30/03/2018

* Entre o céu e a terra - Campo Mourão no meio

Religião e espiritualidade 

na história política de Campo Mourão


Vivenciada de forma intensa, através de nossa religiosidade, a dimensão espiritual que carregamos em cada um de nós ajuda a combater angústias e rancores da vida, o que nos conforta das decisões racionais e frias do cotidiano. Próprias de cada indivíduo, base do cultivo amigável dos círculos de família, as motivações religiosas não param aí: elas também integram o cálculo político de governantes e autoridades públicas.


Na história (católica) de Campo Mourão, iniciativas governamentais ligadas ao mundo espiritual foram comuns na política nas décadas de 60 e 70.



Na instalação da diocese de Campo Mourão, dia 18 de abril de 1960, o governador Lupion (centro), o prefeito Antonio Teodoro de Oliveira (discursando) e vereadores organizaram-se para a recepção do  primeiro bispo diocesano Dom Eliseu Simões Mendes (à direita) e acompanharam a posse da autoridade religiosa. O mestre de cerimônia foi o advogado Armando Queiroz de Morais (em pé entre o governador e o arcebispo Manuel da Silveira D'elbou). Pouco mais tarde Armando foi eleito Deputado Estadual com apoio da igreja.

Personalidades eclesiásticas, civis e militares participaram, em abril de 1961, de uma Sessão Especial de Entronização de um crucifixo colocado no plenário da Câmara Municipal, segundo solicitação de um dos vereadores. 
Eles declararam a felicidade de serem guiados pelo símbolo religioso do crucifixo posto na sala de reuniões do Poder Legislativo, anexo ao primeiro andar do  Paço Municipal. 
Outro crucifixo foi colocado na sala do prefeito (o mesmo até hoje) no dia da inauguração do prédio do Paço Municipal 10 de Outubro, com a benção do bispo D. Eliseu.

Imagens religiosas são comuns em repartições públicas de várias cidades. Um crucifixo numa sala de um órgão público, a participação deles  em comemorações religiosas, cívicas ou o simples nome de uma praça mostram que gestos de religiosidade e de cultivo do espírito estão presentes também em muitas ações administrativas governamentais, politicamente falando.

Entre o céu e a terra, trocas e negócios humanos se fazem e tudo parece ter um propósito: o poder.


Em março de 1970 foi aprovada lei que concedia título de cidadão honorário a Dom Eliseu. Atribuir cidadania honorária ao bispo era “exemplo dignificante das excelentes relações do nosso povo com a sua Igreja…”, justificou o vereador que fez o projeto de lei, ao querer ser simpático aos olhos dos fiéis católicos e angariar votos.

Em Campo Mourão, símbolos religiosos também estão em espaços comuns da cidade. A praça central do município, modificada no contexto da criação da nova catedral, ganhou o nome de “Praça São José” por requerimento, de vereador, aprovado em fevereiro de 1969. O gesto de dar nome religioso à praça era “homenagem ao grande santo” e demonstrava “o sentimento de religiosidade do nosso povo”, como esclareceu depois, o autor da proposição política.

Autoridades políticas e eclesiásticas comparecem na realização de festejos cívicos e religiosos com frequência. 
Em junho de 1973, o prefeito convidava os vereadores a participarem da procissão de Corpus Christi. O chefe municipal  mourãoense dizia que aquele seria um ato de “testemunho a Deus e comunidade, de humanismo e cristandade”.

Como se nota, negócios humanos entre o céu e a terra podem envolver subsídios financeiros, doações de terrenos, isenção de impostos, ligando o governo da vida humana aos desígnios da política e da fé religiosa popular, seja qual for a crença.

Como em todo lugar do mundo, entre o céu e a terra, há os homens tramando suas histórias e, em Campo Mourão não foi e nunca será diferente.

Texto: Lara Grigoletto Bonini.
Curso de História – (UNESPAR) 
Campus de Campo Mourão


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A Fábula dos Dois Lobos
Política Interna Humana

O corumim apanhou de outro índio maior e estava tomado pelo ódio por causa da surra que levoy. Mas antes de qualquer decisão contra seu irmão desafeto, perguntou ao cacique como lidar com bons e maus ?
- Como consigo separar o  ruim do  bom?
Chefe cor de cuia respondeu:
- Dentro de cada um de nós existem dois lobos que vivem brigando a ponto de um querer matar o outro.
Um ataca toda hora. Outro se defende. Temos que separar os dois, senão vão se matar e nós, sofrer!

Este conto indígena enfatiza a nossa complexidade e a necessidade de empenharmo-nos a fim de cuidarmos da nossa própria evolução. 

O moral desta sábia narrativa, concluí que só depende de cada um ser bom ou mau frente a esses dois lobos que duelam no coração de cada vivente. 


Qual dos dois lobos você quer que sobreviva?


O experiente  índio olhou fundo nos olhos de seu pequeno guerreiro e falou:
Eu também, as vezes, sinto grande ódio daqueles que cometem injustiças. Mas ódio corrói quem sente e nunca fere o inimigo. É como tomar veneno com desejo que ele morra. Só que morre quem tomou.
Várias vezes lutei contra esses sentimentos. É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não faz mal. Ele vive em harmonia com todos e só luta quando é preciso fazê-lo, e de maneira justa e correta, mas o outro lobo… este é cheio de raiva. 
A coisa mais insignificante é capaz de provocar nele um terrível acesso de ódio. Ele briga o tempo todo, sem nenhum motivo. Ele não mede as conseqüências de seus atos. É uma raiva inútil, pois isso não muda nada, só piora. Às vezes, é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu coração.”
O jovem índio perguntou:
- ''E qual deles vence?
O cacique debruçou e sussurrou em seu ouvido:

“Sobrevive aquele que Você alimentar e fortalecer mais.

  
Entre dois lobos está Campo Mourão:
O Bom & o Mau (político)


o-o

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