09/04/2011

Saudade do Bar Aparecida de Campo Mourão


Jorge Fernandes de Morais adotou Campo Mourão

 
Jorge Fernandes de Moraes orgulha Campo Mourão

“Quando criança o Paraná ficou nomeio da briga dos gaúchos contra os paulistas. A soldadesca acampava na nossa fazenda. Eu brincava com as polainas que eles largavam por lá. Vim pra Campo Mourão no tempo do faroeste. O agito me atraiu. Viemos por Maringá comendo poeira em cima de um caminhão. Quando desembarcamos, só se via o branco dos olhos da Clarinda e dos filhos. Tudo que tenho, devo ao Bar Aparecida e ao meus amigos de Campo Mourão”, palavras do seu Jorge.

Jorge Fernandes de Morais, nasceu dia 23 de abril de 1927, na Colônia Mineira, atual município de Siqueira Campos (PR). Filho de Maria Amélia de Abreu e do lavrador e safrista de porcos, Mário Fernandes de Morais. “Meus avós paternos eram mineiros, Rita Carolina e Izac Fernandes de Morais e meus avós maternos paranaenses, Maria Amélia e Joaquim Antonio de Abreu”. Seu Jorge é o primogênito de 10 filhos, irmão de José (casado com Ana), Terezinha (do viúvo Luiz Leal), Amélia (Antonio Francisco), Sebastião (Elisia), Pedro (Maria), Arminda (José Simas), Simão (Marilda), Izac (Geni) e Cirineu (esposo de Madalena).


 
Jorge Fernandes de Moraes de Campo Mourão

Jorge é casado com dona Clarinda Aparecida de Jesus Godoy, também da Colônia Mineira, onde ela nasceu dia 8 de novembro de 1930. Jorge e Clarinda geraram: Jorair, administrador de empresa, casado com Neila. Martinho, médico nefalogista, marido de Bernadete. Alice, solteira, empresária e psicóloga. Rosalina de Jesus, administradora imobiliária, esposa de Giovani. Ana de Fátima, empresária e economista, casada com Rubens e, Jorge Filho, solteiro, formado em direito e educação física. “Tenho nove netos nascidos em Campo Mourão, uma netinha cuiabana, e uma bisneta também mourãoense”, orgulha-se seu Jorge.


 Revoluções – “Eu tinha três anos na Revolução de 1930 (Coluna Prestes) e cinco anos quando estourou a Revolução de 1932 (Ditadura Vargas), de paulistas contra gaúchos. Me criei na Fazenda Gabiroba. Os revoltosos gaúchos acampavam lá. Quando iam embora deixavam algumas coisas. Me lembro das polainas que os grandes pegavam e usavam. Dentro de uma polaina cabiam minhas duas pernas”, risos. “Os soldados calçavam sapatos bodeguim e vestiam colote. Cobriam os sapatos e as pernas com as polainas, uma espécie de cano de bota. O colote é calça meio justa, usada por cavaleiros”, explica seu Jorge.

Coluna Prestes na lembrança de seu Jorge

Infância - “Minha família fazia roça e engordava porcos tipo banha, que vendia em Siqueira Campos e eram transportados para a Indústria Matarazzo, em Ponta Grossa ou Jaguariaiva. No moinho-de-pedra (mós) da fazenda, produzia farinha de trigo e muito fubá de milho que era mais pra engordar os porcos. Pra ficar no ponto, a safra de porcos comia a roça de milho no pé em três meses, e trinta dias ficava fechada no chiqueiro, comendo fubá misturado com soro de leite, sobra do queijo caseiro. No monjolo grande, a gente fazia farinha (bijú), socada de milho branco e do amarelo, da espécie cunha, que não existe mais. Hoje é tudo híbrido”, comenta o bom amigo Jorge.


Escola – “Nossa fazenda tinha colonos, cercada de pequenos sítios. Eu brincava com as crianças. Subia nas árvores e chutava bola-de-meia no pasto”. A Escola Pública ficava a 12 Km da Fazenda Guabiroba. “Meu avô contratava professora particular que vinha a cavalo da cidade e ensinava dentro de uma tulha nas entre safras. Por causa destas dificuldades e do trabalho na lavoura, fiz só até o terceiro ano primário. Na colheita, quando enchia a tulha de café, não tinha aula. Os pés de café eram altos, de dois a três metros. Pra colher tinha que subir numa escada. Cada pé dava, em média, cem litros de grãos”, conta o menino Jorge.


Transportes – Até o início da década de 40 e o fim da II Guerra Mundial (1945), automóvel era coisa rara, bem como criança usar sapato. “Da fazenda na cidade a gente ia a pé ou a cavalo. Meu pai usava o carro-de-bois, de três juntas (seis bovinos de tração) pra fazer compras na cidade, uma vez por ano. Demorava um dia pra ir e voltar. Levava colheitas pra vender, tipo moeda de troca e barganha. Adquiria o básico em sacos de sessenta quilos e latas de vinte litros: sal grosso, açúcar mascavo, querosene e as peças de tecidos. No meu tempo não tinha quase roupa feita. Existia a mescla, pano pra camisa (brim zefir), pra calça (brim azul) e pra passeio (brim cáqui), tudo muito resistente. Se a barra da calça enroscasse num toco, arrancava o toco mas não rasgava a calça”, risos. “Os adultos usavam botinas de elástico dos lados, com cravos (pregos) de madeira, conhecidas como rangideiras. A gente criança, quando ia pra cidade tinha que calçar sapatos, mas era um sacrifício. Eu mesmo amarrava um no outro e punha no ombro. Quando chegava perto, no primeiro córrego lavava o pé, enxugava malemal e calçava. Saia andando todo desajeitado, meio tortinho”, rindo muito. “Por causa das peças de tecidos, a família toda vestia roupa igual, parecia uniforme”, gargalhadas.

Primeiros Réis – “Comecei ganhar meu dinheirinho com onze pra doze anos. Eu produzia um pouco. Separava uns porquinhos e vendia. Recebia em moedas niqueladas de cem, duzentos e quinhentos Réis. Mil Réis era um conto. Valia um dinheirão. As compras eram pagas nas safras e se hoje custava um conto de Réis ou dois, quando ia pagar dali um ano, era o mesmo valor. Não tinha essa tal inflação. Outra moda que não existia era Banco. Eu guardava as moedas nas latinhas de Corante Guarany (tintura de roupa). Meus avós, meus pais, guardavam de baixo do colchão, enrolados em meias e em panos. Esses panos de guardar dinheiro não podiam ser lavados. Se fizesse isso, diziam, a pessoa ficava pobre”, fala da superstição.

Clarinda - “Nos meus dezesseis... dezessete anos já tinha safra (renda). Em 1945 me alistei e fiz inscrição de voluntário pra guerra. Comecei a namorar a Clarinda quando ela tinha uns 12 pra 13 anos. Os pais dela, Ana de Jesus e José Emílio de Godoy (seu Tomazinho) eram donos da Fazenda Água do Pavão, uns sete quilômetros longe da nossa e uns quatro do centro da Colônia Mineira. Dona Clarinda conta: “meu pai casou duas vezes e teve dezoito filhos. A primeira mulher era dona Mariana. Com minha mãe, teve onze: Oscalino, Maria Rosa, outra Clarinda, a Aparecida de Jesus, Rosalina, Jorge, Manoel, Anair, Noel e José Tomaz. A Clarinda e a Aparecida morreram e quando nasci meu pai me deu o nome das duas”, explica dona Clarinda Aparecida de Jesus.

Shopping Curitiba antigo Regimento de Artilharia Montada

Soldado – Em 1946, Jorge foi soldado do Exército Brasileiro (foto inicial), em Curitiba, no 3º RAM – Regimento de Artilharia Montada. “O quartel hoje é o Shopping Curitiba ali perto da 7 de Setembro. A praça da frente, no meu tempo, era um pasto de cavalos. Muita coisa, inclusive o prédio onde servi, é mantido até hoje como patrimônio histórico. Passei no curso de cabo. Queriam que eu engajasse, mas eu tinha a Clarinda em Siqueira Campos. Pedi baixa do serviço militar por causa da minha namorada”, diz com ar apaixonado.

 
Jorge e Clarinda casal querido de Campo Mourão

Casamento – Dia 3 de janeiro de 1948, Clarinda e Jorge casaram na igreja matriz do Divino Espírito Santo, em Siqueira Campos. O casal foi morar na Fazenda Água do Pavão, “porque era mais perto da cidade e a estrada era melhor”, justifica seu Jorge. Os filhos nasceram, todos, em Siqueira Campos. “O caçula tinha quarenta e um dias quando vim de vez pra Campo Mourão”, revela seu Jorge, que nessa época também já era proprietário do Bar e Confeitaria União, no centro de Siqueira Campos.

Luiziana – “Meus pais vieram morar perto de Luiziana na década de 50. Ali foi requerido, do governo Moisés Lupion, cem alqueires de terra devoluta. Os grileiros e a jagunçada tomaram setenta e cinco, na marra. Tinha muita morte por causa de terra. Meu pai pensou na família e deixou quieto. Não entrou na briga. Era a lei do cão, matar ou morrer”, relembra seo Jorge.

Campo Mourão – “Conheci Campo Mourão dia 20 de fevereiro de 1962. Bateu a saudade e vim visitar meus pais. Fiquei sete dias. Uma loucura isso aqui. Gente de todo canto. Muito corretor de terra, fazendeiros abrindo as matas. Era a febre do café e das serrarias. Por isso dava muita briga e morte. Os mais ricos pagavam os jagunços pra tirar ou matar os posseiros. Vendi o Bar União pra investir aqui. Siqueira Campos era sossegada e troquei pelo agito de Campo Mourão. Eu era moço e gostava de desafios”, empolga-se Jorge.


Bar Aparecida – Em 1962 alugou o Bar Aparecida, na Avenida Capitão Índio Bandeira, no “centrão” de Campo Mourão. “Era antigo e tradicional. Tinha movimento grande. O inquilino anterior era Afonso Stefanetti (pai do Alberto da Lotérica), que também tinha Hotel e o Bar Vera em Peabiru. Quem tocava o bar aqui, era o irmão dele, o Estevão. O prédio era propriedade do Ortolino Pereira Carneiro – irmão do Nenê e do Zé Mineiro. Eram três portas e transformei em duas maiores. Em pouco tempo comprei o bar e uma casa boa. Dinheiro rolava igual água na cidade”, conta satisfeito.

 
Foto tirada da porta do Bar Aparecida Os prédios atrás dos caminhões são da Eletrotécnica Mourão 
e da Casa N.Sª Aparecida. Ao fundo, depois do Posto Ipiranga o casarão do Instituto Santa Cruz.

Correria – “Nessa época - como te falei – Campo Mourão era uma loucura. O Bar Aparecida vivia lotado, aberto vinte e quatro horas. Atendia fazendeiros, aventureiros, corretores de terra, picaretas e uma grande leva de caminhoneiros, que vinha buscar madeiras para construir Brasília. Tinha madrugada que parava mais de trinta... quarenta caminhões carregados. Uma fila que ia da Rua Araruna até o Clube 10 de Outubro. Mas pouco antes destas loucuradas, voltei pra Siqueira Campos. Meu tio Sebastião (Fernandes de Morais) ficou no comando do negócio. Uma semana depois o tio mandou o piloto, Odair da Rosa Lima (Tico-Tico), me buscar de teco-teco (avião) do Paulo Poli, porque ele (tio) não vencia o movimento. Trouxe comigo o cunhado, Luiz Francisco Leal, pra me ajudar. Quarenta dias depois fui buscar minha família”, conta seu Jorge.



Mudança - “A Clarinda e o Jorginho vieram na cabina. Eu e a criançada em cima da carroçaria, junto com as traias. Saímos de madrugadinha de Siqueira Campos. O motorista foi o Benjamim Ribeiro. Viemos por Maringá. Não tinha asfalto. Chegamos umas nove horas da noite. Quando descemos do caminhão um não conhecia o outro. A roupa e a cara era pura poeira, só aparecia o branco dos olhos”, risos. “Eu já tinha alugado uma casa de madeira, também do Ortolino, na Rua Roberto Brzezinski, em frente do antigo Hospital São Pedro, atrás de onde está hoje o Laboratório Santa Cecília, fundos com o Lanche do Gaúcho”, localiza sua primeira residência, com precisão.


Sanduíches – “O que mais o pessoal consumia no bar era lanche rápido, tipo 'sanduba'. Quem me entregava carne moída era o menino Tauillo Tezelli, do Açougue Estrela (de Augusto Tezelli). O garotão Valdemar Farias, trazia pão da Padaria Record (de João Alcântara de Lima), numa bicicleta de carga, com um baita cesto na frente, coberto com um pano (lençol) branco por causa do pó. Depois o Valdemar entregava gás, na mesma bicicleta. Daí foi dono da Valgas, em frente da antiga Padaria Record, na Rua Santa Catarina. Moravam por ali os jovens Alfonso Hrushka e a bela Amélinha, que acabaram se casando”,detalha Jorge.


Movimento – “A coisa era tão arrochada que só dava pra atender o caixa. Eu, o Simão e o Izac se revezava em turnos de oito horas. No balcão tinha cinco garçons de dia e quatro de noite. Mesmo assim, tinha hora que apurava. Vendia a média 250 sanduíches por madrugada. Os fregueses só comiam coisas boas: salames do Rio Grande do Sul, copa (carne defumada embutida) e queijo-prato mineiro. O fornecedor era de Londrina. Na época do frio pediam chocolate quente e bauru assado na forminha”, recorda.

Mulherada – Na década de 60, a zona do baixo meretrício (zbm), que tinha muitas casas no fim da Rua Santa Catarina, foi cercada por um paredão de madeira, por ordem do prefeito Antonio Teodoro de Oliveira, porque as mulheres andavam por lá, meio peladas na rua. Fechada em definitivo, pelo prefeito Milton Luiz Pereira, porque a cidade já tinha chegado lá. 
"Mas, enquanto durou a zona, depois das três horas da madrugada a mulherada, os coronéis e a gigolozada, subiam tudo aqui pro bar comer a famosa canja de galinha e churrasquinhos no espetinho, que seu Udério Vanzini fazia no capricho. Seo Udério foi um dos últimos pistoleiros de Campo Mourão. Um homem bom, até que tirassem ele do sério. Tinha um arsenal de armas de fogo que foi apreendido, mas nunca provaram que ele matou alguém. Os últimos dias de vida do seu Udério, foram em companhia do advogado Aymar de Souza Lima, que cuidou dele até a morte”, registra seu Jorge.

Retrato da Época
Tiroteio no Bar - O caso do soldado Rocha ficou na história de Campo mourão. Foi a cena de crime mais forte no Bar Aparecida. 
“O capitão Bompeixe havia transferido o soldado Rocha pra Peabiru por causa dos enguiços dele em Campo Mourão. Uns dias antes o Rocha matou o Santão, comendo caqui em frente da Quitanda Avenida (hoje Edifício Likes). O Rocha não gostou da transferência. Foi até a casa do Bompeixe. Quando o capitão saiu na janela, o soldado atirou, mas errou. Bompeixe ordenou ao sargento Agenor e dois soldados – um me lembro que era Hugo – prender o Rocha. Ele já tava meio bêbado quando chegou aqui no bar”, revela seu Jorge.

Mortos – “Eram duas horas da madrugada. O Rocha estava sentado ali, tomando cerveja, quando a patrulha chegou. O sargento deu voz de prisão. O Rocha se levantou, de vagar, de costas pras portas e já se virou atirando. Baleou o sargento, que morreu na hora, em frente do bar. Os soldados acertaram vários tiros no Rocha, que veio cambaleando e caiu no chão, bem aqui no fim do balcão. Levaram ele ainda vivo, mas morreu no hospital”, mostra o local da queda.

Porque Rochinha – “Nesse tiroteio só estava aqui o balconista Antonio, que ficou duro de medo. Depois ganhou o apelido de Rocha... Rochinha. Tremia igual vara verde!! - É um menino bom!! - Hoje ele tem a Churrascaria do Rocha, mas esse sobrenome não é dele. É uma lembrança do soldado morto”, detalha seu Jorge.

Apolítico – “Tive vários convites para sair candidato a vereador e a deputado estadual. Voto, mas não me envolvo na política. Sou filiado num monte de partido. Todo líder que vem aqui pedir minha filiação, eu assino”...risos. “Eu sou de ajudar sem propaganda. Auxilio várias entidades, principalmente a APAE, com desconto direto no banco. Essas ajudas tem que ser de coração, e não pra aparecer. Sempre contribui e dancei bons bailes no Clube Social 10 de Outubro”, enfatiza.

Com a filha e a esposa no Clube 10

Gente famosa – Dentre nomes importantes, que tomaram cafézinho” no Bar Aparecida, estão os dos presidentes da República, João Batista Figueiredo e Fernando Henrique Cardoso. Os governadores Ney Braga e Paulo Pimentel. “Quem vinha direto aqui era seu Avelino Vieira, dono do Bamerindus, pai do Thomas Edson e do José Eduardo Vieira (Zé do Chapéu). Sempre estavam com ele o Ivo Trombini e o advogado do banco Paulo Vinício Fortes, que foi vereador e prefeito substituto de Campo Mourão”, orgulha-se Jorge.

Anísio e Tauillo - “Não é meu parente”.. risos. “O Anísio era o freguês mais sagrado do Bar Aparecida. Às 5hs30 ele toma café com leite e leva o lanche do técnico Acir Gonçalves, na Rádio Colmeia, ali no quinto andar do Edifício Antares. Às 6hs30, o Anísio volta e toma suco de laranja. Nesse meio tempo a gente papeia bastante e fala das fofocas”...rindo. 
“O Tauillo, as vezes, aparece por aqui, de madrugada. O Tauillo é muito gente fina, gosto demais dele. Os doutores Renato (Fernandes Silva), Aymar (Soares de Lima) e Paulo (Merlin Ribas), também foram nossos fregueses tradicionais”, registra seu Jorge.

Anisio Morais entrevista Milton Luiz Pereira

Decadência – "Hoje Campo Mourão mudou da água pro vinho. Uma cidade grande e bonita, mas o Bar Aparecida parou no tempo. A concorrência é forte. Hoje temos ruas da alimentação (Mato Grosso e Irmãos Pereira). Aqui só vem os fregueses tradicionais. Antigamente amanhecia aberto. Hoje ali pelas nove da noite, já fecho porque não tem movimento”, lamenta seu Jorge, ciente de que os tempos mudaram e que Campo Mourão é uma cidade moderna com as facilidades que não existiam há 10, 20, 30 anos atrás. Diz que Campo Mourão precisa gerar mais empregos na lavoura, e carece de indústrias, “porque o movimento do comércio depende do povão”.

Jorge e Clarinda em Aparecida do Norte

Viagens – “É difícil eu sair de Campo Mourão. Uma vez por ano dou uma fugidinha pras praias. Já fui várias vezes com a família e sempre que posso visito Nossa Senhora Aparecida. Vou ver a Padroeira, nunca para pedir, mas sim agradecer as graças que sempre recebi na minha vida”, conta contrito.

"Minha família é linda e unida", orgulha-se Jorge

Orgulho – “Não sei viver longe daqui. Eu e minha família nos consideramos filhos de Campo Mourão. Formei meus filhos e nosso patrimônio, graças ao Bar Aparecida. Não perdemos a ligação com Siqueira Campos. Temos lá uma parte da terra (20 Alqueires) da Fazenda Água do Pavão, por herança da Clarinda. Sempre dou umas caminhadas com o Tauillo, no Parque do Lago. Acompanho numa volta, depois ele dispara, eu vou no trotinho e fico pra trás”... risos. As vezes dou umas reclamadas da situação de hoje, mas logo paro. Olho o passado, agradeço o quanto consegui pelo trabalho e me conformo quando vejo gente que estava bem, gente rica antiga, hoje vendendo sorvete na rua. Penso assim: quem não se contenta com o que tem, não se contenta com nada”, concluiu o pioneiro de Campo Mourão, Jorge Fernandes de Morais.

1910 - Vovô Jorge agora curte os netos 
ao lado da dengosa Vovó Clarinda

Seu Jorge morreu aos 85 anos
em Campo Mourão

O céu cinzento de ontem não trouxe boas notícias. Internado há quase uma semana por problemas pulmonares, Jorge Fernandes de Moraes, o “seo” Jorge do Bar Aparecida, não resistiu. Pioneiro de Campo Mourão, morreu aos 85 anos de idade. Deixou o plano terrestre de forma tranqüila, calmamente, como sempre foi. Com a vida, adquiriu uma serenidade invejável. Deixou o stress no caminho, passando a viver num estilo zen. Jorge era mais que um simples cara. Era um marido, um pai, um avô, um bisavô, um amigo. Um homem extraordinariamente pacífico e, acima de tudo, honesto e íntegro. As lições deixadas por ele certamente semearão novos canteiros. Flores saudáveis e sinceras surgirão. (Dilmércio Daleffe - Publicado em: 21/06/2012 - Tribuna do Interior)

Um comentário:

  1. Eu me chamo Plínio Antunes Vanzini, sou filho de Udério Sander Vanzini. Em 1962 eu já não morava mais com meu pai, portanto não me lembro e nem tenho conhecimento de algumas coisas postadas aqui, como fazer churrasquinho, ser pistoleiro, ter arsenal de armas e coisas assim, mas durante o tempo em que vivi com meu pai nunca vi nele com armas, nem sequer tinha arma alguma em nossa casa, que era bem simples, mas no restante está correto, meu pai, sóbrio, era uma ótima pessoa, mas bêbado era o cão em pessoa, tanto é que, com idade de 12 anos não aguentei mais viver com ele e saí de casa e nunca mais voltei, mas ainda, com 71 anos, me lembro de muitas coisas desse bar Aparecida, me lembro também do Sr. Wille Bathke, amigo de meu pai, assim como o prefeito analfabeto, Antônio Teodoro de Oliveira ( e seu cachimbo), e seu irmão Joaquim Teodoro de oliveira, Paulo Poli e tantos outros. Obrigado por citar meu pai na sua história ( menos o pistoleiro, é claro), um grande abraço!

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