Campo Mourão - Melhor cidade do mundo

Nos idos de 1950 Campo Mourão era uma vila modesta de reduzida população. Eu tinha 10 anos de idade. Era tida como cidade “dormitório” porque muita gente transitava por aqui, a maioria aventurava em busca de um naco de terra sem dono. O aventureiro anoitecia, mas não amanhecia. Sumia, muitas vezes, sem pagar o pouso.

Nesse tempo de incertezas - mudo, não mudo... fico, não fico - no Centro-Oeste do Paraná, imperava o autêntico faroeste. Nada de brincadeira, era de verdade. Não era filme de gringo, não!
Nesse clima a novidade do dia era quando não matavam ou não morria ninguém nos entreveros pela posse de terra... fulano matou porque não foi com a cara de beltrano. Revólver ou peixeira na cinta, fazia parte da vestimenta. Sem portar uma arma, era o mesmo que andar sem camisa.

Não foi uma nem dez vezes que eu vi e ouvi homens assim, de outras plagas, que se achegavam no meu avô, Germano Francisco Rodolfo Bathke, e lhe perguntavam:
- ‘Como é Campo Mourão?’ Meu avô, calmamente, respondia com outra pergunta:
- 'Como é a cidade de onde o senhor vem? Depois falo da nossa!"

- 'Bom. A cidade onde moro é uma porcaria. Ruim de tudo. Pior ainda pra se ganhar dinheiro. Lá vou morrer pobre! – dizia o passante – e meu avô respondia:
- 'Xiii, moço, Campo Mourão é igualzinha a tua cidade. Nem perca seu tempo. Procure outra... Boa Sorte!!"

E eu só assuntava as prosas e tentava entender os porquês.

Aí vinha outro com o mesmo papo e vovô respondia com a mesma pergunta:
- "Mas, me conte... como é a sua que lhe digo como é a nossa."

- “Pois é seu moço. A cidade de onde venho é ótima, hospitaleira, um povo bom demais e lá só não enriquece quem é vagabundo! É tão boa que não tem mais espaço pra gente se estabelecer. E aqui?”

- “Olha bem – asseverava meu avô - Campo Mourão é tal e qual a sua linda cidade: povo gentil, terra fértil, água da melhor qualidade. Tudo que você fizer aqui dá dinheiro, e muito dinheiro moço. O comércio, aqui, é forte e terra roxa, tem muita e é generosa!”

Aí eu encuquei e perguntei ao meu sábio vovô Rodolfo:

“Não entendi nada vô. Pra um o senhor falou que aqui não presta e ao outro o senhor disse que Campo Mourão é o melhor lugar do mundo!? Pode me explicar?”

“Veja bem rapazinho. A cidade somos nós que a fazemos ser boa ou ruim. Depende da relação social, da dedicação, da atitude e do trabalho de cada um. Se aqui não é bom pra você, nenhum lugar presta. Mas se aqui te satisfaz, outras cidades também serão boas pra você!.. En tennn deu?”... rsss*