12/02/2015

* FIXAÇÃO DE JOZÉ LUIS PEREIRA POR CAMPO MOURÃO


 
Fandango

A SAGA DO VELHO SERTANEJO DE CAMPO MOURÃO

Introdução


O autor dos transcritos que se seguem procurou manter o máximo possível a grafia original, com ligeiras modificações a fim de facilitar o entendimento da primeira narrativa histórica de Manoel Silvério Pereira grafada pelo advogado pioneiro, Nelson Bittencourt Prado, em 1952, quando Campo do Mourão, aos cinco anos da sua emancipação política e econômica, já caminhava com suas próprias pernas. 
Este registro é riquíssimo na precisão de fatos e datas, com citações de nomes (de homens e mulheres) que tiveram influência direta no florir do desenvolvimento de Campo Mourão a custa de enormes sacrifícios e risco da própria vida, dada a extrema falta de meios e recursos de subsistência e difíceis deslocamentos nas épocas aqui citadas. 

O destaque principal desta rara narrativa, sem dúvidas, é a figura heroica e destemida de Jozé Luis Pereira, pela sua tenacidade e coragem de enfrentar a busca do desconhecido através dos intrincados sertões brutos, de terra sem dono do Oeste do Paraná e Sul de Mato Grosso.
Pela saúde de ferro, sua idade avançada e tenacidade é que me permito chamá-lo carinhosamente de: “O Velho Sertanejo”.

    


 


     
 
Alguns dos 20 textos originais datilografados por Nelson Bitencourt Prado, com depoimentos de Manoel Silvério Pereira, filho de Jozé Luis Pereira, sobre a descoberta de Campo Mourão e sua evolução a contar de 1903 até o início da década de 1950.

 
UM POUCO DA VIDA DE JOZÉ LUIS PEREIRA,
O DESBRAVADOR DOS SERTÕES DO OESTE DO PR
PIONEIRìSSIMO DE CAMPO MOURÃO. 

JOZÉ LUIS PEREIRA era proprietário da Fazenda Cachoeira, no patrimônio de Ilha Grande – SP, que recebeu como herança de seu falecido pai, José Luiz Correia casado com dona Maria Teodora Pereira.

A ‘cachaça’ do sertanejo era caçar nas florestas bravias, dançar fandango, cantar e ouvir cantar ao som de viola; viajava muito em carros-de-bois e a cavalo, pelas esguias e precárias estradas da época.
No início de 1897 resolveu deixar sua terra natal, e embrenhou-se rumo ao sul, em direção ao Estado do Paraná. Conduziu sua mudança, sua família, sua veneranda mãe viúva e adoentada Maria Teodora Pereira e seu irmão Ignácio Luiz Pereira (que a cuidava), em dois carros-de-bois e ele a cavalo.

Os Pereira seguiram viagem em demanda ao Paraná e passaram pelas localidades de Piraju, Rio Verde, São José da Boa Vista (estas em SP) e, já em território paranaense, cruzaram por Castro, Jaguariaíva, Piraí e Ponta Grossa, justamente no tempo da construção da Estrada de Ferro São Paulo/Rio Grande do Sul. Em seguida os Pereira rumaram a Oeste do Paraná e atingiram Conchas, às margens do Tibagi onde se transpunha o rio sobre uma velha ponte-flutuante (de madeira). Daí alcançaram Imbituva, Prudentópolis onde encontraram as primeiras famílias de origem polonesa que povoaram e colonizaram aquela região. No dia 3 de Abril de 1897, alcançaram Guarapuava, cidade e comarca de todo o extenso sertão do Oeste e Noroeste do Estado do Paraná. 


Consta que, os dois carros-de-bois que compunham a comitiva, foram os primeiros a transpor a Serra da Esperança e descer ao planalto guarapuavano.

Em Guarapuava, parte da comitiva, encabeçada pelo Velho Sertanejo e sua esposa Dona Maria Silvério Pereira,  instalou-se, provisoriamente, em uma antiga fazenda pertencente a Manoel Norberto Cordeiro (Comendador Marcondes) juntamente com seus oito (8) filhos e um genro: Maria Luíza Pereira casada com José Martins de Oliveira Mello, José Cândido Pereira, João Barnabé Pereira, Pedro Ovídio Pereira, Antonio Armonia Pereira, Luiz Pereira Silvério, Manoel Silvério Pereira e Sebastiana Silvério Pereira, totalizando 11 pessoas entre pais, filhos, filhas e genro, nesta primeira leva da família Pereira.

Transcrito da Folha 2

A casa onde o sertanejo ficou com seus familiares era toda de pedra, de construção secular e estava situada às margens do Rio São João, sendo que a outra parte da comitiva ficou em uma estância de nome Campo de Fora, na mesma fazenda.Tendo, Jozé Luis Pereira, adquirido conhecimentos com fazendeiros guarapuavanos, logo granjeou amizades com outros sertanejos da região e obteve informações de Campo Mourão que já contava, naquele tempo, com 20 registrantes. Preparou tudo e seguiu, com sua comitiva, rumo a Oeste, mas deixou seus familiares em Guarapuava para embrenhar-se na mata adentro, por um picadão abandonado desde o tempo da revolução de 1893. Picadão este, pelo qual Manoel Norberto Cordeiro (Comendador Norberto Marcondes) e outros aventureiros já tinham ido a Campo Mourão na época em que amansavam índios.Com espaço de algum tempo conseguiu, nosso Sertanejo e comitiva, cruzar os rios Paiquerê e Cantu e saiu nos faxinais onde perderam os vestígios do Picadão. O tempo estava chuvoso. O Sertanejo percebeu o perigo de uma enchente que os ameaçava e deu ordens de voltar. Quando chegaram as margens do Cantu o mesmo transbordava o que tornou perigoso seu cruzamento, mas como o Sertanejo era intrépido, mandou a comitiva tocar na água mesmo com o rio cheio e logo rodou rio abaixo, um burro com toda a carga que levava, da qual não se aproveitou nada. Deste ponto regressou a Guarapuava e procurou lugar melhor a fim de se instalar com sua família. Foi quando teve notícias de que Manoel e José Freitas eram possuidores de um registro de terra em Pitanga. Depois de algumas diligencias, Jozé Luis Pereira colocou-se na terra dos irmãos Freitas, sem tirar do pensamento de mais uma vez tornar a encontrar o ditoso Campo Mourão. Por esse tempo vieram de São Paulo mais dois irmãos e um cunhado que reuniram seus entusiasmos ao do Sertanejo, certos de que muito podiam prometer no sentido de melhorar o futuro de seus descendentes.
Em 1900 veio, de Curitiba, um Batalhão de Engenharia (do Exército) ordenado pelo Governo do Estado, com a missão de explorar a região entre Guarapuava, Noroeste do Estado até o Rio Paraná. A Comissão era dirigida pelo capitão Caetano Albuquerque de Faria que tinha como oficiais subalternos: Amorim, Aranha, Escobar e outros. O Aprovisionador (de alimentos) era Antonio Feijó. 
Esse traçado (de Guarapuava ao Rio Paraná) passou por Pitanga, Borboletinha, Rio Corumbataí, Rio Antinhas, Rio...


Transcrito da Folha 3

Rio Antinhas, Rio Quinze, Rio Taquaruçú, Rio Liso, Rio Bonito, Rio Formoso, (Campina) Lizeta, Rio Sem Passo, Rio da Campina, Rio Remanço que logo após tomou nome de (Rio) Goio-erê, Rio Ivaí e, finalmente, por este, chegaram ao Rio Paraná.

Jozé Luis Pereira empregou, nesta Comissão, seu filho João Barnabé Pereira, na função de carneador (açougueiro) das turmas. 

Nesta categoria (o filho) acompanhou os trabalhos pelo traçado afora. Quando a Comissão passou pela Campina da Encruzilhada, João Barnabé escreveu ao seu pai Sertanejo que haviam cruzado uma Campina e, conseqüentemente, estavam próximos de Campo Mourão. Esse ponto do Picadão depois foi denominado Campina da Coita (proximidades da Gleba Santa Maria).

O Velho, apesar de ser eleitor, como prova seu título em poder do relatante e filho, não lia muito bem e, então, mandou ler a dita carta por outro filho. Ciente do contido na carta elevou seu pensamento aos céus e pediu a Deus "que seus desejos fossem realizados." Imediatamente levou a notícia aos seus amigos e conhecidos: Herculano Moreira e seu primo Joaquim Moreira, a Manoel Norberto, José Simão e outros. Os dois primeiros se prontificaram a acompanhar o Sertanejo nesta corrida a Oeste em busca da lendária terra de Campo Mourão e, sem perda de tempo, se puseram a caminho. Embrenharam-se mata a dentro, desta vez pelo traçado largo aberto pela Comissão (do Governo). 

Também acompanharam esta comitiva, o filho Pedro e mais dois camaradas. Em pouco tempo avistaram a dita Campina e agora restava saber que rumo seguir. O Velho olhou para cima, como para orientar-se, depois olhou para os lados e marcou (apontou) um rumo e tocou, em seguida, o mato com seu facão, enquanto o mais da turma alargava o Picadão por onde pudessem passar os animais e os cargueiros com os mantimentos tão necessários, destinados à subsistência da tropa. Chegaram, enfim, a margem de um rio bem volumoso de água, ao qual Jozé Luis Pereira deu o nome de Rio da Vargem (atual Rio da Várzea). 

No dia seguinte bateu muita chuva que os obrigou a se arrancharem por alguns dias naquelas paragens, até que um certo dia, quando as chuvas já estavam poucas, numa manhã garoenta, o Sertanejo convidou seu amigo Herculano a explorar o mato e saíram logo na Campina (Fazenda Santa Maria) onde havia o espólio de Guilherme de Paula Xavier e como era um campo de muitos capõezinhos, carrascais e não fazia sol naquele dia, eles, ao invés de tomar rumo certo, fizeram sem dar por acabado, 


Transcrito da Folha 4

uma volta completa e cruzaram, novamente, onde já haviam passado dias antes. Disse, então, o Velho ao seu companheiro: -"Por sorte não nos perdemos. Olhe a nossa picada".
Muito assustado, responde-lhe Herculano: -"Não será vestígios de índios?"
-"Não!, disse o Sertanejo, olhe aqui o golpe do meu facão!" 
Dali voltaram ao acampamento e como o tempo continuava de chuvas e o fornecimento estava se esgotando, no dia seguinte regressaram a Pitanga.
Mal esperou o tempo firmar, o Velho Sertanejo preveniu-se do necessário e retornou ao sertão (pela terceira vez) e desta feita saiu em Campo Mourão. Logo procurou boa aguada, começou a fazer roça e somente após a colheita da mesma é que voltou a Pitanga em busca dos seus familiares. No meio do caminho encontrou a mudança do seu irmão Antonio Luis, que vinha Picadão adentro (sentido Pitanga/Campo Mourão).
Nesse meio tempo o Cap. Caetano ligou o Picadão ao Rio Paraná e recebeu ordens de retirada de sua comitiva. 
Com a retirada militar, o plano de Jozé Luis Pereira era o de conservar aquele Picadão aberto até o Rio Paraná, mas concluiu que o pessoal que estava em Campo Mourão  era insuficiente para tal conservação, e desistiu do plano. 
Porém na ânsia de penetrar mais e mais na direção Oeste a fim de alcançar o Estado de Mato Grosso, seguiu até o Rio Ivaí acompanhado de dois filhos. Fizeram uma grande canoa com o propósito de explorar o Ivaí e conseguir levar a mudança para Mato Grosso. Porém havia chegado ao conhecimento de seus amigos guarapuavanos a empreitada difícil que pretendia empreender.
Então Manoel Moreira de Campos e outros, lhe escreveram uma carta na qual diziam que diversos homens que tinham posses em Campo Mourão (sem nunca terem estado aqui) propunham ajudá-lo no povoamento da dita terra e, com a legitimação das posses, escriturariam certa quantidade de terra em seu nome, bem como lhes ajudariam com algumas criações. O Velho aderiu aos seus amigos, aceitou a proposta, e voltou ao sertão mourãoense, fez nova roça e casa de moradia. Arrumou a comitiva, contratou dois camaradas: Luiz Baiano e Manoel Borges e veio com três dos seus filhos: Pedro, Luiz e Manoel, bem assim seu amigo Herculano Moreira e, junto com eles veio o fazendeiro Manoel Norberto Marcondes (Comendador) que seguiu rumo a Mato Grosso, pelo Picadão, a fim de cobrar uma conta (dívida) de Antonio Feijó que devia ao Comendador proveniente de gado fornecido ao Batalhão (de Engenharia), do qual Feijó era o fornecedor. Nesta viagem foi acompanhado por Jozé Luis Pereira e Herculano. Este último não voltou mais.


Transcrito da Folha 5
Manoel Norberto Cordeiro (Comendador), de volta de Mato Grosso, trouxe dois indiozinhos “Cafua” da barra do Rio Ivaí, os quais batizou de: Mato Grosso e Paraná. 
Nesse tempo saiu (de Campo Mourão) rumo a Pitanga o irmão do Sertanejo, Antonio Luiz Pereira ao saber que sua senhora iria ganhar nenê e, em seu lugar, ficou de caseiro o velho mineiro Lúcio que foi soldado do Batalhão explorador, que deu baixa em Pitanga. Lúcio, primeiro, ficou com o Sertanejo e, em seguida, passou a residir com Antonio Luiz (Pereira) quando este voltou a Pitanga.
Depois de cinco meses de vida solitária do velho Lúcio em Campo Mourão, é que o Sertanejo regressou. Quando o velhinho (que aqui estava de caseiro, sozinho) encontrou-se com a comitiva na porteira da mangueira rolou-lhe lágrimas pelas faces de saudade de seus amigos, emocionado pelo reencontro que acabara de ter. 


Nova Expedição
O Velho Sertanejo obteve informações de que existia outro Campo que deveria ser o verdadeiro Campo Mourão e que no qual estava, era o já conhecido Campo do Abarrancamento, sendo que interessado em descobrir o verdadeiro Campo Mourão, informou-se com um índio conhecido por Bandeira e este lhe deu um rumo errado pois, mais tarde, verificou-se o fato. 
Antes ainda, de fazer roça e casa, preparou-se com uma quantidade de paçoca de carne de anta, barraca de algodão encerado, machado e um terrível cão tigreiro, o mais feroz dos cães daquela época, que atendia pelo nome de “Voluntário”. Certa vez o dito cão acuou um “Pintado” (onça) que estava trepado, e o Sertanejo ao chegar próximo da árvore, o galho onde se achava o tigre quebrou e o animal veio ao solo. Tão logo a fera caiu no chão, o cão agarrou-a, tendo o Sertanejo ouvido das duas feras em luta que parecia acharem-se agarradas uma com a outra; o Velho correu ao local sem fazer picada, por baixo do taquaral, e quando lá chegou o tigre havia desistido da luta e novamente estava trepado em uma árvore de Pessegueiro Brabo que tinha somente dois galhos. O Sertanejo mirou com sua arma de caça, bem no estomago da fera...


Transcrito da Folha 6
e deu ao gatilho da arma. Uma vez atingida a fera que, na ânsia da morte, subiu mais alto, chegou a partir o galho e caiu, em seguida, na boca do cão que estava a sua espera. Jogou-se na garganta da fera como se fosse um pedaço de carne atirado para ele. Depois da morte do animal verificou-se ser uma tigresa (onça) nova, cujo couro mediu nove palmos. Em seguida o Velho voltou com os três filhos ao sertão, de malas nas costas e, de um rancho que havia feito para plantar roças, ele marcou um rumo, tocou o facão no mato e foram pernoitar as margens de um rio que denominaram de Rio Claro. No dia seguinte amanheceu chovendo, falharam; depois se tocaram no mato por seis longos dias e voltaram rastro atrás. Ainda não estava convencido que encontrou Campo Mourão e, dali uns dias, mandou seu filho Pedro Luiz e dois camaradas seguirem sua picada até certo ponto, e dali penderem em direção do Rio Ivaí e sair na picada de lá. Assim foi feito, mas não surtiu resultado a descoberta que tinha em vista, pois nem sinal do Campo encontraram.  Nesse tempo em diante, o Velho Sertanejo viu e percebeu esgotarem-se os dias de sua vida sem ter feito qualquer coisa de positivo. Começou a fazer plantações, construiu uma casa, foi efetivar sua mudança e receber o que os amigos haviam lhe prometido. O primeiro ajutório que recebeu foi do Cel. Pedro Lustosa, que lhe vendeu 10 novilhas de dois anos cada uma, para serem pagas no prazo de cinco anos com outras da mesma idade. Manoel Lopes deu, de sociedade, 10 éguas e um bagual (garanhão) por cinco anos e deu também, um  burro arreado destinado ao transporte de sal. Manoel Moreira de Campos, Manoel Norberto Cordeiro, Alípio Marcondes, José Simão, Higino Bitencourt, Nafael Pinto, Guilherme de Paula Xavier e outros, deram uma novilha cada um, enquanto Olímpio e Honório Lisboa deram dois sacos de sal (grosso).
No total, Jozé Luis Pereira, recebeu: 21 novilhas, 10 vacas e 3 touros que trouxera de São Paulo, mais algumas cabeças compradas, 2 bois carreiros, que completaram: 61 cabeças de gado vacum e 20 animais entre cavalares e muares, enfim um bom começo para uma fazenda (em Campo Mourão).
A mudança da Família Pereira chegou a Campo Mourão dia 16 de Setembro de 1903, e ficou acomodada em seu rancho que bem podia denominar-se seu Lar Feliz onde, pelo espaço de cinco anos, passou seu tempo.


Folha 7
Por este tempo entraram (em Campo Mourão) as mudanças de seus irmãos Luiz Pereira e Miguel Luiz Pereira, além de mais três outras famílias de Américo Pereira Pinto,  genro do Sertanejo, Luiz Silvério e Cesário Manoel dos Santos. Pouco tempo depois chegaram as famílias de Ananias Luiz Pereira e José Luiz Pereira Sobrinho. Depois de quatro longos anos (1907) é que novas famílias chegaram a Campo Mourão, entre as quais as de Bento Gonçalves de Proença, tio do Sertanejo; Jorge Walter chegou dia 20 de Janeiro de 1910 (Dia de São Sebastião). Veio de Pitanga com 654 cabeças de gado vacum, 48 éguas de criar e 10 cargueiros carregados de sal. Se fixou na região do Rio JJ (Rio Sem Passo) na gleba que ficou conhecida como ‘dos Walter’. Na chegada, pernoitaram as suas margens e, como a desmatação era pequena, armaram as duas barracas uma próxima da outra, sendo uma ocupada pelas cargas e a outra pela família Walter que era composta por nove filhos, além do casal (Jorge Walter e Julia Rocha Walter – Nhá Dona). À noite bateu um forte furacão e, no dia seguinte, o acampamento amanheceu arrasado de madeiras arrancadas e jogadas pelo mesmo, mas nenhuma  das barracas foi atingida. O Picadão (por onde passou o furacão) ficou como se fosse uma roça de mato derrubado por uma extensão de uns 1.800 metros (quase dois quilômetros) mais ou menos. Demoraram mais de um dia para abrir as tranqueiras novamente e retirar os animais do mato. Por sorte não machucou se nenhum animal nem pessoa alguma. Quando secou a derrubada, o velho Walter mandou queimar e plantar milho que, no tempo da colheita deu tanto milho que não venceram colher tudo. Jorge Walter tinha um empregado de nome João Cafurna, um pretinho honesto e lutador que o acompanhava (descendente de escravos) por onde ia. 
Nesse tempo (1910) também entrou a família de José Custódio de Oliveira e sua mulher, dona Gertrudes Maria de Jesus, e os filhos: Joaquim Custódio de Oliveira,  José Teodoro de Oliveira, Ana Luiza de Oliveira, Luiz Custódio de Oliveira e Miguel Custódio de Oliveira. José Custódio (pai) faleceu dia 20 de Maio de 1927, aos 84 anos de idade. 
As importações das primeiras mudas de arvoredos, cana de açúcar e de café, dentre outras, vieram da Colônia Velha do Ivaí. Quanto aos produtos que se exportava para fora de Campo Mourão tinham, como mercado, a cidade de Guarapuava. Os principais eram: arroz, queijo, toucinho, couros de onça e de gado. A distância (de Campo Mourão a Guarapuava) era de 44 léguas (264 kms), aproximadamente;

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Já naquele tempo, um couro de anta vendia-se por Rs $ 5.000 (cinco mil réis) ou trocava-se por uma peça de algodãozinho (tecido). O preço do arroz era de Rs $ 4.500 (quatro mil e quinhentos réis) a quarta. O queijo era Rs $ 1,00 (um réis) o quilo, e assim por diante. Demorava-se cerca de 20 dias para ir (a Guarapuava) e voltar (a Campo Mourão) com bom tempo, porém, com mau tempo (chuvas) esse prazo era gasto somente para vir de Pitanga a Campo Mourão, ficando-se, geralmente, ilhado entre um rio e outro nos tempos das cheias (não existiam pontes).

Faltou sal -Certa vez, numa destas viagens houve muita demora da comitiva que tinha ido buscar o sal e faltou em toda a vizinhança (de Campo Mourão). Então a mulher de Luiz Pereira se lembrou de umas qualheiras salgadas de fazer queijo e lançou mão do seguinte expediente: lavava as ditas qualheiras e com a água (que sobrava) temperava a comida. Mas logo terminou o sal das qualheiras e todas as famílias de Campo Mourão tiveram que comer alimentos sem sal, até a chegada da comitiva.
O combinado entre os vizinhos daqueles tempos era o de cooperação mútua, pois antes (de levar e trazer mercadorias) reuniam-se em conferência e combinavam (entre as famílias) que dois ou três (homens) se encarregassem da viagem. Então reuniam, nos cargueiros de cada morador, os produtos a vender (e a lista a comprar) e saiam a fim de fazer as vendas e as compras para todos (de Campo Mourão). Quando se aproximava a outra viagem, outras três pessoas iam, e assim por diante (revesavam-se). Estas viagens pelo sertão eram feitas com uma pessoa a pé que ia na frente dos cargueiros, com um bom facão de mato (em punho) que cortava bem, e assim abria passagem aos animais e cavaleiros.
Naquele tempo, nem em sonhos se passava em nossa ideia de como poderia ser um automóvel, quanto mais um avião, pois todas as viagens eram feitas, quando não a pé, era no lombo de animais (e carros-de-bois).
 
A cruz de cedro brotou e virou árvore no tumulo da primeira mulher
sepultada no cemitério de Campo Mourão


Dia 17 de Novembro de 1908, o Velho desbravador do sertão de Campo Mourão e seus filhos sentiram a cruciante dor na alma ao presenciar o falecimento de sua venerável esposa e mãe (Maria Teodora), companheira de tantos sacrifícios, mãe extremosa que nunca titubeou em proporcionar amparo e carinhos necessários para o levantamento moral de sua família.
Foi curtindo aquele desgosto que o acabrunhava, que o Velho Sertanejo tudo abandonou em Campo Mourão, realizou seus negócios e seguiu à Guarapuava a fim de se distanciar de tantas preocupações e infortúnios. Voltou a São Paulo onde, por esse tempo, faleceu seu irmão mais novo, João Pereira, tendo o Velho então, que tomar para si... 

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as responsabilidades dos negócios de sua cunhada e comadre. Mas quando tudo parecia normalizado depois dos passamentos de sua esposa e irmão, para alegria do Velho Jozé Luiz Pereira, soube, em São Paulo, que seus filhos Luiz, Manoel e Sebastiana iam se casar, cuja participação foi feita por um deles. Porém como não queria mais voltar ao Paraná, de São Paulo mesmo rumou em direção a Mato Grosso. Levou consigo a cunhada viúva e um filho da mesma de nome Miguel Pereira sendo que este, tão logo lá chegou, casou-se e cuidou da sua mãe até o fim da vida.
O Velho Sertanejo, ainda que carregado de anos, porém com uma constituição de aço, casou-se com uma viúva de nome Ana, a qual tinha duas filhas que ele fez casarem-se logo. Porém não durou muito sua emigração a outras plagas, e faleceu em 1926, com a respeitável idade de 74 anos. Deixou saudade aos seus filhos e familiares. Segundo notícias, ele deixou bons haveres, como seguem: terrenos, rezes (gado), carros (de bois) e boiada.
Seus dois filhos e a filha, que casaram em 1913, passaram a residir em Palmeirinha (próximo a Pitanga), município de Guarapuava e acompanharam de perto, o progresso da região de Campo Mourão. O declarante (destas narrativas), por volta de 1916, assumiu a Delegacia de Polícia de Palmeirinha, quando, então sempre tinha informações de Campo Mourão.
Em 1908 chegou uma exploração de estrada a Campo Mourão que partiu de Guarapuava, cujo chefe era o Doutor Tate e seu engenheiro era Rômulo Tavizzani.
Em 1909 outra exploração teve início em Campo Mourão tendo como marco de saída o povoado de Reserva. O traçado seguia por Cândido de Abreu, à direita da Campina Alta, cruzava o Rio Corumbataí, o Rio Liso ao qual deram o nome de Muquilão, seguia pelo Rio Formoso, Rio da Vargem (Várzea) e saia na Fazenda Santa Maria (Rio Ranchinho), propriedade de Guilherme de Paula Xavier, daí se ligava ao Picadão já existente que demandava a Pitanga. À frente desta (segunda) expedição, achava-se o engenheiro e sertanista Edmundo Mercer o qual, ao passar as margens do Rio Corumbataí, ali fez uma grande plantação de feijão porque o fazendeiro (Jorge) Walter disse precisar de feijão a fim de sustentar seus peões. Esse cereal era escasso nestas paragens e, após a colheita, mandou uma tropa arreada, pela picada do Engenheiro...

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Engenheiro à Corumbataí a fim de conduzir o feijão necessário, tendo para lá seguido: o declarante, Francisco Walter e um irmão menor de nome Alcebíades Walter, ambos filhos de Jorge Walter, para trazerem oito cargueiros de feijão, sendo quatro destinados ao fazendeiro (Jorge Walter) e o outro tanto para consumo da comitiva do engenheiro Mercer. No segundo dia de viajem (no transporte do feijão) o tempo começou a chover torrencialmente e como tinham que passar por três rios em canoas: da Vargem, Muquilão e Corumbataí, na volta achavam-se transbordantes. Passaram o primeiro sem novidades, mas no segundo quase pereceu o declarante e os demais. Como não dava para passar com a canoa simples, fizeram uma espécie de balsa com duas canoas amarradas uma na outra, firmando-as com travessões; carregaram cinco cargueiros de feijão e tocaram a balsa (improvisada) com varejão, porém, em dado momento, não se podendo mais alcançar o fundo do rio com o varejão, a balsa ficou descontrolada e começou a rodopiar e a rodar ao mesmo tempo, próxima a uns 60 metros de onde existia uma cachoeira. Com todo esforço possível a um humano, conseguiram encostar a tal balsa na barranca do rio a alguns passos apenas da cachoeira. Subiram abordando a rampa do rio até chegar no porto desejado. Seguiu-se a viagem e, no Rio Formoso, um burro carregado caiu, porém com um esforço conjunto dos que compunham a comitiva o animal foi salvo bem como a carga que levava. No mais, a viagem até seu termo, foi tudo bem.
Em 1918, pela influência política e ligado aos interesses particulares, Guilherme de Paula Xavier e outros, muito trabalharam para a criação do Distrito Policial de Campo Mourão, que funcionou e teve como primeiro sub-delegado de polícia o Miguel Luiz Pereira e no cargo de escrivão, Joaquim Pereira Vitor.
Já o Distrito Judiciário foi instalado, em Campo Mourão, em 1921 e assumiu o cargo de Juiz de Paz, o cidadão Guilherme de Paula Xavier tendo como seu escrivão o mesmo da Polícia (Joaquim Pereira Vitor) que realizaram o primeiro matrimônio entre Oliveira Aleixo e Hercinda Pereira de Campos, filha de Pedro Ovídio Pereira e neta do finado Jozé Luis Pereira.
Em 1919, surgiu a empresa ALICA de Erva Mate, com seus acampamentos em Mamborê. Saíram na estrada de Campo Mourão-Pitanga, proximidades da Campina da Coita, quando se começou a transação de bons negócios do pessoal do Campo (Campo Mourão)...

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com a referida Empresa. E, finalmente, em 1924, quando da passagem dos revoltosos de Prestes (Coluna Prestes) pela referida Empresa, deram grandes prejuízos a mesma, vindo mais tarde, em conseqüência disso, a ser liquidada as margens do Rio Piquiri.
Em 1929, Manoel Mendes de Camargo, conseguiu uma estrada carroçável de Pitanga a Campo Mourão (Picadão) por conta do Governo do Estado e recebeu, em troca dos serviços, uma concessão de 7.000 alqueires de terra entre as localidades de Barro Preto e Estiva (margem esquerda da mesma estrada (Roncador/Campo Mourão) cujo empreiteiro e realizador (do trecho) foi Pedro Rodrigues Monteiro, conhecido pela alcunha  de João Bento.
Pouco mais tarde, lá pelo ano de 1934 (mil novecentos e trinta e quatro), Benjamim Teixeira e sua esposa foram nomeados professores desta sede (Campo Mourão), com subvenção do Governo, conforme Decreto n° 411, de 20 de fevereiro de 1934, que pouco tempo durou, sendo esta a primeira escola a funcionar em território de Campo Mourão.
Daí em diante, até 1940, relativamente, pouco progresso teve Campo Mourão, que voltou a acordar quando o Governador (Interventor) Manoel Ribas ordenou ao engenheiro Sady Silva medir o Patrimônio da Vila de Campo Mourão onde já existia uma certa medição feita pelo Snr. Feitosa. Antes havia uma pequena vila em outro local a qual foi abandonada e não temos referências onde se localizava.
Nessa época é que começou o povoamento efetivo, tanto no quadro urbano como no interior de Campo Mourão, pois se iniciaram, junto com as medições da terra, as vendas por parte do Estado. Mandou-se logo edificar a Cadeia Pública e uma Escola, com auxílio do povo. E no meio da praça (perto do Bosque das Copaíbas) foi feito (perfurado) um poço que perdura até hoje (1952) com muita serventia aos habitantes (sobre o antigo local está o chafariz da praça central).
Os primeiros moradores que vieram de fora para a vila, foram: João Schnner - professor estadual, Jocelin (Cilião de) Araújo – primeiro comerciante na praça, dono da Casa Iracema inaugurada em 5 de Junho de 1941. O construtor dessas (primeiras) casas foi o Snr. Benedito Lisboa, conhecido pela alcunha de Vivi, que também fez uma casa para si a qual vendeu em seguida, ao Escrivão Distrital, Laurindo Borges. Por esse tempo, também se estabeleceu no patrimônio a primeira Hospedagem de Sebastião Ribeiro. Em 1942 o Padre... 

Folha 12
Padre Aluízio iniciou os trabalhos de construção da Igreja Paroquial, auxiliado pelo povo concluída em 1945. No mesmo ano uma Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia foi igualmente erigida, bem como outra da Congregação Cristã do Brasil.
As autoridades Judiciárias, desde e instalação do Distrito Judiciário, em 1921, até o presente (1947) foram Juízes de Paz: Guilherme de Paula Xavier, Miguel Custódio, Ernesto Martins Tavares, Francisco da Rocha Walter, Antonio Camilo de Moraes, José Teodoro de Oliveira, João Xavier Padilha, Alfredo Senger, Miguel Scharan e José Antonio dos Santos que também exerceu o cargo de Juiz de Direito da Comarca.
As autoridades policiais, desde 1934, foram: Miguel Luiz Pereira, Sub-delegado Avelino Blanc, Eduardo Galeski, Joaquim Teodoro de Oliveira, Teodoro Metchko, Cezario Rocha – invstigador da Polícia Civil; Generozo Nascimento – fiscal da Guarda Civil de Curitiba, Lazaro Mendes – investigador policial, qual, com a elevação (de Campo Mourão) a Município e Comarca foi nomeado o primeiro Delegado de Polícia, cargo atualmente exercido por Renato Romeiro Pinto de Mello.
Os escrivães distritais de Campo Mourão foram: Joaquim Pereira Vitor, Tiburcio Batista de Oliveira, Olegário Caldeira Filho, João de Paula Pereira, Laurindo Borges, Paulo Stauch Filho, Euclides Lima Crosseti e o atual Artur Moreira de Castilho – Escrivão do Crime, Registro Civil e Anexos (depois substituído pelo escrivão vitalício, Ville Bathke).
A Coletoria (Estadual de Rendas) de Campo Mourão foi criada pelo Decreto n° 319, de 17 de março de 1947 e teve como primeiro coletor Maurici Marinho da Rocha, removido de Laranjeiras do Sul, que foi substituído por Gordiano de Castro, que por sua vez foi substituído por Leniro Linhares que perdura até o presente.
Em 1945 quando da abertura da Escola Pública no Distrito de Campo Mourão, além de João Schner, lecionaram também, as seguintes professoras: dona Elvira, dona Ignez, professora Eulália Carneiro de Campos – efetivada no cargo pelo Estado desde 1918, nora do Velho Sertanejo e filha de Evaristo Antunes Carneiro, antigo professor do Distrito de Palmeirinha, Município de Guarapuava, casado com Brasiliana Moreira de Campos.
Médicos da Colônia Mourão: Delbus Zola e, atualmente, Daniel Portela.
O primeiro diretor da Colônia foi Julio Régis, depois Luiz Sodré e atualmente Teófilo Wakim.
As primeiras indústrias foram instaladas em 1939: duas fábricas de cachaça e rapaduras, uma de Pedro Mendes de Oliveira e a outra de João Xavier Padilha.  

Folha 13
O primeiro moinho de beneficiamento de arroz é de propriedade de Teodoro Metchko, que tem em anexo um maquinário que produz farinhas de todas as espécies. Além desta indústria instalada na sede do Município (Av Cap. Índio Bandeira X Rua São Paulo), existem outras semelhantes pelo interior, de menor porte.
A primeira indústria de vulto, erigida em território de Campo Mourão, foi a serraria movida a água, também de propriedade de Teodoro Metchko, próxima a Bica do Rio do Campo, depois vendida ao madeireiro João Baptista Perdoncini.
Em 1944 começou a exportação de madeiras, suínos e outras criações no comércio de Apucarana, novo mercado que se abriu, mas que, para ser alcançado era necessário atravessar o Rio Ivaí em uma balsa feita com troncos de palmito, propriedade de Damião Olenski. Para se chegar de Campo Mourão até lá, foi aberta uma picada a casco de animais, depois carroças, até que o engenheiro Sady Silva, designado pelo Estado, completou o trecho com uma estrada que até dava trânsito a veículos maiores.
O primeiro que se aventurou a passar pela balsa e por essa estrada foi Jair Bertier que, com sua ‘jardineira’ foi incentivado por José Pereira Carneiro (Zé Mineiro) a chegar, pela vez primeira, em Apucarana e tentar estabelecer uma linha entre aquela cidade e Campo Mourão, uma vez que já fazia a linha Pitanga a Campo Mourão, mas Bertier desistiu porque faltavam passageiros e as dificuldades de transitar naquela estrada eram muito grandes, principalmente quando chovia.
Em 1948, a Empresa Garcia do Norte do Paraná, iniciou seus serviços em Campo Mourão, mas também, não conseguiu se firmar, pelas mesmas circunstâncias de Bertier.
Foi quando, em seguida, surgiu em Campo Mourão o Expresso do Oeste, de Elias Xavier do Rego, que comprou duas jardineiras de 12 lugares cada uma e colocou seus dois filhos: Joaquim e Aristóteles (Toti) Xavier do Rego na condição de motoristas, na linha Campo Mourão/Pitanga. Uma jardineira ia de Campo Mourão e a outra vinha de Pitanga, todos os dias, às 6hs da manhã, sem horário de chegar, pois os imprevistos eram muitos. Quando chovia, atolavam.
Ainda em 1947 foi feito um grande campo de aviação, uma verdadeira maravilha da natureza, pois sem grandes despesas, foi feito pelo povo, próximo a cidade (Campo do Gavião). Deve-se essa conquista aos esforços feitos pelo Cel. Aviador Geraldo Ghia de Aquino (do Correio Aéreo Nacional) que, constantemente, nos tem visitado e traz, diretamente do Rio de Janeiro, algo de interessante e educativo ao povo deste rincão, com funções cinematográficas e outros divertimentos, tudo isso desinteressadamente.

Folha 14
Existe, em Campo Mourão, muitas fazendas ao redor, como sejam as de Josefina Condas Xavier viúva do venerando Guilherme de Paula Xavier um dos patriarcas da formação de Campo Mourão; a do Dr. Pedro Correia Neto, a do Deputado Verneck e a do cidadão Francisco de Albuquerque, chefe político local situada na Serra da Figueira, denominação esta dada, ainda, pelo filho do Velho Sertanejo, Pedro Ovidio Pereira, em 1915, na exploração que fazia com João Bento, empreiteiro de Manoel Mendes de Camargo, de uma picada que deveria sair no Porto São José, no grande Rio Paraná. 
O local foi reconhecido por causa das explorações anteriores e sinais de uma grande fogueira feita debaixo de uma enorme figueira milenar, com suas enormes raízes por todos os lados, num desafio a própria natureza.
Em 22 de janeiro de 1949 foi instalada a Comarca de Campo Mourão pelo Juiz da 1a Vara de Londrina, Antonio Franco Ferreira da Costa. Fazia parte da comitiva oficial, o deputado estadual Acyoli Neto que representou o governador do Estado e Edmundo Mercer Junior. Neste ano também foi instalada, para serviços de comunicação, uma poderosa estação de rádio-telegrafia. 
A primeira farmácia a se estabelecer em Campo Mourão, foi a Farmácia Luz, de Waldemar Roth.
O Município, criado em 10 de Outubro de 1947, tem três vilas bem adiantadas: Peabiru, Mamborê e Araruna e outros patrimônios em formação.
O dentista José Antonio dos Santos foi nomeado prefeito tampão (18/10 a 26/12/1947) e no dia 15 de novembro foi eleito prefeito, pelo voto popular, Pedro Viriato de Souza Filho (PSD) empossado dia 27/12/1947 pela primeira câmara de vereadores (1947/1951) do Município de Campo Mourão – PR, formada por oito representantes: Augusto Mendes dos Santos, Devete de Paula Xavier, Daniel Portella, Joaquim Teodoro de Oliveira, Newton Ferreira de Albuquerque, Porfirio Quirini Pereira, Waldomiro Cilião de Araújo e Waldemar Roth, todos do Partido Democratico Social – PSD o mesmo do governador de então, Moysés Wille Lupion de Tróia (1947/1951). Pedro Viriato renunciou dia 16 de março de 1951, substituído por Devete de Paula Xavier que também renunciou, assumindo, então, Joaquim Teodoro de Oliveira.
O segundo prefeito eleito de Campo Mourão foi o médico peabiruense, Daniel Portela (5/12/51 a 4/12/55).
Na sede têm dois bons hotéis, ambos dirigidos por seus proprietários, Eugênio Zaleski (hotel Central) e o de Jorge Brazil de Almeida (Hotel Rio Grande).
A sede já tem, também, três casas comerciais bem sortidas, além de lojas de fazendas (tecidos) e armarinhos; três bares com suas respectivas mesas de snooker.

Histórias
A história de Campo Mourão, como acontece com a história de outras regiões, também tem suas curiosidades.
Foi encontrado, por exemplo, um lugar às margens do Rio Ivaí com sinais de ter havido ali uma civilização muito antiga, onde acharam uma pedra de moinho com data de 1537 a 1577, cuja cidade em ruínas era denominada Vila Rica (Fênix – PR), construída pelos Jesuítas e destruída pelos bandeirantes.
No início, aqui em Campo Mourão, existia muito índio. De uma certa feita o “coronel” Guilherme de Paula Xavier, que já transitava nesta zona desde 1884 procurando beneficiar sua Fazenda, hoje (1952) espólio Santa Maria, ao pernoitar em certo lugar em uma de suas habituais viagens para Guarapuava, foi vítima do furto de várias ferramentas de seu uso e, como tinha mais e não querendo ficar sem as mesmas, procurou um lugar e as enterrou dentro de um tacho de cobre. Porém, ao voltar anos depois, não conseguiu lembrar-se do local e deixou, desta forma, as ferramentas enterradas. No decorrer do tempo ele contou o fato a seus filhos mais moços. Aconteceu que em 1942, o cidadão Alfeu de Paula Xavier, filho do finado Guilherme, encontrou as ferramentas em questão, dentro do tal tacho de cobre, sem cabos e bem enferrujadas.





Assinatura no Título de Eleitor. 
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Originais e transcritos e editados por Wille Bathke Jr
Dias 7, 8, 9 e 10 de fevereiro de 2015, Campo Mourão – PR. 

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