04/05/2019

Primeiros Pioneiros de Campo Mourão desde os Campos do Mourão


Caminhos e Ferrovia Paraná/Mato Grosso em 1876

Em 25 de setembro de 1893, um grupo de 30 guarapuavanos (dentre eles uma única  mulher: Lauriana de Paula Marcondes) requereu a posse de 60 mil hectares de terra da região, mas não vieram morar nos Campos do Mourão.
O primeiro que se fixou, de fato, foi Jozé Luis Pereira que depois de idas e vindas, duas erradas de rumo até chegar aos Campos do Mourão, finalmente, dia 16 de setembro de 1903 chegou à terra sonhada com 11 pessoas da família,  de mudança. Fez rancho e morou na região conhecida por Santa Cruz, à margem direita do Ribeirão 119.
Foi  em 1903 que, efetivamente,   começou o povoamento, com a fixação da Família Pereira nos  Campos do Mourão.
Antes, começo de 1900, foi aberto uma picada desde Pitanga até Campos do Mourão. Foi por ela que vieram a família Pereira e a Custódio. Depois as de Paula Xavier, a família Walter que tomaram posses de terra devoluta no sertão do centro- oeste do Paraná. Os lugares preferidos para se instalarem eram os que possuíam água fácil e abundante, principalmente rio.
Em 1906 já havia cerca de 100 pessoas espalhadas - que moravam pelos Campos do Mourão, entre as distantes  barrancas do Piquiri e do Ivaí.
Foi em 1906, pela picada que chegou, também, o primeiro padre (veio a cavalo, de Guarapuava) - Francisco Vendder - que rezou a 1ª missa ao pé do Cruzeiro de cedro da Santa Cruz. Na mesma ocasião fez batizados e casamentos coletivos. Foi uma festa no dia 8 de maio de 1906, data consagrada à Santa Cruz de Cristo.
Ainda, em 1906, foi iniciada a abertura de outro picadão, bem mais largo que ia de Guarapuava, Pitanga, Campos do Mourão até o Rio Paraná, no sul de Mato Grosso. Começou a ser aberto em 1906 e concluído em 1910, conhecido por “Estrada Boiadeira pois era por esse abrupto caminho que os boiadeiros guarapuavanos tocavam suas numerosas boiadas e as comercializavam no distante estado vizinho.
Depois de aberta a Estrada Boiadeira se vencia os sacrifícios com mais facilidade sem deixarem de ser penosos pela falta de recursos fáceis. Cada viagem ou comitiva era uma aventura de muitos dias ou até meses conforme as condições do tempo.
Assim, a partir de 1910, pelo picadão, chegaram as famílias de Jorge Walter,  Américo Pereira Pinto e José Custodio de Oliveira.
Os pioneiros moravam todos longe uns dos outros. Nem se imaginava onde seria traçada a cidade. Também veio, foi e voltou Guilherme de Paula Xavier, que tinha posse da fazenda Santa Maria (região dos rios São João e Ranchinho).
Jorge Walter o Russo entrou na Gleba São Domingos que tinha requerido no cartório de Guarapuava. Ficou mais conhecida como a  Gleba dos Walter na região da Estiva, Pranchinha (Klabin) ao lado direito da  estrada sentido Campo Mourão/Roncador  (BR-158).  Veio com uma tropa de animais trazida para a região, tocada desde Guarapuava: 654 vacas e bois, 48 cavalos, éguas e mulas, além de 15 cargueiros de sal grosso. A principal preocupação dos pioneiros era o sal tanto para si como para o gado.
Viajavam a cavalo, em lentos e ‘sonoros’ carros-de-bois, comboios e tropas. Junto com suas mudanças (traias), traziam sementes para fazer roças, principalmente as de milho e feijão, manívias (tocos de mudas) de mandioca e de cana de açúcar. Praticavam  a chamada economia de sobrevivência que funcionava na base da troca  (barganha) e se ajudavam mutuamente nos plantios e nas colheitas (mutirão).
Nesse tempo o que valia ouro era a rapadura, largamente usada pelos pioneiros como escambo (moeda) nas casas de comércio de Pitanga e Guarapuava, onde iam trocar seus cargueiros de alimentos por mercadorias, e o dinheiro era a rapadura.
Esses pioneiros, e mais um punhado de destemidos desbravadores e aventureiros deram origem a Campo Mourão e às demais cidades da Microrregião 12, no centro-oeste do Estado do Paraná, rumo ao seu  promissor futuro.
 


 
As matas e a vegetação do cerrado foram abertas a ferro e fogo

 
Pequizeiro e seus frutos

 
Ipê do cerrado e reduzido pinheiral

Foi assim que começou a ocupação lenta e fixação efetiva das famílias pioneiras no grande cerrado e imenso sertão Campomourãoense.


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