Fandango
A SAGA DO VELHO SERTANEJO DE CAMPO MOURÃO
Introdução
O autor dos transcritos que se seguem procurou manter o máximo
possível a grafia original, com ligeiras modificações a fim de facilitar o entendimento da primeira narrativa histórica de Manoel Silvério Pereira grafada pelo advogado pioneiro, Nelson Bittencourt Prado, em 1952, quando Campo do Mourão, aos cinco anos da sua emancipação política e econômica, já caminhava com suas próprias pernas.
Este registro é riquíssimo na precisão de fatos e datas, com citações de nomes (de homens e mulheres) que tiveram influência direta no florir do desenvolvimento de Campo Mourão a custa de enormes sacrifícios e risco da própria vida, dada a
extrema falta de meios e recursos de subsistência e difíceis deslocamentos nas épocas aqui citadas.
O destaque principal desta rara narrativa, sem dúvidas, é
a figura heroica e destemida de Jozé Luis Pereira, pela sua tenacidade e coragem de
enfrentar a busca do desconhecido através dos intrincados sertões brutos, de terra sem dono do Oeste do Paraná e Sul de Mato Grosso.
Pela saúde de ferro, sua idade avançada e tenacidade é que me permito chamá-lo carinhosamente de: “O Velho Sertanejo”.
Alguns dos 20 textos originais datilografados por Nelson Bitencourt Prado, com depoimentos de Manoel Silvério Pereira, filho de Jozé Luis Pereira, sobre a descoberta de Campo Mourão e sua evolução a contar de 1903 até o início da década de 1950.
UM POUCO DA VIDA DE JOZÉ LUIS PEREIRA,
O DESBRAVADOR DOS SERTÕES DO OESTE DO PR
PIONEIRìSSIMO DE CAMPO MOURÃO.
JOZÉ LUIS PEREIRA era
proprietário da Fazenda Cachoeira, no patrimônio de Ilha Grande – SP, que
recebeu como herança de seu falecido pai, José Luiz Correia casado com dona
Maria Teodora Pereira.
A ‘cachaça’ do sertanejo era caçar
nas florestas bravias, dançar fandango, cantar e ouvir cantar ao som de viola;
viajava muito em carros-de-bois e a cavalo, pelas esguias e precárias estradas da época.
No início de 1897
resolveu deixar sua terra natal, e embrenhou-se rumo ao sul, em
direção ao Estado do Paraná. Conduziu sua mudança, sua família, sua veneranda
mãe viúva e adoentada Maria Teodora Pereira e seu irmão Ignácio Luiz Pereira
(que a cuidava), em dois carros-de-bois e ele a cavalo.
Os Pereira seguiram viagem em demanda ao Paraná e
passaram pelas localidades de Piraju, Rio Verde, São José da Boa Vista (estas
em SP) e, já em território paranaense, cruzaram por Castro, Jaguariaíva, Piraí
e Ponta Grossa, justamente no tempo da construção da Estrada de Ferro São
Paulo/Rio Grande do Sul. Em seguida os Pereira rumaram a Oeste do Paraná e
atingiram Conchas, às margens do Tibagi onde se transpunha o rio sobre uma
velha ponte-flutuante (de madeira). Daí alcançaram Imbituva, Prudentópolis onde
encontraram as primeiras famílias de origem polonesa que povoaram e colonizaram
aquela região. No dia 3 de Abril de 1897, alcançaram Guarapuava, cidade e
comarca de todo o extenso sertão do Oeste e Noroeste do Estado do Paraná.
Consta que, os dois carros-de-bois que
compunham a comitiva, foram os primeiros a transpor a Serra da Esperança e
descer ao planalto guarapuavano.
Em Guarapuava, parte
da comitiva, encabeçada pelo Velho Sertanejo e sua esposa Dona Maria Silvério
Pereira, instalou-se, provisoriamente, em uma antiga fazenda pertencente
a Manoel Norberto Cordeiro (Comendador Marcondes) juntamente com seus oito (8)
filhos e um genro: Maria Luíza Pereira casada com José Martins de Oliveira Mello, José Cândido Pereira, João Barnabé Pereira, Pedro Ovídio Pereira,
Antonio Armonia Pereira, Luiz Pereira Silvério, Manoel Silvério Pereira e
Sebastiana Silvério Pereira, totalizando 11 pessoas entre pais, filhos, filhas e genro, nesta primeira leva da família Pereira.
Transcrito da Folha 2
A casa onde o
sertanejo ficou com seus familiares era toda de pedra, de construção secular e
estava situada às margens do Rio São João, sendo que a outra parte da comitiva
ficou em uma estância de nome Campo de Fora, na mesma fazenda.Tendo, Jozé Luis
Pereira, adquirido conhecimentos com fazendeiros guarapuavanos, logo granjeou
amizades com outros sertanejos da região e obteve informações de Campo Mourão
que já contava, naquele tempo, com 20 registrantes. Preparou tudo e seguiu, com
sua comitiva, rumo a Oeste, mas deixou seus familiares em Guarapuava para
embrenhar-se na mata adentro, por um picadão abandonado desde o tempo da
revolução de 1893. Picadão este, pelo qual Manoel Norberto Cordeiro (Comendador
Norberto Marcondes) e outros aventureiros já tinham ido a Campo Mourão na época
em que amansavam índios.Com espaço de algum
tempo conseguiu, nosso Sertanejo e comitiva, cruzar os rios Paiquerê e Cantu e
saiu nos faxinais onde perderam os vestígios do Picadão. O tempo estava
chuvoso. O Sertanejo percebeu o perigo de uma enchente que os ameaçava e deu
ordens de voltar. Quando chegaram as margens do Cantu o mesmo transbordava o que tornou perigoso seu cruzamento, mas como o Sertanejo era intrépido, mandou
a comitiva tocar na água mesmo com o rio cheio e logo rodou rio abaixo, um
burro com toda a carga que levava, da qual não se aproveitou nada. Deste ponto
regressou a Guarapuava e procurou lugar melhor a fim de se instalar com sua
família. Foi quando teve notícias de que Manoel e José Freitas eram possuidores
de um registro de terra em Pitanga. Depois de algumas diligencias, Jozé Luis
Pereira colocou-se na terra dos irmãos Freitas, sem tirar do pensamento de mais
uma vez tornar a encontrar o ditoso Campo Mourão. Por esse tempo vieram
de São Paulo mais dois irmãos e um cunhado que reuniram seus entusiasmos ao do
Sertanejo, certos de que muito podiam prometer no sentido de melhorar o futuro
de seus descendentes.
Em 1900 veio, de
Curitiba, um Batalhão de Engenharia (do Exército) ordenado pelo Governo do
Estado, com a missão de explorar a região entre Guarapuava, Noroeste do Estado
até o Rio Paraná. A Comissão era dirigida pelo capitão Caetano Albuquerque de
Faria que tinha como oficiais subalternos: Amorim, Aranha, Escobar e outros. O
Aprovisionador (de alimentos) era Antonio Feijó.
Esse traçado (de Guarapuava ao Rio Paraná)
passou por Pitanga, Borboletinha, Rio Corumbataí, Rio Antinhas, Rio...
Transcrito da Folha 3
Rio Antinhas, Rio Quinze, Rio Taquaruçú, Rio Liso, Rio Bonito, Rio Formoso, (Campina) Lizeta, Rio Sem Passo, Rio da Campina, Rio Remanço que logo após tomou nome de (Rio) Goio-erê, Rio Ivaí e, finalmente, por este, chegaram ao Rio Paraná.
Jozé Luis Pereira empregou, nesta Comissão, seu filho João Barnabé Pereira, na função de carneador (açougueiro) das turmas.
Nesta categoria (o filho) acompanhou os trabalhos pelo traçado afora. Quando a Comissão passou pela Campina da Encruzilhada, João Barnabé escreveu ao seu pai Sertanejo que haviam cruzado uma Campina e, conseqüentemente, estavam próximos de Campo Mourão. Esse ponto do Picadão depois foi denominado Campina da Coita (proximidades da Gleba Santa Maria).
O Velho, apesar de ser eleitor, como prova seu título em poder do relatante e filho, não lia muito bem e, então, mandou ler a dita carta por outro filho. Ciente do contido na carta elevou seu pensamento aos céus e pediu a Deus "que seus desejos fossem realizados." Imediatamente levou a notícia aos seus amigos e conhecidos: Herculano Moreira e seu primo Joaquim Moreira, a Manoel Norberto, José Simão e outros. Os dois primeiros se prontificaram a acompanhar o Sertanejo nesta corrida a Oeste em busca da lendária terra de Campo Mourão e, sem perda de tempo, se puseram a caminho. Embrenharam-se mata a dentro, desta vez pelo traçado largo aberto pela Comissão (do Governo).
Também acompanharam esta comitiva, o filho Pedro e mais dois camaradas. Em pouco tempo avistaram a dita Campina e agora restava saber que rumo seguir. O Velho olhou para cima, como para orientar-se, depois olhou para os lados e marcou (apontou) um rumo e tocou, em seguida, o mato com seu facão, enquanto o mais da turma alargava o Picadão por onde pudessem passar os animais e os cargueiros com os mantimentos tão necessários, destinados à subsistência da tropa. Chegaram, enfim, a margem de um rio bem volumoso de água, ao qual Jozé Luis Pereira deu o nome de Rio da Vargem (atual Rio da Várzea).
No dia seguinte bateu muita chuva que os obrigou a se arrancharem por alguns dias naquelas paragens, até que um certo dia, quando as chuvas já estavam poucas, numa manhã garoenta, o Sertanejo convidou seu amigo Herculano a explorar o mato e saíram logo na Campina (Fazenda Santa Maria) onde havia o espólio de Guilherme de Paula Xavier e como era um campo de muitos capõezinhos, carrascais e não fazia sol naquele dia, eles, ao invés de tomar rumo certo, fizeram sem dar por acabado,
Transcrito da Folha 4
uma volta completa e cruzaram, novamente, onde já haviam passado
dias antes. Disse, então, o Velho ao seu companheiro: -"Por
sorte não nos perdemos. Olhe a nossa picada".
Muito assustado, responde-lhe Herculano: -"Não
será vestígios de índios?"
-"Não!, disse o Sertanejo, olhe
aqui o golpe do meu facão!"
Dali voltaram ao acampamento e como o tempo continuava de
chuvas e o fornecimento estava se esgotando, no dia seguinte regressaram a
Pitanga.
Mal esperou o tempo firmar, o Velho Sertanejo preveniu-se do necessário
e retornou ao sertão (pela terceira vez) e desta feita saiu em Campo Mourão.
Logo procurou boa aguada, começou a fazer roça e somente após a colheita da mesma é que voltou a
Pitanga em busca dos seus familiares. No meio do caminho encontrou a mudança do
seu irmão Antonio Luis, que vinha Picadão adentro (sentido Pitanga/Campo
Mourão).
Nesse meio tempo o Cap. Caetano ligou o Picadão ao Rio
Paraná e recebeu ordens de retirada de sua comitiva.
Com a retirada militar, o plano de Jozé Luis Pereira era o
de conservar aquele Picadão aberto até o Rio Paraná, mas concluiu que o pessoal
que estava em Campo Mourão era insuficiente para tal conservação, e
desistiu do plano.
Porém na ânsia de penetrar mais e mais na direção Oeste a
fim de alcançar o Estado de Mato Grosso, seguiu até o Rio Ivaí acompanhado de
dois filhos. Fizeram uma grande canoa com o propósito de explorar o Ivaí e
conseguir levar a mudança para Mato Grosso. Porém havia chegado ao conhecimento
de seus amigos guarapuavanos a empreitada difícil que pretendia empreender.
Então Manoel Moreira de Campos e outros, lhe escreveram uma
carta na qual diziam que diversos homens que tinham posses em Campo Mourão (sem
nunca terem estado aqui) propunham ajudá-lo no povoamento da dita terra e, com
a legitimação das posses, escriturariam certa quantidade de terra em seu nome,
bem como lhes ajudariam com algumas criações. O Velho aderiu aos seus amigos,
aceitou a proposta, e voltou ao sertão mourãoense, fez nova roça e casa de
moradia. Arrumou a comitiva, contratou dois camaradas: Luiz Baiano e Manoel
Borges e veio com três dos seus filhos: Pedro, Luiz e Manoel, bem assim seu
amigo Herculano Moreira e, junto com eles veio o fazendeiro Manoel Norberto
Marcondes (Comendador) que seguiu rumo a Mato Grosso, pelo Picadão, a fim de
cobrar uma conta (dívida) de Antonio Feijó que devia ao Comendador proveniente
de gado fornecido ao Batalhão (de Engenharia), do qual Feijó era o fornecedor.
Nesta viagem foi acompanhado por Jozé Luis Pereira e Herculano. Este último não
voltou mais.
Transcrito da Folha 5
Manoel Norberto Cordeiro (Comendador), de volta de Mato Grosso, trouxe
dois indiozinhos “Cafua” da barra do Rio Ivaí, os quais batizou de: Mato Grosso
e Paraná.
Nesse tempo saiu (de Campo Mourão) rumo a Pitanga o irmão do
Sertanejo, Antonio Luiz Pereira ao saber que sua senhora iria ganhar nenê e, em
seu lugar, ficou de caseiro o velho mineiro Lúcio que foi soldado do
Batalhão explorador, que deu baixa em Pitanga. Lúcio,
primeiro, ficou com o Sertanejo e, em seguida, passou a residir com
Antonio Luiz (Pereira) quando este voltou a Pitanga.
Depois de cinco meses de vida solitária do velho Lúcio em
Campo Mourão, é que o Sertanejo regressou. Quando o velhinho (que aqui estava
de caseiro, sozinho) encontrou-se com a comitiva na porteira da mangueira
rolou-lhe lágrimas pelas faces de saudade de seus amigos, emocionado pelo
reencontro que acabara de ter.
Nova Expedição
O Velho Sertanejo obteve informações de que existia outro
Campo que deveria ser o verdadeiro Campo Mourão e que no qual estava, era o já
conhecido Campo do Abarrancamento, sendo que interessado em descobrir o
verdadeiro Campo Mourão, informou-se com um índio conhecido por Bandeira e este
lhe deu um rumo errado pois, mais tarde, verificou-se o fato.
Antes ainda, de fazer roça e casa, preparou-se com uma quantidade
de paçoca de carne de anta, barraca de algodão encerado, machado e um terrível
cão tigreiro, o mais feroz dos cães daquela época, que atendia pelo nome de
“Voluntário”. Certa vez o dito cão acuou um “Pintado” (onça) que estava
trepado, e o Sertanejo ao chegar próximo da árvore, o galho onde se achava o
tigre quebrou e o animal veio ao solo. Tão logo a fera caiu no chão, o cão
agarrou-a, tendo o Sertanejo ouvido das duas feras em luta que parecia
acharem-se agarradas uma com a outra; o Velho correu ao local sem fazer picada,
por baixo do taquaral, e quando lá chegou o tigre havia desistido da luta e
novamente estava trepado em uma árvore de Pessegueiro Brabo que tinha somente
dois galhos. O Sertanejo mirou com sua arma de caça, bem no estomago da fera...
Transcrito da Folha 6
e deu ao gatilho da arma. Uma vez atingida a fera que, na
ânsia da morte, subiu mais alto, chegou a partir o galho e caiu, em seguida, na
boca do cão que estava a sua espera. Jogou-se na garganta da fera como se fosse
um pedaço de carne atirado para ele. Depois da morte do animal verificou-se ser
uma tigresa (onça) nova, cujo couro mediu nove palmos. Em seguida o Velho
voltou com os três filhos ao sertão, de malas nas costas e, de um rancho que
havia feito para plantar roças, ele marcou um rumo, tocou o facão no mato e
foram pernoitar as margens de um rio que denominaram de Rio Claro. No dia
seguinte amanheceu chovendo, falharam; depois se tocaram no mato por seis
longos dias e voltaram rastro atrás. Ainda não estava convencido que
encontrou Campo Mourão e, dali uns dias, mandou seu filho Pedro Luiz e dois
camaradas seguirem sua picada até certo ponto, e dali penderem em direção do
Rio Ivaí e sair na picada de lá. Assim foi feito, mas não surtiu resultado a
descoberta que tinha em vista, pois nem sinal do Campo encontraram. Nesse
tempo em diante, o Velho Sertanejo viu e percebeu esgotarem-se os dias de sua
vida sem ter feito qualquer coisa de positivo. Começou a fazer plantações,
construiu uma casa, foi efetivar sua mudança e receber o que os amigos haviam
lhe prometido. O primeiro ajutório que recebeu foi do Cel. Pedro Lustosa,
que lhe vendeu 10 novilhas de dois anos cada uma, para serem pagas no prazo de
cinco anos com outras da mesma idade. Manoel Lopes deu, de sociedade, 10
éguas e um bagual (garanhão) por cinco anos e deu também, um burro
arreado destinado ao transporte de sal. Manoel Moreira de Campos, Manoel
Norberto Cordeiro, Alípio Marcondes, José Simão, Higino Bitencourt, Nafael
Pinto, Guilherme de Paula Xavier e outros, deram uma novilha cada um, enquanto
Olímpio e Honório Lisboa deram dois sacos de sal (grosso).
No total, Jozé Luis Pereira, recebeu: 21 novilhas, 10 vacas
e 3 touros que trouxera de São Paulo, mais algumas cabeças compradas, 2 bois
carreiros, que completaram: 61 cabeças de gado vacum e 20 animais entre
cavalares e muares, enfim um bom começo para uma fazenda (em Campo Mourão).
A mudança da Família Pereira chegou a Campo Mourão dia 16 de
Setembro de 1903, e ficou acomodada em seu rancho que bem podia denominar-se
seu Lar Feliz onde, pelo espaço de cinco anos, passou seu tempo.
Folha 7
Por este tempo entraram (em Campo Mourão) as mudanças de
seus irmãos Luiz Pereira e Miguel Luiz Pereira, além de mais três outras
famílias de Américo Pereira Pinto, genro do Sertanejo, Luiz Silvério e
Cesário Manoel dos Santos. Pouco tempo depois chegaram as famílias de Ananias
Luiz Pereira e José Luiz Pereira Sobrinho. Depois de quatro longos anos
(1907) é que novas famílias chegaram a Campo Mourão, entre as quais as de Bento
Gonçalves de Proença, tio do Sertanejo; Jorge Walter chegou dia 20 de Janeiro
de 1910 (Dia de São Sebastião). Veio de Pitanga com 654 cabeças de gado vacum,
48 éguas de criar e 10 cargueiros carregados de sal. Se fixou na região do Rio
JJ (Rio Sem Passo) na gleba que ficou conhecida como ‘dos Walter’. Na chegada,
pernoitaram as suas margens e, como a desmatação era pequena, armaram as duas
barracas uma próxima da outra, sendo uma ocupada pelas cargas e a outra pela
família Walter que era composta por nove filhos, além do casal (Jorge Walter e
Julia Rocha Walter – Nhá Dona). À noite bateu um forte furacão e, no dia
seguinte, o acampamento amanheceu arrasado de madeiras arrancadas e jogadas
pelo mesmo, mas nenhuma das barracas foi atingida. O Picadão (por onde passou
o furacão) ficou como se fosse uma roça de mato derrubado por uma extensão de
uns 1.800 metros (quase dois quilômetros) mais ou menos. Demoraram mais de um
dia para abrir as tranqueiras novamente e retirar os animais do mato. Por sorte
não machucou se nenhum animal nem pessoa alguma. Quando secou a derrubada, o
velho Walter mandou queimar e plantar milho que, no tempo da colheita deu tanto
milho que não venceram colher tudo. Jorge Walter tinha um empregado de nome
João Cafurna, um pretinho honesto e lutador que o acompanhava (descendente de
escravos) por onde ia.
Nesse tempo (1910) também entrou a família de José
Custódio de Oliveira e sua mulher, dona Gertrudes Maria de Jesus, e os filhos:
Joaquim Custódio de Oliveira, José Teodoro de Oliveira, Ana Luiza de Oliveira,
Luiz Custódio de Oliveira e Miguel Custódio de Oliveira. José Custódio (pai)
faleceu dia 20 de Maio de 1927, aos 84 anos de idade.
As importações das primeiras mudas de arvoredos, cana de
açúcar e de café, dentre outras, vieram da Colônia Velha do Ivaí. Quanto
aos produtos que se exportava para fora de Campo Mourão tinham, como mercado, a
cidade de Guarapuava. Os principais eram: arroz, queijo, toucinho, couros de
onça e de gado. A distância (de Campo Mourão a Guarapuava) era de 44 léguas
(264 kms), aproximadamente;
Folha 8
Já naquele tempo, um couro de anta vendia-se por Rs $ 5.000
(cinco mil réis) ou trocava-se por uma peça de algodãozinho (tecido). O preço
do arroz era de Rs $ 4.500 (quatro mil e quinhentos réis) a quarta. O queijo era
Rs $ 1,00 (um réis) o quilo, e assim por diante. Demorava-se cerca de 20 dias
para ir (a Guarapuava) e voltar (a Campo Mourão) com bom tempo, porém, com mau
tempo (chuvas) esse prazo era gasto somente para vir de Pitanga a Campo
Mourão, ficando-se, geralmente, ilhado entre um rio e outro nos tempos das
cheias (não existiam pontes).
Faltou sal -Certa vez, numa destas viagens houve muita demora da comitiva que tinha ido buscar o sal e faltou em toda a vizinhança (de Campo Mourão). Então a mulher de Luiz Pereira se lembrou de umas qualheiras salgadas de fazer queijo e lançou mão do seguinte expediente: lavava as ditas qualheiras e com a água (que sobrava) temperava a comida. Mas logo terminou o sal das qualheiras e todas as famílias de Campo Mourão tiveram que comer alimentos sem sal, até a chegada da comitiva.
O combinado entre os vizinhos daqueles tempos era o de
cooperação mútua, pois antes (de levar e trazer mercadorias) reuniam-se em
conferência e combinavam (entre as famílias) que dois ou três (homens) se
encarregassem da viagem. Então reuniam, nos cargueiros de cada morador, os
produtos a vender (e a lista a comprar) e saiam a fim de fazer as vendas e as
compras para todos (de Campo Mourão). Quando se aproximava a outra viagem,
outras três pessoas iam, e assim por diante (revesavam-se). Estas viagens pelo
sertão eram feitas com uma pessoa a pé que ia na frente dos cargueiros, com um
bom facão de mato (em punho) que cortava bem, e assim abria passagem aos
animais e cavaleiros.
Naquele tempo, nem em sonhos se passava em nossa ideia de
como poderia ser um automóvel, quanto mais um avião, pois todas as viagens eram
feitas, quando não a pé, era no lombo de animais (e carros-de-bois).
A cruz de cedro brotou e virou árvore no tumulo da primeira mulher
sepultada no cemitério de Campo Mourão
Dia 17 de Novembro de 1908, o Velho desbravador do sertão de Campo Mourão e seus filhos sentiram a cruciante dor na alma ao presenciar
o falecimento de sua venerável esposa e mãe (Maria Teodora), companheira de
tantos sacrifícios, mãe extremosa que nunca titubeou em proporcionar amparo e
carinhos necessários para o levantamento moral de sua família.
Foi curtindo aquele desgosto que o acabrunhava, que o Velho
Sertanejo tudo abandonou em Campo Mourão, realizou seus negócios e seguiu à
Guarapuava a fim de se distanciar de tantas preocupações e infortúnios. Voltou
a São Paulo onde, por esse tempo, faleceu seu irmão mais novo, João Pereira,
tendo o Velho então, que tomar para si...
Folha 9
as responsabilidades dos negócios de sua cunhada e comadre.
Mas quando tudo parecia normalizado depois dos passamentos de sua esposa e
irmão, para alegria do Velho Jozé Luiz Pereira, soube, em São Paulo, que seus
filhos Luiz, Manoel e Sebastiana iam se casar, cuja participação foi feita por
um deles. Porém como não queria mais voltar ao Paraná, de São Paulo mesmo rumou
em direção a Mato Grosso. Levou consigo a cunhada viúva e um filho da mesma de
nome Miguel Pereira sendo que este, tão logo lá chegou, casou-se e cuidou da
sua mãe até o fim da vida.
O Velho Sertanejo, ainda que carregado de anos, porém com
uma constituição de aço, casou-se com uma viúva de nome Ana, a qual tinha duas
filhas que ele fez casarem-se logo. Porém não durou muito sua emigração a
outras plagas, e faleceu em 1926, com a respeitável idade de 74 anos. Deixou
saudade aos seus filhos e familiares. Segundo notícias, ele deixou bons haveres,
como seguem: terrenos, rezes (gado), carros (de bois) e boiada.
Seus dois filhos e a filha, que casaram em 1913, passaram a
residir em Palmeirinha (próximo a Pitanga), município de Guarapuava e
acompanharam de perto, o progresso da região de Campo Mourão. O declarante
(destas narrativas), por volta de 1916, assumiu a Delegacia de Polícia de
Palmeirinha, quando, então sempre tinha informações de Campo Mourão.
Em 1908 chegou uma exploração de estrada a Campo Mourão que
partiu de Guarapuava, cujo chefe era o Doutor Tate e seu engenheiro era Rômulo
Tavizzani.
Em 1909 outra exploração teve início em Campo Mourão tendo
como marco de saída o povoado de Reserva. O traçado seguia por Cândido de
Abreu, à direita da Campina Alta, cruzava o Rio Corumbataí, o Rio Liso ao qual
deram o nome de Muquilão, seguia pelo Rio Formoso, Rio da Vargem (Várzea) e saia na
Fazenda Santa Maria (Rio Ranchinho), propriedade de Guilherme de Paula Xavier, daí se ligava ao
Picadão já existente que demandava a Pitanga. À frente desta (segunda)
expedição, achava-se o engenheiro e sertanista Edmundo Mercer o qual, ao passar
as margens do Rio Corumbataí, ali fez uma grande plantação de feijão porque o
fazendeiro (Jorge) Walter disse precisar de feijão a fim de sustentar seus
peões. Esse cereal era escasso nestas paragens e, após a colheita, mandou uma
tropa arreada, pela picada do Engenheiro...
Folha 10
Engenheiro à Corumbataí a fim de conduzir o feijão
necessário, tendo para lá seguido: o declarante, Francisco Walter e um irmão
menor de nome Alcebíades Walter, ambos filhos de Jorge Walter, para trazerem
oito cargueiros de feijão, sendo quatro destinados ao fazendeiro (Jorge Walter)
e o outro tanto para consumo da comitiva do engenheiro Mercer. No segundo dia
de viajem (no transporte do feijão) o tempo começou a chover torrencialmente e
como tinham que passar por três rios em canoas: da Vargem, Muquilão e
Corumbataí, na volta achavam-se transbordantes. Passaram o primeiro sem
novidades, mas no segundo quase pereceu o declarante e os demais. Como não dava
para passar com a canoa simples, fizeram uma espécie de balsa com duas canoas
amarradas uma na outra, firmando-as com travessões; carregaram cinco cargueiros
de feijão e tocaram a balsa (improvisada) com varejão, porém, em dado momento,
não se podendo mais alcançar o fundo do rio com o varejão, a balsa ficou
descontrolada e começou a rodopiar e a rodar ao mesmo tempo, próxima a uns 60
metros de onde existia uma cachoeira. Com todo esforço possível a um humano,
conseguiram encostar a tal balsa na barranca do rio a alguns passos apenas da
cachoeira. Subiram abordando a rampa do rio até chegar no porto desejado.
Seguiu-se a viagem e, no Rio Formoso, um burro carregado caiu, porém com um
esforço conjunto dos que compunham a comitiva o animal foi salvo bem como a
carga que levava. No mais, a viagem até seu termo, foi tudo bem.
Em 1918, pela influência política e ligado aos interesses
particulares, Guilherme de Paula Xavier e outros, muito trabalharam para
a criação do Distrito Policial de Campo Mourão, que funcionou e teve como
primeiro sub-delegado de polícia o Miguel Luiz Pereira e no cargo de
escrivão, Joaquim Pereira Vitor.
Já o Distrito Judiciário foi instalado, em Campo Mourão, em
1921 e assumiu o cargo de Juiz de Paz, o cidadão Guilherme de Paula Xavier
tendo como seu escrivão o mesmo da Polícia (Joaquim Pereira Vitor) que
realizaram o primeiro matrimônio entre Oliveira Aleixo e Hercinda Pereira de
Campos, filha de Pedro Ovídio Pereira e neta do finado Jozé Luis Pereira.
Em 1919, surgiu a empresa ALICA de Erva Mate, com seus
acampamentos em Mamborê. Saíram na estrada de Campo Mourão-Pitanga,
proximidades da Campina da Coita, quando se começou a transação de bons
negócios do pessoal do Campo (Campo Mourão)...
Folha 11
com a referida Empresa. E, finalmente, em 1924, quando da
passagem dos revoltosos de Prestes (Coluna Prestes) pela referida Empresa,
deram grandes prejuízos a mesma, vindo mais tarde, em conseqüência disso, a ser
liquidada as margens do Rio Piquiri.
Em 1929, Manoel Mendes de Camargo, conseguiu uma
estrada carroçável de Pitanga a Campo Mourão (Picadão) por conta do Governo do Estado e
recebeu, em troca dos serviços, uma concessão de 7.000 alqueires de terra entre
as localidades de Barro Preto e Estiva (margem esquerda da mesma estrada
(Roncador/Campo Mourão) cujo empreiteiro e realizador (do trecho) foi Pedro Rodrigues Monteiro, conhecido pela alcunha de João Bento.
Pouco mais tarde, lá pelo ano de 1934 (mil novecentos e
trinta e quatro), Benjamim Teixeira e sua esposa foram nomeados professores desta sede (Campo Mourão), com subvenção do Governo, conforme Decreto
n° 411, de 20 de fevereiro de 1934, que pouco tempo durou, sendo esta a
primeira escola a funcionar em território de Campo Mourão.
Daí em diante, até 1940, relativamente, pouco progresso teve
Campo Mourão, que voltou a acordar quando o Governador (Interventor) Manoel
Ribas ordenou ao engenheiro Sady Silva medir o Patrimônio da Vila de Campo
Mourão onde já existia uma certa medição feita pelo Snr. Feitosa. Antes havia
uma pequena vila em outro local a qual foi abandonada e não temos referências onde se localizava.
Nessa época é que começou o povoamento efetivo, tanto no
quadro urbano como no interior de Campo Mourão, pois se iniciaram, junto com as
medições da terra, as vendas por parte do Estado. Mandou-se logo edificar a
Cadeia Pública e uma Escola, com auxílio do povo. E no meio da praça (perto do
Bosque das Copaíbas) foi feito (perfurado) um poço que perdura até hoje (1952) com muita serventia aos habitantes (sobre o antigo local está o chafariz da praça central).
Os primeiros moradores que vieram de fora para a vila,
foram: João Schnner - professor estadual, Jocelin (Cilião de) Araújo – primeiro
comerciante na praça, dono da Casa Iracema inaugurada em 5 de Junho de 1941. O
construtor dessas (primeiras) casas foi o Snr. Benedito Lisboa, conhecido pela
alcunha de Vivi, que também fez uma casa para si a qual vendeu em seguida, ao
Escrivão Distrital, Laurindo Borges. Por esse tempo, também se estabeleceu no
patrimônio a primeira Hospedagem de Sebastião Ribeiro. Em 1942 o Padre...
Folha 12
Padre Aluízio iniciou os trabalhos de construção da Igreja
Paroquial, auxiliado pelo povo concluída em 1945. No mesmo ano uma Igreja dos Adventistas do
Sétimo Dia foi igualmente erigida, bem como outra da Congregação Cristã do
Brasil.
As autoridades Judiciárias, desde e instalação do Distrito
Judiciário, em 1921, até o presente (1947) foram Juízes de Paz: Guilherme de
Paula Xavier, Miguel Custódio, Ernesto Martins Tavares, Francisco da Rocha
Walter, Antonio Camilo de Moraes, José Teodoro de Oliveira, João Xavier
Padilha, Alfredo Senger, Miguel Scharan e José Antonio dos Santos que também
exerceu o cargo de Juiz de Direito da Comarca.
As autoridades policiais, desde 1934, foram: Miguel Luiz
Pereira, Sub-delegado Avelino Blanc, Eduardo Galeski, Joaquim Teodoro de
Oliveira, Teodoro Metchko, Cezario Rocha – invstigador da Polícia Civil;
Generozo Nascimento – fiscal da Guarda Civil de Curitiba, Lazaro Mendes –
investigador policial, qual, com a elevação (de Campo Mourão) a Município e
Comarca foi nomeado o primeiro Delegado de Polícia, cargo atualmente exercido
por Renato Romeiro Pinto de Mello.
Os escrivães distritais de Campo Mourão foram: Joaquim
Pereira Vitor, Tiburcio Batista de Oliveira, Olegário Caldeira Filho, João de
Paula Pereira, Laurindo Borges, Paulo Stauch Filho, Euclides Lima Crosseti e o
atual Artur Moreira de Castilho – Escrivão do Crime, Registro Civil e Anexos
(depois substituído pelo escrivão vitalício, Ville Bathke).
A Coletoria (Estadual de Rendas) de Campo Mourão foi criada
pelo Decreto n° 319, de 17 de março de 1947 e teve como primeiro coletor
Maurici Marinho da Rocha, removido de Laranjeiras do Sul, que foi substituído
por Gordiano de Castro, que por sua vez foi substituído por Leniro Linhares que
perdura até o presente.
Em 1945 quando da abertura da Escola Pública no Distrito de
Campo Mourão, além de João Schner, lecionaram também, as seguintes professoras:
dona Elvira, dona Ignez, professora Eulália Carneiro de Campos – efetivada no
cargo pelo Estado desde 1918, nora do Velho Sertanejo e filha de Evaristo
Antunes Carneiro, antigo professor do Distrito de Palmeirinha, Município de
Guarapuava, casado com Brasiliana Moreira de Campos.
Médicos da Colônia Mourão: Delbus Zola e, atualmente, Daniel
Portela.
O primeiro diretor da Colônia foi Julio Régis, depois Luiz
Sodré e atualmente Teófilo Wakim.
As primeiras indústrias foram instaladas em 1939: duas
fábricas de cachaça e rapaduras, uma de Pedro Mendes de Oliveira e a outra de
João Xavier Padilha.
Folha 13
O primeiro moinho de beneficiamento de arroz é de
propriedade de Teodoro Metchko, que tem em anexo um maquinário que produz
farinhas de todas as espécies. Além desta indústria instalada na sede do
Município (Av Cap. Índio Bandeira X Rua São Paulo), existem outras semelhantes
pelo interior, de menor porte.
A primeira indústria de vulto, erigida em território de
Campo Mourão, foi a serraria movida a água, também de propriedade de
Teodoro Metchko, próxima a Bica do Rio do Campo, depois vendida ao madeireiro
João Baptista Perdoncini.
Em 1944 começou a exportação de madeiras, suínos e outras
criações no comércio de Apucarana, novo mercado que se abriu, mas que, para ser
alcançado era necessário atravessar o Rio Ivaí em uma balsa feita com troncos
de palmito, propriedade de Damião Olenski. Para se chegar de Campo Mourão até
lá, foi aberta uma picada a casco de animais, depois carroças, até que o
engenheiro Sady Silva, designado pelo Estado, completou o trecho com uma
estrada que até dava trânsito a veículos maiores.
O primeiro que se aventurou a passar pela balsa e por essa
estrada foi Jair Bertier que, com sua ‘jardineira’ foi incentivado
por José Pereira Carneiro (Zé Mineiro) a chegar, pela vez primeira, em
Apucarana e tentar estabelecer uma linha entre aquela cidade e Campo Mourão,
uma vez que já fazia a linha Pitanga a Campo Mourão, mas Bertier desistiu
porque faltavam passageiros e as dificuldades de transitar naquela estrada eram
muito grandes, principalmente quando chovia.
Em 1948, a Empresa Garcia do Norte do Paraná, iniciou seus
serviços em Campo Mourão, mas também, não conseguiu se firmar, pelas mesmas
circunstâncias de Bertier.
Foi quando, em seguida, surgiu em Campo Mourão o Expresso do
Oeste, de Elias Xavier do Rego, que comprou duas jardineiras de 12 lugares cada
uma e colocou seus dois filhos: Joaquim e Aristóteles (Toti) Xavier do Rego na
condição de motoristas, na linha Campo Mourão/Pitanga. Uma jardineira ia de
Campo Mourão e a outra vinha de Pitanga, todos os dias, às 6hs da manhã, sem
horário de chegar, pois os imprevistos eram muitos. Quando chovia, atolavam.
Ainda em 1947 foi feito um grande campo de aviação, uma
verdadeira maravilha da natureza, pois sem grandes despesas, foi feito pelo
povo, próximo a cidade (Campo do Gavião). Deve-se essa conquista aos esforços
feitos pelo Cel. Aviador Geraldo Ghia de Aquino (do Correio Aéreo Nacional)
que, constantemente, nos tem visitado e traz, diretamente do Rio de Janeiro,
algo de interessante e educativo ao povo deste rincão, com funções
cinematográficas e outros divertimentos, tudo isso desinteressadamente.
Folha 14
Existe, em Campo Mourão, muitas fazendas ao redor, como sejam
as de Josefina Condas Xavier viúva do venerando Guilherme de Paula Xavier um
dos patriarcas da formação de Campo Mourão; a do Dr. Pedro Correia Neto, a do
Deputado Verneck e a do cidadão Francisco de Albuquerque, chefe político local situada na Serra da Figueira, denominação esta dada, ainda, pelo filho do Velho
Sertanejo, Pedro Ovidio Pereira, em 1915, na exploração que fazia com João Bento,
empreiteiro de Manoel Mendes de Camargo, de uma picada que deveria sair no
Porto São José, no grande Rio Paraná.
O local foi reconhecido por causa das explorações anteriores e sinais de uma grande fogueira feita debaixo de uma enorme figueira milenar, com suas enormes raízes por todos os lados, num desafio a própria natureza.
O local foi reconhecido por causa das explorações anteriores e sinais de uma grande fogueira feita debaixo de uma enorme figueira milenar, com suas enormes raízes por todos os lados, num desafio a própria natureza.
Em 22 de janeiro de 1949 foi instalada a Comarca de Campo
Mourão pelo Juiz da 1a Vara de Londrina, Antonio Franco
Ferreira da Costa. Fazia parte da comitiva oficial, o deputado estadual Acyoli
Neto que representou o governador do Estado e Edmundo Mercer Junior. Neste ano
também foi instalada, para serviços de comunicação, uma poderosa estação de
rádio-telegrafia.
A primeira farmácia a se estabelecer em Campo Mourão, foi a
Farmácia Luz, de Waldemar Roth.
O Município, criado em 10 de Outubro de 1947, tem três vilas
bem adiantadas: Peabiru, Mamborê e Araruna e outros patrimônios em formação.
O dentista José Antonio dos Santos foi nomeado prefeito
tampão (18/10 a 26/12/1947) e no dia 15 de novembro foi eleito prefeito, pelo
voto popular, Pedro Viriato de Souza Filho (PSD) empossado dia 27/12/1947 pela
primeira câmara de vereadores (1947/1951) do Município de Campo Mourão – PR,
formada por oito representantes: Augusto Mendes dos Santos, Devete de Paula
Xavier, Daniel Portella, Joaquim Teodoro de Oliveira, Newton Ferreira de
Albuquerque, Porfirio Quirini Pereira, Waldomiro Cilião de Araújo e Waldemar
Roth, todos do Partido Democratico Social – PSD o mesmo do governador de então,
Moysés Wille Lupion de Tróia (1947/1951). Pedro Viriato renunciou dia 16 de
março de 1951, substituído por Devete de Paula Xavier que também renunciou,
assumindo, então, Joaquim Teodoro de Oliveira.
O segundo prefeito eleito de Campo Mourão foi o médico
peabiruense, Daniel Portela (5/12/51 a 4/12/55).
Na sede têm dois bons hotéis, ambos dirigidos por seus
proprietários, Eugênio Zaleski (hotel Central) e o de Jorge Brazil de Almeida
(Hotel Rio Grande).
A sede já tem, também, três casas comerciais bem sortidas,
além de lojas de fazendas (tecidos) e armarinhos; três bares com suas
respectivas mesas de snooker.
Histórias
A história de Campo Mourão, como acontece com a história de
outras regiões, também tem suas curiosidades.
Foi encontrado, por exemplo, um lugar às margens do Rio Ivaí
com sinais de ter havido ali uma civilização muito antiga, onde acharam uma
pedra de moinho com data de 1537 a 1577, cuja cidade em ruínas era denominada
Vila Rica (Fênix – PR), construída pelos Jesuítas e destruída pelos
bandeirantes.
No início, aqui em Campo Mourão, existia muito índio. De uma
certa feita o “coronel” Guilherme de Paula Xavier, que já transitava nesta zona
desde 1884 procurando beneficiar sua Fazenda, hoje (1952) espólio Santa Maria,
ao pernoitar em certo lugar em uma de suas habituais viagens para Guarapuava,
foi vítima do furto de várias ferramentas de seu uso e, como tinha mais e não
querendo ficar sem as mesmas, procurou um lugar e as enterrou dentro de um
tacho de cobre. Porém, ao voltar anos depois, não conseguiu lembrar-se do local
e deixou, desta forma, as ferramentas enterradas. No decorrer do tempo ele
contou o fato a seus filhos mais moços. Aconteceu que em 1942, o cidadão Alfeu
de Paula Xavier, filho do finado Guilherme, encontrou as ferramentas em
questão, dentro do tal tacho de cobre, sem cabos e bem enferrujadas.
Assinatura no Título de Eleitor.
Observe o Jozé com z e o Luis com s
Originais e transcritos e editados por Wille Bathke Jr
Dias 7, 8, 9 e 10 de fevereiro de 2015, Campo Mourão – PR.
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