Antonio Reiniscz engoliu mosquito...
Edição Carlos Henrique Bathke (Thiko)
Bem jovem, Antonio Reiniscz (Toninho) veio de Farol morar e trabalhar em Campo Mourão.
Tinha gosto por rádio e queria ser narrador de futebol.
Anísio Morais e Wille Bathke Junior eram os titulares do programa Colméia nos Esportes, narrador e comentarista, respectivamente, das jornadas esportivas da Associação Mourãoense, na primeira divisão do Futebol do Paraná.
O Toninho começou assediar a dupla. Pedia constantemente uma oportunidade. Queria narrar partidas de futebol.
Vários surgiram como ele. Pediam uma chance, e todos tiveram a sua nos microfones famosos da Rádio Colméia.
Vários surgiram como ele. Pediam uma chance, e todos tiveram a sua nos microfones famosos da Rádio Colméia.
O Wille, que era o responsável pelo Departamento Esportivo disse ao Toninho: primeiro você vai nos acompanhar nas transmissões e melhorar tua dicção. Tem que treinar teu estilo e a voz.
Toninho acompanhou a dupla por três meses, sem participação.
Primeiro foi escalado a ser o repórter de pista. Não deu. Falava demais. Enrolava.
Depois foi escalado para falar somente o tempo de jogo. Não deu. Guaguejava.
Mas, continuou insistindo, e queria porque queria, narrar futebol.
No jogo Mourãoense 2, Paranavaí 2 (Campo Mourão vencia até os 40 min do segundo tempo e Paranavai empatou em 5 minutos).
Antes deste jogo, o Wille informou o Toninho que ele iria fazer os comentários intermediários.
Deu o intervalo, Wille anunciou: chamamos agora, estreando nos microfones da Rádio Colméia, o comentarissta farolennsee: Antoonioo Reiiniiczz.... deu o microfone ao Toninho, e saiu da cabine do Municipal RB, que ficava em cima da cobertura da arquibancada de madeira... e junto com o Anísio estavam indo até o bar do seu Manoel, perto do coreto do estádio ‘molhar a goela’. Mass... não deu. Andaram uns três passos e tudo mudo. Silêncio na cabine.
O Wille voltou e viu o Toninho estático, olhar fixo no gramado, microfone tremendo na mão esquerda... pegou o microfone e disse: estivemos fora do ar por falha técnica em nossa transmissão... e fez o comentário. O Anísio foi sozinho até o barzinho do estádio.
O Toninho escafedeu-se. Um dia reapareceu e o Wille perguntou: O que houve que você não fez o comentário?
Toninho: Poisss é. A hora que eu fui falar... abri a boca... entrou um mosquito eee.. euu... engasguei!!
O Wille caiu na risada e disse em tom de gozação: ohhh farolense de meia tijela... conta outra vai... fala a verdade, você amarelou polaco azedo... rindo.
Passado uns tempos ele voltou, pediu, insistiu e chegou a transmitir o jogo (10) da zebra na Loteria Esportiva: Coritiba 1, Mourãoense 1.
O time da capital era o grande favorito. O resultado derrubou meio mundo, e o Toninho conseguiu realizar seu sonho.
Narrou um jogo histórico, por inteiro, e aí começou sua carreira de radialista com outros programas e veio a falecer, jovem ainda, quando atuava na TV Carajás. Foi bom amigo e exclente companheiro.
Campo Mourão, Antonio Reiniscz e Wille Bathke Jr
Uma tarde de jogo, indo pro Municipal RB, no carro o Toninho me perguntou:
-O que é preciso pra ser um bom locutor?
-Ética e profissionalismo. Gostar, saber fazer e dizer ao ouvinte aquilo que ele quer saber!
-Por quê tem uns que duram pouco (e citou dois nomes)
-O principal motivo é o estrelismo e outro a bebida...
-Como assim??
-Você entra no rádio, começa apresentar progrma, recebe uns elogios e pensa que é artista. Por conta disso sai por aí dando 'bicileta' em lojas e 'mordendo' todo mundo! Acaba por dever uma vela pra cada santo e cai no descrédito. Ou, pra criar coragem, você enche o caco, e acredita que assim se solta e comunica melhor. A bebida acaba com a rapidez de raciocínio, o potencial do cara e a carreira dele termina logo.. geralmente morre!
-Precisa ter 'vozeirão'?
-Não Toninho. Apenas converse com o ouvinte e explique a ele o que você transmite, em tom de voz segura e bem impostada (não engula letras nem palavras), mas fale sem forçar!
-Se você errar, não corrija.. vá em frente, senão vai chamar atenção pro teu erro que a maioria não percebeu!
Chegamos ao Estádio, ele o Anísio e eu e fomos trabalhar. O papo mudou em torno do jogo (expectativas).
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