07/04/2011

Porque Praça Getúlio Vargas...



A Praça Getúlio Vargas (Marco Zero de Campo Mourão) antes de ser urbanizada, era denominada Praça 10 de outubro a fim de manter viva, na lembrança do povo, a data em que foi assinada a lei 02/47, pelo ex-governador Moises Lupion, que instituiu o Município de Campo Mourão.

A Praça 10 de Otubro - compreendia a área cercada pelas avenidas Capitão Índio Bandeira e Irmãos Pereira e as ruas Araruna e Brasil. Ocupava duas quadras.

Praça de Campo Mourão em dia de missa com chuva - 1950

Até 1952 foi mantida em seu estado nativo, o
nde se colhia guabiroba e pitanga do cerrado no meio dos capinzais formados por barba de bode e sapé. No local da extinta Telepar existia um grande e alto ninho de formigas saúvas. Entre a primeira estação rodoviária e o Colégio Vicentino Santa Cruz estava um bosque com dezenas de copaíbas frondosas.
No meio do bosque sombreado foi instalado um púlpito e bancos de madeira, além de valas para assar churrascos. Ali se realizavam os encontros das famílias, festas, reuniões da comunidade, leilões, discursos das autoridades e ponto de encontro dos apostadores nos dias de corridas e pencas na Raia dos Porungos.

Água - Próximo ao bosque havia um poço comunitário onde as poucas famílias se serviam de água transportada em baldes e latões até suas casas. Defronte a velha Igreja São José, paralelo a Rua Brasil, o terreno foi patrolado e servia de campo (de terra) para a prática do futebol.

Getúlio Dorneles Vargas - Dia 1º de setembro de 1955 a segunda câmara de vereadores aprovou o projeto de lei n.º 27/54, com a seguinte súmula: “autoriza o poder executivo a denominar de praça Getulio Vargas a atual 10 de outubro”. 
Documento assinado pelos vereadoes: Manoel de Jesus Pereira (presidente da Câmara), Victor Costa (1º secretário) e Carlos Stalman (2º secretário). O ato  foi aprovado pelo prefeito-médico Daniel Portela (5/12/51 a 4/12/55).


Porém as obras de construção e paisagismo da praça Getúlio Vargas foram iniciadas pelo terceiro prefeito eleito, Roberto Brzezinski (5/12/55 a 21/9/59) que faleceu em acidente automobilístico em setembro de 1959, ao lado de Harrison José Borges (Pitico), quando assumiu o seu lugar, Paulo Vinício Fortes (22/9/59 a 4/2/59).

Daniel Portela, Roberto Brzezinski e Paulo Fortes

As primeiras mudas de árvores foram plantadas em 1956, em mutirão com a primeira turma de estudantes do Ginásio Campo Mourão sob o comando do prof. Ephigênio José Carneiro.
Foi instalado um chafariz com água dançante e e estátuas de quatro musas que representam as quatro estações do ano. Foram instalados grandes vasos que à noite eram iluminados por lâmpadas multicoloridas e um coreto onde a Banda Municipal apresentava retretas aos domingos, pela manhã e à tarde. Os bancos em cimento granulado (imitando mármore) foram doados por empresas comerciais e  se encontravam distribuídos por toda a praça.

Nesta obra a sua extensão ficou reduzida pela metade, nos limites atuais das avenidas Irmãos Pereira e Índio Bandeira e das ruas Francisco Albuquerque (antiga rua Paraná) e Brasil (calçadão da matriz). Nesta mudança o Ponto de Jeep ficou atrás do coreto, e o Ponto 1, de Táxi permaneceu na contra-mão da rua Brasil, esquina com a av Capitão Índio Bandeira.


Pontos de Táxi de Campo Mourão - dec de 50/60

Na época a praça foi apelidada carinhosamente de “paliteiro”, dado o elevado número de postes finos de concreto encimados por lâmpadas arredondadas.

Na outra metade do terreno da praça foi construída a segunda Rodoviária e os demais espaços foram doados ao Colégio Santa Cruz, à Telepar e, mais recentemente, à Associação Comercial e Industrial de Campo Mourão (Acicam) e ao Sindicato Rural Patronal (Shopping Cidade).

A esq Hotel Brasil, centro a nova Rodoviária e a dir o Bosque

Os antigos casarões do demolido Instituto Santa Cruz e da Casa do Vigário foram desmanchados e no local foi construída a praça São José em plano elevado à direita e em plano baixo (escavado) à esquerda da Catedral.

Documento - O requerimento e a justificativa do vereador Geremias Cilião de Araújo (PTB) que propôs o nome de Getúlio Vargas à principal praça de Campo Mourão, foi assinado em 31 de julho (sic) de 1954, aprovado pela comissão legislativa competente, no dia 1º de setembro de 1954 e submetido à apreciação da comissão de constituição e justiça da câmara municipal, no dia 25 de setembro de 1954, o que resultou no projeto de lei 27/54, do dia 1º de setembro de 1954, sancionado pelo prefeito Daniel Portela, com a seguinte súmula: 
Autoriza o Poder Executivo a denominar de Praça Getulio Vargas a atual 10 de outubro

Abaixo-assinado - O pedido inicial do vereador Geremias Cilião de Araújo teve origem em um abaixo assinado popular, endossado pela maioria dos vereadores, sob a seguinte justificativa, transcrita aqui na íntegra tal como foi redigida originalmente:

*“os cidadãos infra assinados, brasileiro, capazes, todos residentes e domiciliados nésta cidade de Campo Mourão, em comum acôrdo, e, abaixo assinados, conforme juntam a êste, veêm a presença de v.excia., e demais vereadores déssa câmara, solicitar o apoio da maioria, no sentido de prestarem suas postumas homenagem ao ex-presidente da República do Estados Unidos do Brasil, senhor doutor:-Getulio Dorneles Vargas, que deixara a presidencia do catete na manhã de 24 do corrente mês, e, contando assim com o valioso apoio déssa câmara, solicitam que seja pósta em uma das principais vías (sic) públicas désta cidade, com o nome daquele governo que por tantos anos lutou pela democracía, pela liberdade, e pelo bem estar de todos os brasileiros, assim em vista do exposto todos esperam merecerem o devido apoio de v.excia., e componentes do legislativo municipal désta cidade de Campo Mourão.-


Campo Mourão, 31 de julho de 1954.

(aa ) o pessoal.- (??)


*nota do autor: observe que além dos erros de grafia e pontuação, o texto original cita a data de “24 do corrente mês...”, com o documento subscrito no dia 31 de julho...
A bem da verdade, Getúlio Vargas suicidou-se na manhã do dia 24 de agosto de 1954, e não no mês de julho.


 Getúlio Vargas - nasceu em São Borja (RS)

Caudilho, foi revolucionário e ditador do Brasil a partir de 1930. Fundou e presidiu o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) pelo qual se elegeu deputado federal e presidente da República. Suicidou-se em 1954, com um tiro no peito, mas a sua morte está envolta em mistérios até os dias de hoje, apesar do bilhete escrito, deixado com sua assinatura.

Wille Bathke Junior
Campo Mourão - 30/06/2001

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