorski – foi soldado do exército na capital, acantonado no quartel do 5º Regimento de Cavalaria, onde hoje está o Shopping Curitiba desde 1996. 


"Quando deu baixa do serviço militar, como reservista de 1ª categoria, permaneceu um tempo em Curitiba trabalhando com pinturas em casas e prédios. Nas horas vagas visitava as emissoras de rádio. Ele sentia uma grande atração pela comunicação. Gostava de ver e conhecer os locutores. Seu sonho era entrar em um estúdio e poder falar com os ouvintes.
Na ocasião em que ele pintou o prédio onde ficava a Rádio Colombo – propriedade de Erwin Bonkoski, dono da Colmeia - de uma das janelas dava para ver o estúdio, a mesa de som e os locutores falando ao microfone.
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Para subir e descer, pintando a imensa parede daquele edifício, ele usava uma plataforma de madeira movida por cordas fixadas no topo da construção, uma espécie de rapel. Mas quando chegava na janela da Colombo ele parava, deixava a pintura de lado e ficava um tempão olhando o movimento dentro da emissora, até que um dia conversou com o Ratinho que o convidou para lhe visitar qualquer hora. Só que nesse meio tempo – o hoje famoso apresentador de TV – mudou de emissora, foi embora de Curitiba e nunca mais se viram. Nesse tempo o Ratinho era repórter policial e o Ticotico se inspirou muito nele", contou Ziza. 
Alguns meses depois o Ticotico retornou a Campo Mourão e auxiliava nos trabalhos de seu pai.

Repórter Ticotico – Nasceu Assim



O Jornal do Meio Dia, na Rádio Colmeia,  marcou época, apresentado pelo duo: Antonio Kienen e Wille Bathke Junior, das 12 às 13 horas, de segunda-feira a sábado. Na técnica Roque de Freitas. Domingo era apresentada a Resenha da Semana, pelo Wille, das 10 às 12 hs, com leitura e comentários das manchetes dos jornais, além de executar quatro músicas: duas nacionais e duas internacionais, com intervalos de 15 minutos, Domingo o programa era eclético porém sem entrevistas. Afinal de contas é dia de repouso das pessoas, menos na área de jornalismo gerenciada por Milton Rolim. Ele ficava em casa e o locutor na emissora com o filho dele: "'Pimpão' na técnica e discoteca. 
O jornalismo da Colmeia mantinha esquemas com vários órgãos públicos, entidades de classe e clubes de serviço que entravam direto e davam informações quentes, importantes e atuais ao público ouvinte.
Um desses contatos era com o plantão da 16a Sub Divisão Policial de Campo Mourão.
Jornal do Meio Dia no ar, o técnico sinalizou que a Delegacia estava na 'linha' e avisou que foi preso o famoso bandido, o Polaco (Paulo Chicóski), e que a rádio mandasse um repórter a fim de registrar a proeza da polícia. Nesse dia e horário, a Colmeia estava sem reporte de rua. 

Renato Javorski e seu pai Antonio (excelentes pintores de paredes) estavam raspando as tintas velhas no alto do Edifício Plaza onde funcionou a cigana Rádio Colmeia que também ia receber pintura nova. Antonio Kienen saiu do estúdio rapidão, largou o Wille falando sozinho e chamou o Renato meio sujo de tinta:
- "Meu jovem. Nos faça um favor. Desce depressa lá na décima sexta,  coloque o delegado na linha e só fale assim: Aqui é o plantão policial da Colmeia, e deixe o mais comigo.”
O rapaz desceu 'voando', de bicicleta; tocou o telefone, o técnico avisou, Antonio Kienen atendeu e anunciou com aquele vozerão:
-Agoraaa, diretamente da Delegacia de Campo Mourão, uma bomba policial... com o o o... o repórterrr.... Ticooticoo !!
Renato falou da maneira que o instruiu o experiente Kienen - competente profissional - que completou a entrevista com o Delegado, nos mínimos detalhes.

- Oh Kenão. De onde você tirou Tico Tico ??
- Foi no estalo. Nem sei o nome do rapaz !!

A partir desse dia Ticotico virou ‘piolho’ da rádio. Perguntava como havia se saído  e pedia, com insistência, uma 'chanche' na equipe de jornalismo.
Um mês após o Wille lhe deu a chance (5 min) e um gravador (National) - o melhor da época - para fazer o noticiário policial gravado, dentro do Jornal do Meio Dia - a fim de evitar gafes e o perigo de queimar seu inteligente pupilo. 
Não demorou, Renato aprendeu os macetes depressa e criou seu famoso programa exclusivo, de meia hora, apresentado logo após o jornal falado, das 13 às 13:30h: {Repórter Ticotico – Doa a Quem Doer}. Na sequência, lançou um jornal do gênero, que não foi além do Nº 1 porque mudou de cidade e perdeu os 'patrocínios'.
Este foi o primeiro repórter policial – de fato – em Campo Mourão.


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Alguns meses depois, sempre polêmico, ameaçado e certas ocasiões agredido, foi aventurar em outras cidades. Em seu novo endereço, e já conhecido, trabalhou em emissoras de Maringá onde era bem quisto: candidatou-se e foi vereador e, na sequência, candidato a deputado, além de assessor político do ex-governador Alvaro Dias. Foi quando ele adotou o nome de: Renato Javorski Tico-Tico de Oliveira, que passou a ser sua marca registrada e consta legalmente em seus documentos pessoais.



Reclamando de forte dor na cabeça, faleceu em Maringá, vitima de derrame cerebral - AVC, dentro da farmácia onde foi se medicar da pressão alta. 
Seu nome está eternizado em uma das vias públicas da Cidade Canção: Rua Renato Javorski Tico-Tico de Oliveira, no Parque Industrial Bandeirantes, Maringá - PR

 LEI Nº 5170/2000 

AUTORIZA A CONCESSÃO DE USO DO CARNEIRO ONDE SE ENCONTRAM DEPOSITADOS OS RESTOS MORTAIS DE RENATO JAVORSKI TICO TICO DE OLIVEIRA.

A CÂMARA MUNICIPAL DE MARINGÁ, ESTADO DO PARANÁ, aprovou e eu, PREFEITO MUNICIPAL, sanciono a seguinte, LEI:
Art. 1º O Poder Executivo Municipal fica autorizado a conceder o uso, a título gratuito, do carneiro (sepultura) simples sob número 03, da linha 12, da quadra 50, do Cemitério Jardim Municipal, onde se encontram depositados os restos mortais de Renato Javorski Tico Tico de Oliveira.
Art. 2º A concessão objeto desta Lei será exclusivamente à inumação acima mencionada, pelo prazo de três anos, a contar da data do sepultamento, e havendo interesse de reutilização por parte dos familiares, o carneiro deverá ser adquirido.

Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º As disposições em contrário ficam revogadas.


Paço Municipal, 13 de julho de 2000
Jairo Morais Gianoto
Prefeito Municipal  ______________


 
Arquivo Policial - Jornal do Ticotico não foi além do Nº 1
Campo Mourão - Maio de l983

Algumas perolas do Ticotico:

 “segundo informações, a polícia acaba de encontrar um cadáver  morto, no meio do matagal, já bichado!” (existe cadáver vivo?)

"o meliante foi encontrado morto a tiros, com duas facadas..." (afinal, tiro ou faca?)

"faleceu nesta madrugada... f de t... vítima de calipso cardiaco" (nessa época cha-cha e calipso eram moda)

"no cemitério dos mortos tinha alguns vivos lá, mas disseram que assistiram tudo, mas que, na hora do pega, ninguém viu nada..."

"é com imenso prazer que anunciamos a morte do meliante Zé Cascavel, mas não convido pro enterro..."

"cuidado, tá rolando um lance na praça; é o golpe do cheque premeditado;  a malandragem te dá um cheque alto por um valor bem baixinho e quem compra só pode descontar na data premeditada" (não seria pré-datada?)

"que tipo de arma você usou pra esfaquear tua mulher?"

"dormiu na tampa e acordou morto no fundo da fossa, na frente do Mercadão que tava podre !!" (a tampa ou o mercadão, podre?)

"depois que cercaram a zona com as casas e a mulherada dentro, piorou. Agora o povo sobe na muralha de tábuas pra ver o que tem de interessante na zbm... as charretes foram proibidas de fazer ponto ali, no fim da Santa Catarina. Coitadas das damas e do seu Valdemar." (elas usuárias e ele dono).
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Só quem trabalhou em rádio
sabe o que é isso

  
Agradecimento:
Narrativas de Ana Maria Grotti, caçula da Família Javorski

 
Ave comum  do cerrado mourãoense, em extinção
 
 
Renato Javorski entre amigos e familiares
Campo Mourão - Anos 80 - primeiro < esquerda.
 
A filha Dany é co-proprietária e locutora da Rádio Serra do Mar - AM
em Antonina - litoral do Paraná




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