18/03/2011

Waldyra a eterna Miss Broto de Campo Mourão


Valdé: mulher de rara beleza, apaixonada pela vida. Não perdeu bailes e teve oportunidades de bons casamentos. Casou com um homem de mais idade e se realizou, como mulher, ao ser mãe. Paquerou bastante, mas sempre fugia da raia. Em Campo Mourão conheceu as dificuldades da época. Mulher de fibra, viúva, dedica-se aos filhos. Venceu sozinha. Trabalha em Curitiba, onde vive tranquila e feliz ao lado da filha Karime, cercada de familiares e amigos.

Waldyra, Miss Broto / 62 de Campo Mourão 

Waldyra Gaertner, nasceu em Curitiba, dia 15 de novembro de 1941. Filha de Jorgina Ricci e Dario Gaertner. Irmã de Walkyria e Walmyra. “Meu pai, Capitão e Mestre de Obras do Exército, dirigiu projetos em Jaraguá e Anápolis (Brasília). Ficávamos muito sós com mamãe... com duas empregadas que não gostavam de nós. Eu tinha três aninhos”. 
"Meu avô materno, Abel Ricci, é fundador do Clube Operário e nome de rua em Ponta Grossa", orgulha-se.


Família de Waldyra Gaertner

Feliz - Em 1945 residiram na então capital do Brasil (Rio de Janeiro), “onde meu pai trabalhou na construção da Ponte do Galeão que unia a cidade à Ilha do Governador”. A família era alegre. A mãe tocava violão e o pai ensinava as filhas a dançar. Faleceu em 1956, com 76 anos. “Sem papai, tivemos dificuldades para sobreviver”, lamenta Valdé.

Cabo eleitoral - Antes, em 1950, mãe e filhas moraram em Ponta Grossa (PR). Era tempo de eleição. Dona Jorgina ajudou a eleger o governador Bento Munhoz da Rocha Neto. “Eu, com nove anos, saia pedir votos com ela. Meu tio Erasto Gaertner era deputado federal. Ofereceram cargo público à minha mãe, mas ela não aceitou”
Erasto Gaertner é nome de Avenida e do Hospital do Câncer, fundado pela sua esposa, Anita Mery Gaertner, em Curitiba. Erasto também foi prefeito da Capital e Ministro da Educação na presidência de João Café filho. “Ficamos em Ponta Grossa um ano e estudamos no renomado Colégio Santana (irmãs católicas)".

Erasto Gaertner e Bento Munhoz

Mamãe - Em 1957 retornaram ao Grajaú (RJ) onde as três irmãs concluíram o ginásio e estudaram na Escola Nacional de Música da UFRJ. Walkyria estudou Canto (autora da música do Hino de Campo Mourão - letra do prof. Egydio Martello); Waldyra (Violino) e Walmyra (Acordeão) com o maestro Mário Mascarenhas. Waldyra também fez Academia de Corte e Alta Costura. Ajudava a mãe na confecção de roupas a fim de ganhar dinheiro e sustento da família. “Mamãe tinha alma. Fazia tudo com muito amor. Éramos muito apegadas. Estudou e dirigiu uma Escola no Rio. Mamãe nos completava”, orgulha-se Waldyra, com brilho nos olhos.

Paquerinhas - Quando mocinha teve uns namoricos típicos da época. “Eu paquerava mas era tudo muito superficial, com respeito, nada de agarra agarra nem beijos”
O começo da juventude foi na cidade universitária de Itajubá (MG). Não perdia um baile. “Não paravam de me tirar para dançar. Dei pouco balaio (recusa). Quando eu não queria, sutilmente fazia de conta que não era comigo, porém eu nunca disse não”, (risos). “Pulei e brinquei muitos carnavais. Eu namorava... tive muitas chances de bons casamentos, mas não me encantava. Nunca fui conquistada de verdade. Eu queria liberdade. Se falavam em casar, eu fugia da raia”... (risos).

Família - Em 1958 volta à Ponta Grossa. “Mamãe foi apresentar as filhas mocinhas à família toda, uma maravilha esse encontro”. A irmã Walkyria conheceu, namorou, noivou e em 25 dias casou com Geraldo Boss, Engenheiro Civil e Inspetor de Terras que trabalhou em Londrina e em Campo Mourão "numa época de muita briga e morte pela terra".

Londrina - Em 1960 Waldyra morou em Londrina e ajudou cuidar do sobrinho Júnior. “Gostei de Londrina, mas era atrasada. Muito pó... tudo diferente. Fiquei 20 dias e participei de dois bailes só. Num deles teve a apresentação da famosa Coleção Emílio Zolá”, conta Waldyra. “Voltei ao Rio. Mamãe casou novamente. Meu padrasto não queria nada com família, era boêmio”. Esse casamento durou menos de três anos. “Depois minha mãe foi aos Estados Unidos, casou por lá e faleceu”, conta entristecida.

Campo Mourão - Em 1962 Geraldo e Walkyria estavam em Campo Mourão. “Ela esperava minha sobrinha Cristina. Fui do Rio passear no Campo, porque eu não gostava do meu padrasto. A companhia deles me fez gostar de Campo Mourão”. Moraram na Rua Santa Catarina. O escritório da Inspetoria de Terras ficava onde está a Sanepar.

Passeadeira - “À tarde eu passeava na praça. Era hora da paquera. Tinha poucas ruas e lojas. Minha desculpa era levar o Júnior, passear. Me lembro da Quitanda Avenida, Casa Nossa Senhora Aparecida, Casa Aliança... ia ao Cine Mourão e na Sorveteria do Malluf. A Baby (Roseli Razolini), minha amigona, ia comigo. Muitas vezes levei a menina Elvira (Filha de Odete e Alcyr Costa Schen) para passear conosco. Gostei de dois rapazes e parece que me apaixonei por outro, um terceiro. Os três, me parece,  estão bem casados”, cita os nomes mas pede para não os revelar.

Cine Mourão, "aqui em frente afundei no barro".

Vexame - "Uma noite dei vexame. Choveu. Muito mingau de  barro. As luzes nos postes eram fraquinhas... as ruas sem calçamento. Eu estava chegando ao Cine Mourão, vestido chic, de salto alto... aíi atolooou... prendeu e eu estatelei por inteira naquela pasta... fiquei toda enlameada, desenxavida e suja. Me puserem em pé, sapatos na mão, voltei para casa, chorando, sem graça”.

Miss Beleza – Em setembro de 1962 aconteceu o Baile da Primavera e tinha concurso. “Dona Eroni (professora), esposa do seu Domingos (Maciel Ribas - presidente do Clube 10 de Outubro) e dona Niva Queiroz, me convidaram a fim de disputar. Eu era nova na cidade e recusei. Não achava justo. Dona Eroni respondeu: ninguém é de Campo Mourão, menina... todas nasceram fora daqui, igual você... vai participar sim, senhorita!!" 
Concorreram nove garotas. Waldyra Gaertner disputou a final do Miss Beleza/62 com a Amélia Minikoski. 
“Conheci a Amelinha naquela noite, no toalete. Muito bonita ela”, elogia. “Na mesa julgadora estavam dona Odete, seu Schen, dona Diva, dona Eroni e mais três que não me recordo. Fiquei em primeiro lugar, mas não por isso, creio que foi mérito meu. Caprichei na apresentação e sorri o tempo todo para o juri e presentes. O clube lotou”, diz satisfeita. “Nesse baile senti que fui sucesso. Seu Alcyr Schen me disse: aproveita mocinha... você tá por cima da carne seca!!!" (risos).

Campo Mourão, Domingos Maciel Ribas, Elias Faraht
e a Miss Waldyra, no Clube 10 de Outubro

Confusão - “Em certa altura dona Eroni disse que ia me apresentar um “partidão (risos). Atravessamos o salão até a mesa em que estavam: Adelaide (esposa de Rosalino Salvadori), Eunice (esposa do Jorge Farhat) e o Elias Farhat”. Este último convidou Waldyra para sentar-se e puxou uma cadeira. “Resisti muito e ele insistiu... sentei. Me ofereceu uma cuba-libre (coca-cola com rum). Me convidou e saímos dançar. Ele me falava das obras da cidade. Todo mundo olhava. Era mais velho e eu uma mocinha. Ele não queria parar. Pedi para sentar e ele não gostou. Nem bem sentei, o Augusto Carneiro veio rápido, me tirou e fomos dançar”. 
Emburrado, Elias levantou e foi embora. Valdé ainda dançou com o Joel Albuquerque, Wilson Yurk e com o Zamir Teixeira. 
“Em casa, depois do baile, me gabei e falei do Elias à mana Walkyria. Ela não acreditou e riu: um homem importante... vê se ele vai te dar confiança, garota!"
"Eu, na minha cabeça e pela postura dele. pensei que era marido da Adelaide ou prefeito da cidade. Não o conhecia. Sei que ele virou a cara comigo. Nem me cumprimentava na rua”, conta Valdé.

Estratégia “Só nesse baile marquei três  encontros para domingo, depois da Missa das 10. Fui e pouco antes de acabar, sai rapidinha pela porta lateral, escondidinha (risos). Os quatro estavam lá. 
Contei à mamãe que eu estava embalada (namorando) e ela me levou para o Rio de Janeiro porque pensou que eu estava apaixonada. Fiquei um ano viajando. 
Conheci, Rosalvo Grande, num baile de Carnaval, eu vestida de baiana, em Ponta Grossa. Um moço bonito, simpático, que um tio me apresentou. Eu estava indo para Campo Mourão com mamãe. O Rosalvo, que morava em Pitanga, jurou de pés juntos que ia passar a Páscoa comigo”, relembra. 
“Dali uns dias mamãe voltou ao Rio. Fiquei com a Walkyria e o Geraldo, no Campo”, recorda.

Waldyra na Pedreira Municipal de Campo Mourão

Pedreira – Domingo de Páscoa. “Estava chateada. Muita saudade de mamãe e chorava, escondida, no quarto”. O telefone tocou. Era dona Eroni. Me convidou para um churrasco na Pedreira Municipal, que ia ser inaugurada". 
Foram de jeep com Domingos Maciel Ribas: Nelson Maculan e uma comitiva de destaque de Curitiba, a maioria políticos presentes. “Encontrei a Elenir (Teodoro de Oliveira). Ficamos passeando por ali e eu cuidando do Juninho, meu sobrinho. Tinha uma estradinha recém aberta que cabia só um carro. Bem nessa hora o Júnior resolveu... sabe? (risos). “Ele estava ali agachadinho e quando vi a comitiva vindo... todo mundo compenetrado, vinha pela estradinha em nossa direção” (risos). “Tirei o Júnior da estrada do jeito que estava. Passaram, sérios. Só o Nelsinho (Nelson Teodoro de Oliveira) e o Eraldo (Teodoro de Oliveira) me cumprimentaram. O Elias (Farhat) estava junto, mas nem me olhou. Depois eu soube que era secretário de obras da Prefeitura. No churrasco o Elias (se fazendo de esquecido) me perguntou: a senhorita está bem servida?! - Pedi um guaraná. A bebida estava acabando, só que estou esperando o guaraná até hoje (risos).. ele não trouxe. Não me reconheceu, será? 
Eu tinha engordado uns seis quilos, mas não mudei meu rosto. Perguntou aos irmãos da Elenir quem eu era e lembrou. Depois conversamos normal e ele - insistente - disse que ia passar na casa da Walkyria, me ver. Não falei nada. À tarde me tranquei em casa. A Walkyria me chamou para tomar sorvete com as crianças, mas não fui. Fechei e apaguei tudo. Me escondi dele e fiquei sondando por  trás da cortina da janela. O Elias passou e parou não sei quantas vezes em frente de casa (rindo). Contei à Walkyria o que fiz e ela ficou brava, me xingou até. No outro dia o Elias telefonou e a Walkyria consertou tudo. Disse que eu não estava em casa porque ela insistiu e tinha me levado, tomar sorvete. Me salvou a pátria, viu?!” 

Namoro “Na segunda-feira o Elias veio de supetão, entrou em casa e conversamos. Não deu tempo de me esconder. Na terça voltou. Perguntou porque eu estava em Campo Mourão?! Na quarta se declarou. Disse que pensava em mim e que se tudo desse certo, ia construir uma casa e, até o fim do ano, casariamos!! 
Diante da surpresa inesperada, reagi: "Que é isso doutor? Calma!" 
- "Se você não tivesse ido ao Rio acho que já tínhamos casado há uns dois anos antes!", respondeu ele. 
"Domingo demos uma volta no carro dele. Me mostrou os terrenos que tinha e mandou eu escolher um. Escolhi a planta, e ele iniciou a casa”, narra Valdé.

Sumido - Nesse clima, de namoro não namoro, um dia o Dr. Elias, sem falar nada, viajou ao Paraguai e ficou 15 dias sem dar notícias. “Me falavam mal dele. Que era cheio de problemas e que tinha mulher até no Paraguai. Eu pouca bola dava às fofocas. Sempre fui segura. Pensei ir embora para o Rio porque tinha chegado uma carta de mamãe, me chamando, não ia por causa dele. A Walkyria, minha irmã, não deixou. Eu cuidava do Junior".

Numa bela tarde, semanas depois, o Elias voltou e foi direto lá em casa. Estava de chapéu, óculos escuros, imundo de pó. Foi e deixou duas malas. Saiu, tomou banho não sei aonde e voltou à noite bem arrumadinho. Uma mala ele deu com presentes para minha irmã e as crianças e a outra, cheia de presentes, para mim. Tinha cortes de tecidos, jóias, maquiagem e perfumes”, conta sorridente.
“Eu reclamei da demora e disse a ele que já estava indo embora”. - "Se você tivesse ido, eu ia te buscar", respondeu ele, sério. 
"Ai me senti segura. Percebi que ele gostava mesmo de mim”.
Ele explicou que tinha ido atrás de um caminhão, com café, que tinham roubado dele e levado ao Paraguai; recuperou e vendeu a carga lá mesmo. Admirava o Elias pela inteligência, postura, presença... um homem muito digno e correto, tanto que depois fui gostando dele”, elogia Waldyra.

Casamento lindo - "Fomos ao Rio de Janeiro. Elias falou com mamãe sobre nosso casamento. Visitamos a mãe dele lá, também. Noivamos e no dia 18 de janeiro de 1964 casamos na Catedral de São José de Campo Mourão. Quem fez meu casamento civil, em casa, foi o escrivão Ville Bathke, numa festa mais linda do mundo, na Rua Santa Catarina, 534, casa da Walkyria"

Contratempos na Lua de Mel  - "Agora escute essa. Unidos, pelas leis da igreja e dos homens, à noite viajamos a fim de  sacramentarmos a tradicional lua de mel. Embarcamos numa camioneta Ford, em roupas de núpcias, do jeito que casamos. Tempo feio e preto. Escuridão de filme de terror. A estrada que ia do Campo à Maringá estava em construção. Muita terra solta, atoleiros e desvios. Era verão bem quente e abafado. Chovia pesado. Raio de todo lado iluminava rapidamente a estrada. Cegava a gente na cabine. Estrondos violentos. Difícil dirigir e enxergar onde se ia. A camioneta dançava na lama, rabeava, até que o Elias errou  e entramos num desvio. Atolamos e o carro encostou de lado no barranco. Ele disse que ia buscar socorro, a pé. Imagine os perigos.
Me deixou dinheiro e um revólver 38. Nunca tinha pegado uma arma e nunca dei um tiro. Ele saiu pela janela do motorista, subiu na cabine, pulou no barranco e sumiu na escuridão. A porta não abria. Fechei o vidro. Suava. Fiquei ali, só eu e Deus, encolhidinha. Cada luz que passava na estrada, eu me agachava, morta de medo. 
Lá pelas duas... três horas da madrugada o Elias voltou. Me tirou pela janela, me puxou para cima do barranco sem abrir a porta. Estava presa. Minhas pernas atolaram naquela lama grudenta. Fiquei com botas de barro até os joelhos.  Fui toda suja até Maringá com uma carona que ele conseguiu. Entramos no Hotel (Indaiá) bem iluminado. Havia um Baile de Gala. Imagine minha situação ao entrar naquele ambiente chic?... aí que vi minhas pernas, pés, sapatos... cabelos... uma sujeira só... parecia uma louca... todo mundo me olhava, com aquelas caras, sabe? 
Seguimos até nosso quarto. O Elias pediu uma bebida e eu um Toddy quente (risos). 
Em seguida tomei um belo banho, sozinha. Ainda era virgem (rindo). Me vesti, nova de novo, toda cheirosa. 

Cama? nada!... só repousamos do cansaço da “epopeia maluca".
"Meu querido diário, indiscreti"..
Lembra que casamos dia 18? - Ficamos o resto da madrugada no hotel e dia 19 o Elias buscou a camioneta intacta. 
Dia 20 viajamos rumo a Ponta Grossa. 
Dia 21 estávamos em Curitiba. Tinha um congresso lá. Hotéis lotados. Ficamos no Palace Hotel, da Rio Branco esquina com a XV.  Até aí nada. Estava invicta. (rindo). 
Dia 22 ficamos em Lajes (SC) e, à noite do dia 23... parampanpan... dormimos juntos em Porto Alegre (RS)... aí aconteceu a lua de mel, propriamente dita.” (rindo muito).
“Depois fomos a São Paulo, Piracicaba (a passeio) e retornamos a Campo Mourão direto à nossa casa cheirando nova. Era a mais bonita da cidade, em alvenaria, bem acabada por fora e por dentro, na Av. Irmãos Pereira quase esquina com a praça Munhoz da Rocha. Depois vendemos e está lá até hoje. Moramos ali cerca de um ano. A mobília eu que escolhi do meu gosto, veio toda de São Paulo, em madeira maciça”, conta feliz do seu tempo dedicado à família em Campo Mourão, “um lugar abençoado que amo muito”, concluiu Valdé a história de sua Lua de Mel.

Mãe – Em 14 de novembro de 1964 nasceu o filho Fábio (Engenheiro Eletrônico – EFEI - MG) e em 28 de janeiro de 1967, nasceu a Karime (Engenheira Agrônoma - UFPR). Fábio trabalhou 11 anos na Copel e atualmente trabalha em Uberlândia. “Me realizei como mulher, sendo mãe”, enfatiza Waldyra. "Vendemos tudo em Campo Mourão e voltamos ao Rio de Janeiro”, conta.

Hoje –Depois que Elias faleceu Waldyra, a convite do INCRA, trabalhou seis anos como Assistente Social em assentamentos de famílias em zonas rurais, interior do Paraná. “Superei a ausência do meu marido com muita saudade. Me dediquei aos filhos. Venci os obstáculos e hoje tenho meu Ateliê e Escola de Alta Costura, na R. Nilo Cairo, 257, conjunto 603, em Curitiba, graças a Deus!!

Elias Farhat, nasceu em Piracicaba (SP), dia 18 de maio de 1922. Filho de Sarhat e Jorge Farhat, industrial e comerciante de tesouras. Como Engenheiro Civil, formado pela Escola de Engenharia “Luiz de Queiroz” (USP – atual ESALQ), planejou a Fazenda Modelo do Paraná em Charles Nauffal (Cornélio Procópio (PR). Fez curso de Aerofotogrametria. Chegou a Campo Mourão em 1952, onde trabalhou como secretário de obras municipal.

Posse de Elias Faraht no IBRA,
ladeado por Waldyra após mudarem-se  de Campo Mourão

IBRA - Elias se inscreveu em concurso do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária – IBRA do Rio de Janeiro. Em novembro de 1965 voltou a Campo Mourão e morou com o irmão Feiz Farhat. Andava desanimado com prejuízos acumulados. Vendeu tudo. Perdeu safra de café por causa das geadas. Desempregado, não tinha resultado do concurso. 
Em janeiro de 1965 foi ao IBRA saber porque não o chamaram para fazer o teste. Informaram a ele e a um concorrente de Mato Grosso, que o concurso já tinha se realizado. Ele botou o IBRA abaixo, esbravejou e exigiu fazer os testes. Os dois fizeram e Elias passou em primeiro lugar. Assumiu e ficou com a família no Rio de Janeiro, cidade que detestava por causa do calor.

Dr. Milton - Nesse meio tempo recebeu visita do advogado  Milton Luiz Pereira (prefeito), que o convidou para ser secretário da Prefeitura de Campo Mourão. Ambos foram adversários políticos. Na campanha. brigavam pelo Jornal (Tribuna do Interior) e pela Rádio (Colmeia). Por causa do cargo no IBRA, não aceitou. Depois viajou aos Estados Unidos, se especializar. Voltou e assumiu a Divisão Técnica do IBRA (1965 a 1980).


Prefeitura de Campo Mourão

Em Campo Mourão - O projeto do atual prédio da Prefeitura de Campo Mourão é de Elias Farhat. Com os irmãos Feiz e Jorge Farhat construíram a primeira rodoviária antiga, onde exploravam pequenas salas de aluguel e tinham um barzinho. O Feiz Farhat era Engenheiro Agrônomo. Os três plantavam café e o Jorge era o feitor (administrador). Feiz, além da lanchonete na antiga rodoviária, também foi secretário da Prefeitura de Campo Mourão. Elias, projetou e concluiu o primeiro trecho de asfalto na Av. Capitão Índio Bandeira, entre as ruas Harrison José Borges e Araruna iniciado na gestão de seu Antoninho e inaugurado no governo do Dr Milton. Elias instalou a Pedreira Municipal com objetivo de baratear o custo da matéria prima (britas) de pavimentação básica.

Campo Mourão - o projeto do prédio da Prefeitura
foi pedido do prefeito Antonio Teodoro de Oliveira (centro)

Curitiba - Em 1977, a convite do presidente do INCRA, doutor Haroldo Molleta, assumiu a Divisão Técnica do Paraná, em Curitiba. Em 1980, com problemas de saúde, foi para Huston (Texas - USA) operar um descolamento da retina, pelo Dr. Abdala Moura. Sofria de diabete e foi vítima de colapso cardíaco. Faleceu na cama, ao lado da esposa Waldyra, repentinamente, às 5hs 30min, do dia 22 de março de 1980.

Discurso de Elias Farhat
O prefeito Roberto Brzezinski e o candidato a prefeito Harrison José Borges (Pitico) faleceram em acidente automobilístico, dia 21 de setembro de 1959. Antonio Teodoro de Oliveira, foi apresentado por Elias Farhat, como substituto do candidato falecido, em comício na frente da Matriz de São José, dia 23 de setembro de 1959, treze dias antes da eleição. Transcrevemos aqui, trechos do discurso do apresentador:

“Povo generoso, bom e altruísta de Campo Mourão!!!  Antes de darmos início a este comício peço-vos, encarecidamente, conservar-vos em silêncio por um minuto em homenagem póstuma à memória dos inesquecíveis companheiros e amigos, Roberto Brzezinski e Harrison José Borges... 
Ainda consternados pelo doloroso transe porque passamos..... vimo-nos obrigados, apesar disso, a reunir-vos aqui, a fim de externarmos de viva voz o nosso sincero e comovido agradecimento pela magnífica demonstração de solidariedade fraternal e humana, por vós, povo de Campo Mourão e adjacências, prestada a estes dois vultos de nossa cidade tão prematuramente desaparecidos... (solidariedade) demonstrada nos dias 21 e 22 próximos passados quando, como uma torrente de ternura e um mar de lágrimas fostes conduzir à sua última morada nossos inolvidáveis amigos...
Povo de Campo Mourão!!! 
Não tínhamos o propósito de realizar este comício, mas duas razões bem fortes obrigaram-nos reunir-vos hoje aqui:
A primeira, para externarmos de público o nosso agradecimento... A segunda, por imperativo da Lei do Código Eleitoral, que exige a substituição do candidato desaparecido, dentro de 48 horas. 
Pois bem. O novo candidato foi escolhido e registrado... 
Volvei as vistas para este palanque e não encontrareis nenhum figurão de projeção na órbita estadual e nem federal... não foi preciso trazer isca eleitoral, para reunir-vos aqui...
O nosso candidato... é o senhor Antonio Teodoro de Oliveira. 
Homem simples, trabalhador, honesto e administrador... é uma bandeira desfraldada na luta pelo retorno à calma e sossego da nossa terra... 
Antonio Teodoro de Oliveira é um baluarte inexpugnável”, concluiu Elias Farhat, sob fortes aplausos.

Antonio Franco (coletor), Antonio Teodoro de Oliveira (prefeito), 
José Dutra de Almeida Lira (promotor), (?) e Elias Faraht em  Brasilia

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