(Trecho do Livro Peaberu do catarinense Olavo Raul)
Cume do Monte Crista
O pesquisador e escritor Olavo Raul nos resume a história do caminho:
Um dos troncos principais ligava a localidade de Cananéia, litoral de São Paulo à cidade de Cuzco antiga capital dos Incas, no Peru, por cerca de 5 mil quilômetros.
Uma das variantes desse longo caminho começa no litoral norte de Santa Catarina, nas imediações do rio Três Barras e da baía da Babitonga, depois segue até o Peru. O ramal do Peaberu situado entre o rio Barras e as “Missões” era conhecido como “Caminho de São Tomé”, permanentemente visitado até hoje, e percorrido por caravanas em busca dos conhecimentos históricos, místicos e religiosos emanados pelo Caminho.
O mesmo, além de ter sido trilhado pelos padres jesuítas durante os muitos anos em que mantiveram Las Missiones, também foi trilhado por aventureiros em busca de riquezas, que vinham da Espanha e Portugal. Tudo indica que Aleixo Garcia, Álvar Nuñes Cabeza de Vaca e Fernando de Trejo y Sanábria e muitos outros fizeram suas caminhadas por esse mesmo Peaberu.
Nas margens do rio Três Barras começa a ramificação do Peaberú conhecida como Caminho Velho, Caminho de Três Barras, Caminho dos Ambrósios, Caminho de São Tomé, Caminho dos Jesuítas e Caminho de Monte Crista.
Ulrich Schmidl, um europeu de língua alemã, percorreu o Peaberu (de Assunção a Santos-SP) em 1553. Uma gravura dessa época mostra lhamas sendo usados como animais de carga por ele. Isso indica que o caminho era conhecido pelos Incas.
Quando os espanhóis e portugueses chegaram à América do Sul, nos primeiros decênios depois de 1492, aqui encontraram uma extensa rede de caminhos conhecida pelo nome de Peaberu, que cortava o continente sul-americano em todas as direções. A mesma existe desde tempos imemoriais e é mencionada desde os primeiros tempos da “conquista”.
Em 1523/1525, o português Aleixo Garcia, acompanhado por milhares de índios, partiu do litoral norte de Santa Catarina e chegou a pé a uma região próxima do Peru. A caminhada de Aleixo Garcia foi feita pela milenar trilha do Peaberu que, em alguns trechos, tinha oito palmos de largura, alguns calçados e outros revestidos de grama.
Anos mais tarde, os jesuítas deram o nome de “São Tomé” ao caminho que ligava a Las Misiones ao rio Três Barras.
A trilha que passa pela “escadaria de pedra” junto ao Monte Crista é usada atualmente, por centenas de turistas amantes da ecologia e também por fatos místicos.
Escadas de Pedras
Em tempos passados havia uma variante mais longa e menos íngrime, própria para mulas carregadas, cavalos e gado bovino, que está fora de uso e foi tomada pelo mato.
Encaixe perfeito e sinais gravados em rocha
No Caminho de Monte Crista, que é apenas uma minúscula parte do Peaberu, existem algumas obras de engenharia simplesmente admiráveis. A peculiar técnica de construção, tanto a dos pontilhões como a da escadaria de pedras irregulares faz lembrar as antigas obras de engenharia que se encontram na região andina, feitas por civilizações antigas dos Incas.
Ilha da Páscoa?? - Não, Monte Crista!!
(Raul, Olavo – O Peabirú: livro editado pelo autor: Joinville 2002
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Eduardo Bueno diz:
O Brasil tem na trilha do Peaberu (pê abê y u) uma antiga rota indigena transformada em seu meio de colonização do sul do país. Esta é a grande oportunidade de reabilitar o Peaberu como um símbolo dos primeiros caminhos do Brasil. A trilha do Peaberu ia de onde é hoje o balneário Camboriú no litoral de Santa Catarina, passando por São Luis do Purunã e seguia o curso dos rios Iguaçu, Paraná e cruzava a oeste até Assunção, no Paraguai.
Em busca das riquezas incas, o português Aleixo Garcia, em 1523/1525, utilizou-se do traçado que foi mostrado pelos índios Carijós (Carios) para rumar a oeste até Assunção, a partir da Praia dos Naufágos onde Garcia foi acolhido pela tribo, casou com uma índia e teve um filho, Diogo.
Saga de Aleixo Garcia - encenada em Antonina - PR
Segundo o historiador Eduardo Bueno "Por intermédio deles, as notícias sobre a "Serra da Prata" (Potosi) e (El Dorado) do Rei Branco (Peru)" também iriam chegar aos ouvidos dos reis de Portugal e Espanha, e se tornou a força motriz que impulsionou a exploração do rio da Prata e a ocupação do litoral sul do Brasil. Por aqui passaram expedições de Pero Lobo em 1531, Alvar Nunes Cabeza de Vaca em 1541 e Ulrich Schmidel em 1553; dos jesuítas Pedro Lozano e Ruiz de Montoya, Raposo Tavares, Manoel Preto e outros bandeirantes".
Os mais de 500 anos do Brasil tornam uma oportunidade única para a valorização dos caminhos traçados pelos primeiros habitantes desta terra e depois largamente utilizados pelos europeus.
A questão reveste-se de maior importância quando se valoriza o ecoturismo, a conservação do meio ambiente e a preservação sagrada da memória histórica.
O Instituto Peabiru, com o intuito de garantir impulso econômico e promover o desenvolvimento sustentável de diversas regiões do país, está resgatando a memória sobre o Peaberu através de pesquisa histórica e divulgação.
O Caminho existe. Está aí por todo o Brasil e América do Sul, e as descobertas não param, registradas, passo a passo, pelos que se dedicam ao seu resgate lendário e histórico. Somos todos responsáveis pelos achados e sua divulgação.
Coletânea de Eduardo Bueno
Olá Amigo!
ResponderExcluirVi este Blog no Google e gostei muito!
Vamos ajudar a preservar esta Preciosidade da nossa História!
A Pousada Monte Crista https://www.facebook.com/pousadamontecrista em Garuva-SC, ao sopé da Montanha, tem bastante material e um dos Descendentes que descobriu o caminho há 60 anos, trabalha lá.
Está havendo exploração criminosa de Palmito e abertura de trilhas com maquinário.
Vamos ajudar na preservação! Obrigado pelo Blog! Continue! É uma fonte de história e tanto!
Abraço