Show em Balsa Nova na Festa do Milho
Balsa Nova – Minha Lembrança
Vista de Balsa Nova - PR
Não tinha mais que sete anos e às vezes ia à João Eugênio (Balsa Nova-PR) berço do meu pai Ville e de muitas famílias Bathke. Ali moravam meus biavós e avós, colonos, Germano Francisco Rodolfo Bathke e Idalina Ferreira Albuquerque Bathke, e com eles o filho caçula Antonio Lourival Bathke (tio Lôlo).
Ia com minha mãe (Maria Conceição), várias vezes a pé, pela estrada de ferro Curitiba/Balsa Nova, buscar uma cesta de alimentos. Estávamos na recessão e miséria do pós II Guerra Mundial. Levávamos dois dias – ida e volta.
Quando ficava na casa dos avós, gostava muito. Tinha fartura, pomar, galinhas, capado que meu avô engordava e matava um por ano e dele aproveitava tudo e armazenava (banha, lingüiças, pernil, costela...). Ele também tinha açougue no centro da vila de Balsa Nova.. Minha avó fazia compotas e geléias pro ano todo. Tinha um imenso parreiral e pomar, caixas de abelhas, plantação de fumo, arrozais de várzea, açude de pescar carpas. Da roça colhiam muito feijão, milho, mandioca e batata-doce.
Eu gostava de catar os ovos pra Vó, que as galinhas botavam nos cestos pendurados nos palanques das cercas. Eu levava um alfinete ou espinho de limoeiro, fazia dois furinhos no ovo e sorvia cru.Valia por um almoço. Também gostava de ajudar meu avô fazer as compridas tranças com folhas de fumo. Ele enrolava, guardava em latas fechadas e usava como moeda de troca por víveres e peças de pano (barganha).
A grande chácara ficava no trajeto da estação da estrada de ferro, lado esquerdo, sentido Balsa Nova/Curitiba. Passava um pontilhão vazado sobre um riacho e antes da primeira estradinha que cortava a estrada de ferro, estava no alto de um aterro, de onde se avistava um largo remanço e a várzea do Rio Iguaçu, que inundava tudo na época de emchentes. Ali meu avô e meu tio caçavam capivaras e carpas, com botes e no arpão (lança com fisga na ponta). Também se via a ponte pintada de verde e vermelho, que substituiu a balsa, sobre o Iguaçu.
Rio Iguaçu do pontilhão de Balsa Nova
Não lembro dos nomes, mas sempre ia com meu avô ou meu pai (quando vinha de Curitiba) visitar os Bathke. Me lembro do meu bisavô Guilherme Bathke e da bisa Henriqueta, e também do tio Euvaldo, irmão do meu avô.As vezes eu ia buscar um litro de leite na casa dele.
Recordo que vinha da chácara pra cidade, passava perto de uma fábrica de louça, de uns gansos que gritavam, abriam as asas e vinha bicar a gente.. passava pelo açougue, o armazém onde a família comprava (de caderneta) e chegava na cada do tio.Nunca entrei, mas eu admirava uma pintura grande, a óleo, que tinha na parede da área, de alvenaria. Ali eu esperava. Me traziam o litro de leite, com a boca tapada com palha de milho (rolha) e eu voltava pra chácara.
Gostava de ir no açougue do vô ver ele fazer banha nos tachos e comer o torresminho que ele tirava e punha num saquinho pendurado numa viga, pra escorrer a banha e enxugar a pururuca. Comia tanto que me dava dor de barriga.
As frutas eu subia, colhia e comia trepado na árvore. Me fartava de uvas no parreiral, que parecia um túnel (caramanchão). Onde ficavam as abelhas que meu Vô tirava o mel e a cera, sem proteção nenhuma, eu nem chegava perto que elas me atacavam. Levei algumas picadas assim mesmo.
Senhor Bom Jesus padroeiro de Balsa Nova
Minha mãe faleceu em 1948. Com 10 anos vim morar em Campo Mourão. Nunca mais voltei à Balsa Nova, uma grata e feliz lembrança da minha infância.
Campo Mourão 1950 - Wille Bathke Junior
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