Segundo Germano Boiko e Teófilo Boiko
Nos anos 50, um jovem carroceiro enfrentava as dificuldades da vida. O Brasil ainda sofria as consequências desastrosas da II Guerra Mundial. Vassílio comercializava frutas, verduras, cereais e ajudava a sustentar a família. Mas, ele tinha um grande sonho: possuir uma empresa que transportasse pessoas, que reduzisse distâncias entre cidades, e que facilitasse a vida de quem precisava percorrer longas jornadas pelas estradas de terra do Paraná, que mais pareciam 'carreadores'.
Família de Verônica e Vasilio Boiko em Campo Mourão
Esse jovem de espírito empreendedor era Vasílio Boiko, nascido em setembro de 1913, em Prudentópolis - PR. Começou a trabalhar, com sete anos de idade na lavoura com o pai. Ganhou dele uma carroça e uma parelha de animais usada no transporte e comércio de lenha. Depois adquiriu uma carroça maior para transportar e vender frutas, principalmente repolhos e laranjas.
Vassilio e Nicolau Boiko acreditaram em Campo Mourão
A partir de 1945, com 32 anos, começou a viajar pelos sertões. Vendia medicamentos (melhoral, cibalena, sal de frutas, etc.) tecidos, roupas e sal, além de
prestar outros serviços de transporte. Assim, economizou dinheiro e conseguiu adquirir um caminhão Ford 1946, com o qual continuou no ramo de vendedor ambulante até
1951 quando, então, instalou um armazém na localidade de Macacos, próxima a Roncador – PR e ali trabalhou com tenacidade, com sua esposa e companheira destemida, Verônica Boiko.
Primeira 'jardineira' de Campo Mourão
Como os negócios
prosperavam cada vez mais, em 1952 ele resolve, em sociedade com o irmão
Nicolau Boiko, adquirir o Expresso Oeste, empresa constituída por uma 'frota' de duas 'jardineiras' Ford, com capacidade para 12 passageiros cada uma, propriedade de Elias Xavier do Rego e dos filhos, também motoristas: Joaquim e Aristóteles, que faziam a linha Campo Mourão
– Mambore - Pitanga, diariamente, ida e volta.
Em 1958, adquiriu a parte da sociedade do irmão Nicolau e no ano seguinte mudou-se a Campo Mourão, onde instalou um hotel, que era ao mesmo tempo: sede da empresa, ponto de ônibus, alojamento dos motoristas e cobradores, bem como, de sua família. Nessa época adquiriu três ônibus e também a linha Pitanga – Guarapuava. Dois anos depois, ao abrir a linha Goioerê – Cascavel, precisou adquirir outros três ônibus, que foram pagos à prestação, com muito trabalho.
Vasilio Boiko aumentou rapidamente a frota
Ao acreditar no potencial de crescimento da região, Vasílio sempre buscou potencializar
seus serviços de transportes de passageiros para toda esta rica região do
Paraná, que na época começava a se desenvolver com a colonização de muitas
cidades impulsionadas pela madeira, cafeicultura, hortelã, e outras culturas.
Em pouco tempo já
eram 15 ônibus rodando, sem parar, pelas estradas do Paraná, além de possuir uma matriz
administrativa e garagem própria, sediadas em Campo Mourão, já contava com
agências e escritórios em outras cidades que estavam nos roteiros.
As cidades surgidas na região possuíam estrutura viária por demais precárias, além de muito mato, pinheiro e
a mão-de-obra também era escassa. Por isso, Vasílio, foi buscar nos
conterrâneos das famílias amigas de Prudentópolis, trabalhadores de confiança que pudessem colaborar para o crescimento da empresa e consequentemente de toda
região. Esses vinham de mala e cuia trabalhar com os Boiko, chegando inclusive a
morar nas instalações.
A primeira garagem, oficina e hotel eram na Av. Irmãos Pereira,
esquina onde está o Integrado, em frente ao Armazém São Pedro, de Antonio Peixer
O que conta José Macohin (Macuco), com 71 anos, um dos primeiros funcionários da empresa?
- “Vim chamado pelo Vasílio que era conhecido do meu pai em Prudentópolis. Molecão, comecei como cobrador. Passei muitas noites nas estradas com os carros encalhados no barro, ou à beira dos rios da região à espera de balsas. Morava na Empresa que fornecia tudo o que precisávamos. Depois fui pelo interior ajudando a instalar garagens com oficinas que estavam começando e precisavam de peças para os carros. Eu também trabalhava prestando socorro aos carros dia e noite, a qualquer hora e com qualquer tempo, quando era necessário. Já fui controlador do estoque de peças, almoxarife, entregador e recebedor de peças. Considero a Empresa como se fosse minha casa, e minha família também", afirma orgulhoso da empresa que ajudou a crescer.
Travessia do Rio Piquiri rumo a Campo Mourão
Muitos desafios foram enfrentados nas estradas de pó e barro até a Empresa se consolidar. Sem asfalto ou mesmo sem pontes sobre os rios. Cada viagem tornava-se uma aventura. As chuvas traziam barro e faziam os carros ficarem atolados por dias nas estradas sem pavimentação. Seguir viagem, só quando se colocava correntes que revestiam os pneus traseiros. Também havia a poeira vermelha nas épocas secas e uma ou outra balsa que a gente pagava para a travessia dos grandes rios. Se faltavam estradas e veículos, o jeito, muitas vezes, era transportar o máximo possível de passageiros, muitos destes migrantes, famílias inteiras com as mudanças em busca de uma vida nova e prosperidade no interior do Paraná. Eram pessoas com seus sonhos, sendo transportadas pelos carros do Expresso Nordeste.
“O grande problema era quando chovia. O Rio Piquiri subia em demasia, a balsa parava e nós ficávamos presos. Havia necessidade de esperar a água do rio baixar. E quando não era chuva, era poeira. Chegávamos em Maringá pela balsa do Ivaí, empoeirados até os dentes. A terra vermelha, mesmo com banho de sabão, não saía toda a sujeira”. Germano Boiko.
Verônica enfrentou enchentes com Vasilio Boiko
Mesmo entre tantas dificuldades, os colaboradores e proprietários não deixavam de transportar as pessoas, suas aventuras e suas histórias. “No percurso da viagem de Campo Mourão a Guarapuava levava-se uma semana, quando chovia. Era meio dia de sol e chovia de novo. A estrada não secava em meio dia. Por isso, conhecíamos todos os moradores nas beiras das estradas. Andávamos de 5 a 10 quilômetros para encontrar alguém e pedir comida ou pouso. Muitas vezes todo mundo dormia dentro do ônibus, porque não passava ninguém, nenhum socorro aparecia”, lembra Germano Boiko.
Vasílio e Verônica Boiko enfrentaram o sertão de Campo Mourão
Vasilio
Boiko, juntamente com sua esposa Verônica, satisfeitos com o sucesso da
Empresa, abriram firma no dia 27 de junho de 1963, com registro social na Junta Comercial do Paraná, sob a égide de: “EXPRESSO NORDESTE LTDA”.
Exultantes com o empreendimento, em 1970, o pioneiro Vasílio instalou a Sede Administrativa em Campo Mourão. Adquiriu uma área de 51.200 metros quadrados, sendo 2.000m2 de área construída para a Administração; 5.000m2 para a manutenção e mais 326 m2 incluindo alojamento, serviços gerais e associação esportiva. A Sede Administrativa dá apoio às demais garagens, ao pessoal e à frota de veículos.
Com o falecimento de seu fundador, em fevereiro de
1980, o Expresso Nordeste passou a ser administrado por seus filhos, que deram continuidade a este grande empreendimento que tem destaque nacional nos
seus segmentos de atuação, por oferecer sempre um ótimo serviço, modernidade na frota de coletivos, com profissionais capacitados que tornam as viagens especiais aos usuários deste renomado transporte.
Exposição da frota de Campo Mourão em Londrina
Pela
expansão no ramo, instalou a matriz em São Paulo/SP, e atua nos Estados do Paraná
e São Paulo nos segmentos de transporte rodoviário de passageiros, cargas e
fretamento, tendo uma frota de 300 veículos. Emprega, direta e indiretamente, mais de 1000 funcionários. Transporta, em média, 250.000 passageiros e
roda em torno de 1.350.000 km por mês. Possui mais de 130 pontos de vendas de
passagens e 14 garagens utilizadas na limpeza e manutenção dos ônibus e veículos de cargas e encomendas.
A empresa hoje, administrada por Teófilo Boiko, Germano Boiko e seus filhos, já ultrapassou 50 anos de sucesso, viajando pelo Brasil,
levando gente, carregando histórias e beneficiando, direta e indiretamente, milhares
de brasileiros.Essa é a breve história de Vasílio Boiko, de sua família e do Expresso Nordeste. São muitos anos de somas de esforços, multiplicados pelas conquistas e aproximação das pessoas através do transporte coletivo, ao longo de meio século! concluiu Germano Boiko.
O Expresso Nordeste
By Wille Bathke Jr
Vassilio Boiko quando veio morar na região comprou terra na localidade conhecida por Macaco, em Roncador, e vendia frutas e verduras, grande produtor de repolho e laranja. Depois fazia transportes em carroças puxadas por dois cavalos, vendia produtos diversos, mercadorias, remédios nas vendas de beira de estrada, tipo caixeiro-viajante. Por uns tempos mandou fazer carroção especial que utilizava no transporte de toras de pinho e outras árvores de lei, que descarregava nas serrarias que o contratavam.
O carretão era de dois eixos e quatro rodas grandes, com chapas de ferro largas que recobriam os rodados. Não tinha carroceria, apenas uma grande tora quadrada, de madeira pesada, fixada sobre uma forte armação e sobre os eixos.
A tora era trazida do mato bem amarrada, em cima desse quadrado. A tração do carroção (carretão) era feita por duas ou três parelhas (duplas) de cavalos e um sozinho que era colocado na frente do cabeçalho (cabeçário), chamado de guia. Geralmente era o mais manso e obediente ao freio e às rédeas.
As chapas de ferro que recobriam as rodas de madeira eram largas senão o carroção, com o peso dele e da carga, afundava na terra virgem e mole. As toras eram carregadas nos estaleiros e transportadas por carreadores abertos a esse fim. Os freios, nas quatro, eram dois troncos de árvores de lei, finas, acionados pelo carroceiro através de uma manivela com eixo de rosca-sem-fim que empurrava ou puxava os freios que pegavam diretamente nas chapas das rodas.
Campo Mourão - Já morava em Campo Mourão, ao mudar-se de Roncador, e seus carroções rendiam bom trabalho e dinheiro. Com as economias, decidiu investir no transporte coletivo de passageiros.
Expresso do Oeste - Depois da trágica morte de Elias Xavier do Rego, dono de duas 'jardineiras' de transportes de passageiros Campo Moura/Mambore/Pitanga, a família decidiu ir embora e Vassilio Boiko comprou a ‘frota’ do Expresso Oeste a batizou de Expresso Nordeste, de acordo com a empresa que abriu, com sua dedicada esposa, Veronica Boiko.
Teste de Admissão de Motoristas:
"A empresa cresceu e sempre precisava de motoristas aptos em condução de ônibus. Transportar gente é uma responsabilidade enorme. Eu abria as vagas, os candidatos se apresentavam. Eu não exigia nada (currículo). Só fazia um teste de habilidade do candidato. Ele entrava na boléia, sentava-se ao volante, ligava o motor e eu pedia a ele dar marcha-a-ré. Esse era o único teste. Se ao dar ré no ônibus ele colocasse a cabeça pra fora pra olhar a manobra de traseira, estava dispensado. Só admitia aqueles que davam marcha-a-ré olhando nos espelhos dos retrovisores. Esses são os bons." asseverava Vassílio Boiko.
2000 - Um dos ônibus de hoje da moderna frota do Expresso Nordeste,
que não para de crescer sob a direção dos irmãos Germano, e Teófilo Boiko.
Nordeste na Rodoviária de Campo Mourão
Vassilio e Verônica Boiko
de Prudentópolis a Roncador e Campo Mourão
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Seria este grupo que adquiriu o Expresso do Campo ltda. No inicio da década de 60?? O Expresso do Campo foi fundado por Silvio Legnani e meu pai, Antonio Florencio Vieira, ambos já falecidos.
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