18/04/2011

* José Pochapski - Prefeito Saúde




“Nunca consegui viver longe de Campo Mourão. Gosto demais da minha família e dos meus amigos, que tenho tantos aqui. Ajudei no que pude a Saúde e a Educação. Pilares de uma boa administração, o mais são resultados da inteligência e cultura de uma gente bem preparada. Quando fui prefeito quis fazer a melhor gestão do Brasil. Administrativamente fui bem, mas, politicamente, meu caro,  fui verdinho. Fiz uns dez por cento, o resto não me deixaram fazer. Muita puxação de tapete e adversários, que nunca imaginei que existissem, colocaram muitas barreiras, ocultadas. Sabe aquela conversa: por traz dos panos? - Pois é, os idiotas não me prejudicaram, causaram danos sim, a toda Campo Mourão. Esse é a política do mau comum. A que emperra!” - lamenta muito, o professor Pochapski.


José Pochapski nasceu em Barra Bonita (Prudentópolis-PR), dia 16 de Janeiro de 1946. Filho de Rosa Golhanoski (6/6/1926) e Conrado Pochapski (18/7/1921). Irmão de Áudio, Teófila (casada com Francisco Pimentel), Cláudio (solteiro) e Irene (Carlos Trucz).

Pochapski casou  com Antonina Santana. Pai de Marcelo (Meio Ambiente e Turismo) e Márcia (Odontóloga). - Os avós paternos, Catarina Peretiatko e Valdomiro Pochapski (Ucranianos), eram pequenos produtores de erva-mate e cachaça de alambique. Os avós maternos, Dominga Kich e Estefano Golhanoski, eram agricultores, em regime familiar".



 Meus pais


e meu amado irmão Audio

Infância“Da minha infância, lembro quase nada. Eu tinha uns 4... 5 anos e, ia junto com papai buscar cana  para moer no engenho, numa carroça puxada por dois cavalos. Recordo de um caminhão GMC (Chevrolet), que só tinha longarinas (sem carroceria) usado no transporte de toras e madeiras.  - Um domingo, mamãe cortava macarrão (caseiro) e a faca caiu. Ainda no ar, segurei. Pequei na lâmina e o fio me cortou a mão. Doeu muito. Mamãe fez um curativo e mandou eu ir caçar passarinho, com a piazada... pra esquecer da dor”. (risos).



Campo Mourão - José Pochapski bebê

1942 - "Meu avô Valdomiro e tio Miguel estiveram por aqui, mas não acreditaram que fosse adiante. Papai se encantou com o lugar e ficou com Campo Mourão na cabeça até que, em 1951, decidiu e veio sozinho. O sonho dele era dar uma vida melhor à família toda. Carregou madeiras nas costas, da Mendes de Camargo até a Av. Goioerê (que ainda não estavam abertas) e construiu nossa casa no meio da quiçaça, com sótão, coberta de telhas (Santa Therezinha, de Irati), entre as ruas São Paulo e Mato Grosso”, relembra.


Meus avós paternos ucraínos

Campo Mourão “Em 1952 (abril), mudamos para Campo Mourão. Nossa casa, amarela, com portas e janelas vermelhas da cor do pó, era um armazém de secos e molhados. Papai progrediu. Conquistou excelente clientela de bons consumidores e ele se esforçava para agradar e atender a todo, sempre bem,. Em quatro anos adquiriu várias propriedades, inclusive o terreno, que hoje é o Jardim Conrado (homenagem a Conrado Pochapski) que, também, é nome de rua. Minha irmã, Irene, ainda mora por ali. Parte da madeira da casa antiga é a casa onde moro, com meu irmão e meu filho, no Jardim Conrado, pertinho da Coamo.  Quando chegamos, a cidade era uma pequena vila. Só tinha a quadra vazia da praça e umas casas, todas em madeira, sem pinturas, em volta. Rua só tinha duas abertas no centro. Da Índio Bandeira e da Irmãos Pereira, prá baixo, era tudo mato e capoeirão”, relembra.


Meus filhos, ele ambientalista, ela odontóloga

Quase padre - Entre 1953/56, estudou no Instituto Santa Cruz. “Tinha as irmãs Filomena, Tereza, Aparecida e a professora Herta. Estudaram comigo, o Diógenes (Teodoro), João Teodoro, Maria Enilda, Jaíme (Mecânica Universal), o Plínio da banca e os irmãos dele (Antonio e José (Gordinho), o Vitoldo Nogarolli... e tantos outros, que não recordo, agora”. 

De 57 a 64 estudou o ginásio e o científico no Colégio dos Padres Basilianos e no Ivaí Calmon. “Depois comecei estudar prá padre no Seminário São José. Tudo em Prudentópolis e Ivaí” No final de 1964 prestou vestibular de Filosofia, na Pontíficia Universidade Católica, em Curitiba. “Fiquei em dúvida com minha vocação, então não terminei o curso de padre, desisti!!


 Campo Mourão - Primeira Comunhão de Pochapski

Elétro Luz - Em 1965 veio para Campo Mourão. “Eu não via a hora de voltar pra casa... eu já gostava bastante daqui”.  
O primeiro emprego foi na firma Elétro Luz (perto do Clube 10). 
"Era do Sabino e do Bruno Montemezzo e do Marcos Morais. O Luiz Kehll trabalhou comigo. Quem me arrumou este emprego foi o Zigmundo Galicki (Zico), sogro do Ilivaldo Duarte". 

Professor - Em 1966 retornou à Curitiba de onde voltou professor de Matemática e Ciências. “Eu trabalhava de dia e estudava à noite, lá! – Fui empregado da Dun & Brad Street Ltda (informações cadastrais de empresas). Eu comia na sede da UPES (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas), no Passeio Público, e morava (dormia) no 'Puleiro dos Anjos'... (risos)... só homens...na sede da União Agrícola Instrutiva, ligada à comunidade ucraniana, em Curitiba”, explica.  
"Me formei em 8 de dezembro de 1968, e voltei feliz. Eu estava na biblioteca, que era na prefeitura mesmo, e conheci o professor Wilson Luiz Ubialli, dono do Ginásio Botelho e Mourão, que me convidou para lecionar num casa de madeira, onde está o Colégio Santa Cruz, hoje. Eu dava Curso Supletivo à noite, para adultos. Estudavam, o Joaquim Viana (cartorário), Nelson Tureck (deputado), Antonio Zufa (polícial rodoviário), Anísio Morais (radialista), Davi Camargo (relojoeiro), Jairo Padilha (laboratório). – Nesse período o seu Joaquim (Viana), era prefeito de Engenheiro Beltrão. Ele pegava a esposa e os assessores e vinham estudar em Campo Mourão... Já pensou que jóia?? – Os professores Jader Libório, o Fiore Ubiali, o Fortunato, foram meus colegas”, detalha Pochapski. 

De 1969 a 1975 lecionou Matemática no Colégio Estadual. “Fui indicado ao diretor Martelinho (Egydio Martello), pelo professor Nicon Kopko. - Nesse tempo o Tauillo, Renatinho Fernandes, Laércio Dallefe, Nenzinha do Bento... Renato Dolci... foram uns de meus alunos. – É difícil lembrar todos, né?? (risos).  
Em 1975 trabalhou na 42ª Inspetoria de Ensino (hoje Núcleo Regional) em uma sala do Colégio Marechal Rondon. 
“Fui Inspetor de Ensino Médio. Atendia uns 20 municípios da região, muitas vezes fui e voltei de ônibus, pra não onerar o Estado”.



Pólo e Fundescam - Em 1976 implantou e foi o primeiro diretor do Colégio Unidade Pólo, inaugurado pelo prefeito Renato Fernandes Silva (prefeito-esporte).  Entre 1974 e 1976, Dom Elizeu Simões Mendes (primeiro bispo), era diretor da Fundescam (Fundação de Ensino Superior de Campo Mourão). 
"Foi quando implantamos os cursos de Estudos Sociais, Letras e Pedagogia (licenciatura de 1º grau)”O prédio da Fundescam (Fecilcam) foi construído por Horácio Amaral (prefeito-escola). Os primeiros cursos superiores da Facilcam (Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão) foram reconhecidos depois, na gestão do doutor Renato".



Colégio Agrícola de Campo Mourão

Colégio Agrícola - Nos anos de 1977/1978, Elmo Linhares presidiu a Fundescam e José Pochapski dirigiu a Facilcam. 
“Foi quando implantamos o Colégio Agrícola, que só funcionava à noite, numa sala da Faculdade. Fui o primeiro diretor (do Colégio Agrícola) e o professor Idevalci Ferreira Maia,  meu vice” 
Tanto a Faculdade como o Colégio Agrícola eram mantidos pela Fundescam com recursos de Campo Mourão mesmo. Onde está o Colégio Agrícola hoje, numa área de 40 alqueires doada pelo prefeito Augustinho Vecchi, era o Matadouro Municipal, “reformado, pela prefeitura, para ser o colégio, perto lá do Arroio dos Papagaios”, revela. 

Mutirão - Entre 1977 e 1982 acumulou o cargo de Diretor do Departamento Municipal de Educação, a convite do prefeito, Augustinho Vecchi. “Foi quando implantamos o Mutirão da Educação. Nesse tempo a prefeitura tinha mais de 100 escolas na área rural e hoje, só tem cinco. O êxodo rural foi muito grande e, também, Luiziana e Farol se emanciparam, né?!  Haviam as dificuldades mas foi um período legal e muito joia. Aconteceram muitas coisas boas. Eu trabalhava direto, com o povo que eu gosto, do nosso jeito”, diz satisfeito. 

Cuspideira“Nessa lida, aprendi fazer e fumar o paieiro (cigarro de palha). Eu ainda fumo, meio escondido... (não vai publicar isso aí, viu?! – O Ephigênio, me mata!!!)... (risos).  - Sei picar  fumo com canivete, fazer a palha, enrolar, pitar... e cuspir, também”...(risos). “Gosto de tomar, e sei fazer o chimarrão, tammmbém!!!...(risos). “Paieiro e mate, dá uma cuspideira na gente,  já reparou? (risos). Mass... é trem bão, né???



Campo Mourão, Pochapski sucedeu Augustinho

Augustinho“Na prefeitura, tive muito apoio do Augustinho (Vecchi). Implantamos o pré-escolar, o projeto Lógus (para professores leigos), idealizamos a Fucam (para administrar o salário educação), organizamos mutirões nas escolas (cuidadas pela comunidade) e as associações de pais e professores. 
O programa do Anísio foi muito importante neste processo de ligação com a zona rural. Através dele e dos programas do Coronel Bastião e do Zé Mané, a gente divulgava nossa agenda. Nós tínhamos uma equipe de apoio, excelente: Ione Lucí Canalli, Nicon Kopko, Eleni Machado Ferreira, Sirlei Carolo, Antonio Gussão, Madalena Irineu Lídio, Guido Castelli, Vera Zagoto, Ademir Aleixo, Jacira Glaci de Melo e o (cunhado) Wilson de Pádua Santana, que administrava a Fucam presidida por Rosalino Salvadori. 
No período de Diretor da Educação, com o Augustinho Vecchi e o governador Jayme Cannet Júnior, implantamos, não sem muito esforço e apoio das lideranças, os cursos de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas, na Faculdade. Foi uma conquista muito joia. Fizemos até carreatas e sensibilizamos o governo!” comenta, satisfeito. 

Prefeito"Até 1982 eu era desligado de política e, nem filiado a partido. Apareci nas pesquisas populares e fui incentivado pelo Augustinho a sair candidato a prefeito. Me filiei ao PP, depois no MDB que logo fundiu com o PP do Tancredo Neves e nasceu o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) do Ulisses Guimarães. Éramos oposição ao PDS- Partido Democrático Social, do governo da regime militar. O presidente, general João Figueiredo, até veio fazer comício a favor do Getúlio Ferrari, ali na praça. Eu não queria ser prefeito. Pedi pra ser vereador ou vice do Darcy Deitos, mas o grupo não deixou. O Darcy era pra sair deputado federal. Eu não queria brigas e nem rachas. Eu era verdinho e... continuo verde, em política, é muita estranha e complexa, não entendo. Meu negócio é trabalhar sem conversa fiada ou querer aparecer. Sou avesso a isso!! 
– Eram cinco candidatos a prefeito“O José Pedroso Fabri foi nosso vice... e, olha o que deu no fim: Fiquei em primeiro, com 12.012 votos. O Darcy em segundo com uns 7 mil, Getúlio mais de 4 mil, Joel Albuquerque com uns 2 mil e José Luiz Gurgel fez mais de mil. Eu tive apoio do José Richa (governador) e do Álvaro Dias (senador). Foi quando a dona Amelinha (Amélia de Almeida Hruschka) e o Rubens (Bueno) saíram a deputado estadual. O doutor Irineu (Francisco Irineu Brzezinski) saiu deputado federal. Todos foram eleitos e ocuparam cadeiras no congresso nacional... era um timaço, era ou não era?. Campo Mourão teve tudo para dar um salto enorme, à frente, mas... deixa pra lá”, enfatiza. 

O administrador - Pochapski foi prefeito (1983 a 1988). 
“Meu sonho - minha vontade - era fazer a melhor administração do Brasil. Eu desconhecia os terríveis bastidores, que começaram a agir contra, mas mantive o equilíbrio. Realizei uns 10 por cento do que planejei... e o resto não consegui... forças ocultas não me deixaram! Administrativamente fui bem, e mal politicamente!  Tive propostas indecorosas porém nunca aceitei subornos e nem conchavos. A situação financeira do município não era boa e pisei fundo no breque... segurei tudo que podia. Fiquei um ano travado. Economia extrema, necessária!! - Sempre abri as portas para todo mundo que quisesse ajudar. Me atrapalhar, não!!" (riso amarelo). Na porta do seu gabinete estava escrito: Sou Prefeito. Não sou Perfeito.


 

Obras - “Mas, com a situação em dia montei cerca de  20 postos de saúde fora do centro, e gabinetes odontológicos nas escolas. Asfaltei a Perimetral Tancredo Neves (antiga Travessa Guaíra), com cerca de 5 mil metros de comprimento. O Darcy Deitos ajudou, como diretor financeiro do DER. - Sediamos os Jogos Abertos do Paraná, no 40º Aniversário do Município (1987), uma festa estadual muito joia. Reformamos, totalmente, os ginásios JK e Bellim Carolo. Construímos os ginásios de esportes do Lar Paraná e da Vila Urupês. Renovei toda a frota de veículos da administração, com carros zero. Recuperei, cascalhei muitos trechos de estradas e construímos várias pontes de concreto. Implantamos o Ensino Interconfissional (todas as religiões), nas escolas municipais.  Estadualizamos a Fecilcam em 1987,  com ajuda do Álvaro Dias (governador), que também, na minha gestão, asfaltou a rodovia Campo Mourão/Araruna que tem o nome do pai dele. 
Asfaltamos todo o Conjunto Milton Luiz Pereira (Cohapar) e implantamos o Conjunto Mendes. 
Construímos cerca de 400 a 500 casas populares entregue à famílias pobres e prestação bem baixinha. 
Foi no meu governo que fizemos os primeiros 25 km de asfalto da Boiadeira... Lutamos – foi uma briga muito grande - pela ponte de Porto Camargo, aprovada quando eu era prefeito. 
Reformei todas as escolas e implantei o transporte escolar gratuito. 
No fim, deixei a prefeitura com obras, projetos, dinheiro em caixa e vários convênios assinados. Minha parte eu fiz. A outra não me deixaram fazer”, reclama entristecido. 

Detalhe - “Eu nunca inaugurei uma obra. Pode ver que não tem nenhuma placa minha em prédio nenhum que construí. Sempre achei que inauguração é um ato político bobo, e eu não tava a fim de me promover e nem gastar dinheiro com cerimônias. 
Veja só essa: - Uma vez eu convidei o Rubens (Bueno), pra visitar o postinho da Vila Cândida e, quando chegamos lá, ele perguntou: Ué, cadê o povo?!... (risos). “Acho que ele pensou que ia ter inauguração!!. (risos). Mas expliquei a ele porque não inaugurava obras minhas!.

Dos prefeitos de Campo Mourão, José Pochapski foi o último que presidiu a Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão - Comcam (1987). Depois, nunca mais teve prefeito de Campo Mourão presidente nesta importante comunidade municipalista que congrega e une 25 municípios.


Gol – “Minha alegria   de prefeito  foi quando ganhei um carro Gol/85 do vice-prefeito, secretários, funcionários da prefeitura e alguns empresários, num jantar festivo, que me fizeram na Associação Trombini, na Vila Teixeira, na minha despedida do paço municipal. 
Uma coisa eu te confesso. Nunca comentei com ninguém isso, mas apesar da companheirada boa, sai muito decepcionado da prefeitura, pelo que já expliquei. Certo?”.



Em Curitiba - Em 1989, de volta à Curitiba, trabalhei com o Rubens Bueno na Secretaria de Estado do Trabalho e da Justiça Social, no governo do Álvaro (Dias). Com o Mário Pereira (vice do Requião), na Secretaria de Estado dos Transportes (setor de Assistência aos Municípios). Lecionei nos colégios Integral e Modelo do Paraná. De 89 a 98 trabalhei com a ONG Instituto Florestas Tropicais, na organização de agricultores em pequenas associações rurais. No início como voluntário e depois firmamos convênios com o Estado e a Prefeitura de Irati (94/98). Temos parcerias com ONGs internacionais, principalmente com a The Bishop Budka Charitable Society, da cidade de Edmonton Alberta (Canadá). 

Retorno“Em 1999 voltei a Campo Mourão. Continuo ligado a ONG. Eu andava muito depressivo. Virei ermitão. Um monte de problemas, inclusive a morte da minha mãe, me abalaram bastante. Em Campo Mourão tenho muitos amigos, parte da família, e vim porque gosto daqui. Ai apresentei uma proposta ao Tauillo e fiquei à frente do programa do Governo Interativo, junto à comunidade. Neste ano, voltei às origens, na direção geral da Secretaria Municipal da Educação. Hoje estou com 55 anos e estou pensando em voltar a lecionar, que é paixão da minha vida. Educar os jovens”, confessa Pochapski. 

Curiosidades - “Meu nome é por causa de um tio que foi pra guerra (1944/45). A família pensou que ele tinha morrido e quiseram manter viva a lembrança dele. Me deram o nome de José. Veja bem!!.. Não sou santo!! – Mas, aconteceu o meu primeiro e único milagre: Meu tio voltou, em janeiro de 1946, são e salvo!!!(risos). Meu sobrenome, na verdade - que veio da Ucrânia - é Potchapsky. Quando fui registrado, já abrasileirou. Na campanha de 82, o Gurgel me apelidou de PuchaVecchi. 
Houve uma brincadeira na casa dos Teodoro e o Diógenes me chamou de Te Zele por causa do Tauillo. Aceitei a brincadeira e acrescentei: Te Zele Teodoro de Oliveira... (risos). – Quando recebi o titulo, deu vontade de dizer: A partir de hoje, como cidadão, honorário, meu nome é: José Potchapsky PutchaVecchi TeZele dos Teodoros... etc (risos)... - Afinal, sou um novo cidadão, do povo... de Campo Mourão... Sou o José de Todos”, arrematou, rindo muito. 

Frases Mal Ditas:  – "Como prefeito, disse coisas que não devia. Fui mal entendido. Paguei o preço da inexperiência política.
Por exemplo: numa reunião de professores eu falei: Olha gente. Se fosse pra lecionar do jeito que eu lecionava antes, eu preferia ir carpir café, porque eu prejudicaria menos, os meus alunos!! – Eu quis dizer que era para os professores se prepararem melhor. Foi um mal estar geral. Pior que isso. Eu falei numa escola rural, num sítio de café!!.. (risos). 
- Tentei melhorar o visual do centro. Recebi uns contra e até falei: Se quiserem amarrar cavalos nos postes, podem amarrar. Aqui no centro não faço nada! - Me dediquei mais aos bairros e à zona rural... Fui mal, nessa também, né?! 
Tinha terrenos vagos, aos montes, e anunciei na rádio: Vou aumentar ( e aumentei) o IPTU, pra acabar com a especulação dos terrenos baldios. Ainda disse: Vou enfiar a faca até o cabo... e dar uma mexidinha... (risos). “Foi a pior viagem!.. Viraram contra mim, quase me caçaram.” (relembra rindo). 

Triste lembrança - "Não gosto de lembrar. Mas já que insiste vou tentar te contar porque e como mataram meu pai, tá?. 
“Veja bem. Em 1956, papai foi morto pela polícia. Ele tinha só 35 anos de idade. Houve uma discussão logo cedo na porta do nosso armazém com uns integrantes da polícia civil. Foi naquela época de jaguncismo... lembra?! - Estava fechado e eles insistiram que fosse aberto pra eles tomar pinga. Papai ficou bravo e deu uns tiros pra cima. Mandou eles sumirem dali, xingaram a gente e foram embora. Por volta das 13 horas, tínhamos acabado de almoçar, eles voltaram com policias da militar armados de fuzil e cercaram a casa, não tinha como escapar. Um policial gritava para que papai saísse, senão eles iam metralhar a casa. Eu tinha 10 anos. A família estava toda, lá dentro, apavorada. 
Papai preocupou com a família. Disse que ia se entregar por medo que nos matassem. Me pegou pela mão e saímos pelos fundos, pela porta da cozinha. Tinha umas bananeiras por ali. Escutei um tiro e papai caiu, sem dar um gemido. A bala pegou no ouvido direito  e saiu pelo outro. Eu vi, ele caiu e sangrava muito pela cabeça... apavorei, corri pra dentro e falei: Mamãe, mataram nosso pai!! 
“O negócio foi o seguinte – conta Pochapski - 14 de setembro é dia santo ucraniano (Santa Cruz) e a venda estava fechada. Eles vieram, antes do almoço, e queriam tomar cachaça. Papai disse que não ia abrir. Ai houve a discussão e os tiros pra cima. Depois veio a polícia (militar), com fuzil e... deu no que deu!! Ficou tudo por isso mesmo!! - Mamãe estava grávida da Irene e ficou sozinha. Criou e educou os filhos. Nunca mais casou. Tinha 30 anos de idade. Continuou com o armazém. Eu estudava de manhã e ajudava à tarde. Enchia os pacotes mas não alcançava a balança Filizola (vermelha) e os colocava no balcão...”, lembra, com tristeza e pediu para encerrar a entrevista, com lágrimas nos olhos.

Pochapski foi prefeito, candidato a vice prefeito 
e se elegeu vereador na última eleição.


Pochapski e a Fecilcam

Complemento

Como ele dizia em seus discursos... ahh pera aí... só mais uma coisinha!
E complementava sua fala.
Professor e prefeito José Pochapski (Prefeito Saúde) teve participação decisiva no processo de criação e reconhecimento dos cursos de Ciências Econômicas, Administração de Empresas e Ciências Contábeis, da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam). Este trabalho, que mobilizou dezenas de lideranças, evitou o fim do ensino superior em Campo Mourão, por um fio. 
Foi o idealizador da Fundação Educacional de Campo Mourão (Fucam), instituição que assegura, até hoje, a permanência dos recursos do Salário Educação. 
Na sua gestão 1983/88, desenvolveu ações de vanguarda nas áreas de saúde, educação, saneamento básico, esporte, alimentação e urbanização, dentre outras. 
Vale ressaltar a implantação de aproximadamente 20 mini postos de Saúde e Gabinetes Odontológicos nos bairros, patrimônios rurais e distritos (Luiziana e Piquirivai). 
Manteve inúmeros programas de caráter preventivo e curativo. Sua filosofia é: “não dar o peixe e, sim, ensinar a pescar”. 
Mandou o povo plantar batatas e mandioca nos terrenos baldios e tentou um projeto curioso: o das cabritas leiteiras, sugerido pelo vereador José Dondaque, mas as famílias acabaram por matar e comer os caprinos, literalmente. 
Pochapski, e sua equipe de trabalho, dotou Campo Mourão de uma sólida infra-estrutura esportiva e foi a administração que, até então, mais investiu em pavimentação asfáltica, no combate à erosão e passou à história como "Prefeito Saúde" pela construção de duas  dezenas de Postinhos e maior investimento no bem estar social e educação nos bairros, vilas, favelas e distritos.
Implantou programas prioritários na Educação e Cultura. Um dos pontos marcantes foi a organização e o envolvimento comunitário na administração municipal. 
No seu governo, o então Distrito de Luiziana, pleiteava sua emancipação, movimento liderado e vencido pelo vereador Antonio Abrão dos Santos. Pochapski foi contra: "sou contrário porque ainda falta infraestrutura ao futuro novo município e quem sabe daqui uns dois anos esse movimento amadurece. Isso eu disse em um comício lá dentro de Luiziana. O povo estava em peso na praça e empolgado com a emancipação. Eu estava sozinho. Quase fui linchado. Desci do palanque e sai de fininho". (rindo assustado)
Pochapski até hoje é lembrado,  elogiado pela honestidade e seriedade que imperou durante toda a sua gestão e, aos que o criticavam, por não fazer política, dizia: “não sou político demagogo, prefiro agir e fazer do que ficar no bla bla bla inútil! O que a mão direita faz, a esquerda não precisa saber. Além do mais, sou prefeito, não sou perfeito".

Pochapski concorreu com vários candidatos, a maioria do PDS  e foi eleito pelo PMDB, com 12.012 votos. 

Brincalhão, às vezes, diz: fiz barba e cabelo, né?
Não só isso. Fez uma excelente administração. 
Parabéns professor-prefeito, foi perfeito !!


Texto Wille Bathke Jr
Quadro Tony Nishimura


Pochapski e Milton Luiz Pereira 
cidadãos honorários de Campo Mourão

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