25/09/2018

Cerrado de Campo Mourão vai acabar


Campo Mourão: o vasto cerrado invadido pelo 'progresso' 

Cerrado de Campo Mourão pede socorro

Cesar Sanson - 27 Junho 2016


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Angico do cerrado mourãoense é medicinal

Há em Campo Mourão, no centro-oeste paranaense, árvores e plantas tão antigas que correm grande risco de sumirem do mapa bem logo, concluíram pesquisadores da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), em parceira com a Universidade Estadual de Maringá (UEM).
A área de cerrado em Campo Mourão é quase 14 vezes mais antiga do que a "descoberta" do Brasil, encontrado por desbravadores portugueses em 1.500 — amostras apontam que a vegetação presente no local tem mais de 7 mil anos de existência — pode sumir em menos de três décadas, se não houver mudanças drásticas de comportamento humano, conforme os estudos.
No entanto, vestígios do passado ainda estão presentes em um bioma cada vez mais raro, e foram usados para as pesquisa feitas no Laboratório de Estudos Paleoambentais da Fecilcam (Lepafe), pertencente à Universidade Paranaense.  
As palmeirinhas eram abundantes em Campo Mourão

O estudo foi feito a partir do pólen de um pequi e demonstra que a região, que era predominantemente de cerrado, bioma brasileiro importantíssimo para o desenvolvimento de soluções medicinais, está desaparecendo rápido demais.
O material colhido, diz o professor Mauro Parolin, coordenador do Lepafe, pode revelar importantes respostas (e novos questionamentos) sobre clima, vegetação e condições ambientais. "Essas pesquisas, numa época em que temos tantos extremos climáticos e discutimos tanto o aquecimento global, são extremamente importantes. O entendimento de processos do passado podem nos dar respostas para o presente e para o futuro", afirma o pesquisador.
 
Pequizeiro do cerrado é uma árvore com tronco tortuoso 
e casca suberosa (rachada) 
é madeira pesada, porém macia e longa durabilidade, 
atinge até 10 m de altura. Seus frutos  são alimento.
O  descampado de Campo Mourão tem dado espaço a urbanização e à agricultura. O problema é que, com a mudança, morre também a biodiversidade. "Com a perda da área de cerrado, perdemos também a biodiversidade. Isso é péssimo. Perder biodiversidade significa perder espécies. Precisamos mantê-las, para que tenhamos o conhecimento mais profundo de alguma plantas que podem virar princípios medicinais", comenta o professor.
Atualmente o cerrado na região de Campo Mourão é aproximadamente quatro vezes menor do que há 5 mil anos. A área ainda é grande, apesar da redução em cerca de 102 quilômetros quadrados. Mesmo assim, isso não a impede a médio prazo. Para o professor do Lepafe, as pesquisas são o primeiro passo para que consigamos preservar o meio ambiente e os biomas importantes aos seres humanos. Entretanto, é preciso que existam políticas públicas que mantenham, efetivamente, a natureza preservada.
"Tem que existir mais vontade política para mudar a situação, no sentido de dar mais atenção àquilo que as universidades têm produzido. As pesquisas só são efetivas se houver ação. Precisamos, urgentemente, de políticas públicas voltadas, efetivamente, à preservação do meio ambiente", comenta Parolin.

Mercúrio-do-campo

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Tucano nativo de Campo Mourão - sumiu

Porque as árvores são tortas

- No Cerrado?
- É devido a uma combinação de fatores naturais! 
A flora do Cerrado possui características biológicas que a protegem da morte em caso de queimadas, fenômeno comum na região devido aos raios e a vegetação seca, conforme a estação climática.
Mas o fogo mata alguns brotos de modo que os galhos estão sempre crescendo numa direção diferente.
Vale lembrar que o Cerrado é um bioma do tipo savana, com árvores espaçadas o suficiente para deixar que a luz solar chegue ao solo e permita o crescimento de grama e capim, alimento básico dos animais que nele vivem. Esta vegetação é típica de climas secos e se compõe de arbustos e pequenas árvores com troncos tortuosos, casca e folhas grossas.


 
Pau-terra casca grossa no cerrado de Campo Mourão

1) CASCA GROSSA
A casca que recobre e protege plantas e árvores, é um tecido formado por células que envolve troncos e galhos, adaptada a suportar o fogo. Agindo como isolante térmico, a casca (súber) impede que as altas temperaturas atinjam os tecidos mais internos dos caules
2) TERRA FRACA
O solo é naturalmente rico em alumínio e pobre em nutrientes, o que faz com que a vegetação não cresça muito. Por isso, é comum ver árvores baixas no Cerrado, entre 2 e 6 m.

3) DEBAIXO DA TERRA
Raízes e outras estruturas subterrâneas, como tubérculos, são muito bem desenvolvidas nas plantas do Cerrado – em parte para buscar água em lençóis até 20 m, ou mais, abaixo do solo. Com isso, a vegetação pode rebrotar com rapidez após intempéries climáticas.
4) VIDA APÓS AS CHAMAS
Brotos de cima queimam, então o jeito é ir para os lados. O fogo, resultante de descargas elétricas naturais  é comum na região. Ele queima o broto apical, uma concentração celular no ápice do caule. Por isso, a árvore cresce desengonçada para cima e seu tronco ganha nuances tortuosas. 
 
Folhas e frutos do Barbatimão do cerrado
planta medicinal usada na higiene íntima.

A árvore não morre por que tem a proteção da casca grossa e das raízes fundas. Com isso as gemas axilares que ficam nas laterais do caule germinam, fazendo com que a árvore cresça para os lados e para o alto desordenadamente após cada queimada. O processo de morte  é contínuo, de modo que os galhos ganham sequências de curvas e ficam tortos naturalmente. É uma das formas de identificar uma região de cerrado, com exuberantes campos de pastagens que alimentam a fauna nativa e produzem plantas frutíferas de variadas espécies.  


 
Cambará 

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Araras e dezenas de outras aves eram comuns no cerrado


 
Alvorada no Cerrado

 
Neste cerrado foi traçado o quadro urbano de Campo Mourão
(foto eng. Carlos Coelho Jr)

 
Tatu era comum no Cerrado de Campo Mourão

Ipê Amarelo nativo do Cerrado Mourãoense

Bromélia solitária - Foto Thiko Bathke, na pedreira municipal

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