As Carmelitas vivem sob os votos da castidade, pobreza, obediência a
Deus, à Santa Igreja e às suas superioras, dentro do convento, em selas
separadas, sem serem prisioneiras. É regra.
Escondem as mãos sob o hábito marrom que usam como uniforme.
Levantam-se às 4h30 e rezam, pelo menos, seis vezes ao dia. Não podem deixar as
grades da vida monástica nunca, exceto em casos excepcionais, como doença na
família, de si própria, ou para votar mesmo que a clausura as deixe uma tanto
alheias aos desdobramentos políticos aqui do lado de fora.
A Conferência dos Religiosos do Brasil calcula que exista hoje
uma casa de monjas contemplativas – como são chamadas as religiosas em
ordens de clausura – para cada diocese no país. Como todos os mosteiros da
ordem, tem capacidade para até 21 enclausuradas. Hoje, abriga 13.
As Marias do Carmelo - No período da Quaresma – época de penitência entre o Carnaval e
a Páscoa – as grades que as separam do mundo exterior se fecham um pouco mais.
O nome de consagração é escolhido com a ajuda das superioras no Carmelo e
revelado a sua comunidade na cerimônia de entrega do Santo Hábito, quando a
monja faz os votos.
A partir desse dia, vale, para a comunidade, a nova alcunha: sempre precedida de“Maria” seguida por um segundo nome santo. O nome da certidão do registro civil então deixa de existir.
A partir desse dia, vale, para a comunidade, a nova alcunha: sempre precedida de“Maria” seguida por um segundo nome santo. O nome da certidão do registro civil então deixa de existir.
A dor da despedida - As freiras carmelitas quando trocam o véu branco de noviças,
pelo preto, ‘morrem’ para o mundo, o que significa uma série de ‘mortes’.
Quando atravessam a porta de madeira do convento - uma estrutura com tranca
apenas do lado de dentro - a religiosa deixa para trás amizades e familiares, muitas
vezes, vestidas de luto.
Consolo - “Deus fez todas as mulheres com o dom da maternidade.
Não deixamos de ser mães quando entramos para a vida religiosa. Nos tornamos
mães espirituais”. (Irmã
Maria Isabel).
Parece que falar de mulher é a mesma coisa que falar de mãe.
Quando uma religiosa sai dessa proposta, ela está negando o papel. Esse é outro fator.
Ninguém cobra que um homem seja pai.
Liberdade atrás de grades
- As grades que tornam
desajeitado até mesmo um aperto de mãos com alguém do outro lado do claustro
não significam uma prisão. Pelo menos, não na visão de quem está detrás das
barras de ferro do convento. São símbolos do que é a vida monástica:
obediência, silêncio e oração.
”Não é o fim da liberdade. A liberdade de cada um está na sua
vocação. A minha é essa. A de outra pessoa pode ser a maternidade, o trabalho. A cruz existe. Tem de
ter. Faz parte da vida do cristão e da vida espiritual." (Irmã
Maria Isabel).
"A minha liberdade só começou aqui dentro. A felicidade é uma escolha. Se eu escolhi, é porque é bom e me faz feliz”, simplifica a noviça Maria Verônica.
"A minha liberdade só começou aqui dentro. A felicidade é uma escolha. Se eu escolhi, é porque é bom e me faz feliz”, simplifica a noviça Maria Verônica.
Rotina - Os dias no claustro são
longos. Começam às 4h30, para a primeira oração do dia, e se estendem até perto
das 22hs, quando as irmãs se recolhem em suas celas – assim são chamados
os quartos, individuais e simplórios. Nelas há apenas uma cama, uma mesinha e
alguns objetos pessoais. As freiras rezam em silêncio por duas horas, pelo
menos. Podem fazer o que bem entenderem durante uma hora todos os dias, após o
almoço. É hora de recreio. Mas usam-na, quase sempre, para rezar ou dormir.
"Nos chamados recreios, conversamos e rimos sobre o que
quisermos. Tema livre, ou mais ou menos”, brinca irmã Maria Isabel”.
Presentes - O pijama - uma veste branca - é igual para todas. Podem
receber presentes das visitas, mas eles são fiscalizados pela Madre Superiora.
Se pensarem que não há sentido no que ganharam, doam ou repassam a outra
carmelita. Coisas materiais mudam de significado da cela para dentro.
Modernidades – Há, no entanto, uma centelha de vida moderna no mosteiro. Uma
TV, um computador e um celular com WhatsApp. As monjas aparecem sorridentes e
enfileiradas na foto de perfil do aplicativo de conversa, posando ao lado do
arcebispo-militar do Brasil, Dom Fernando Guimarães. Não trocam correntes nem
gifs animados. Usam mais para tarefas como marcação de visita ou trocar uma ou
outra palavra com familiares: uma mensagem no aniversário da sobrinha, por
exemplo. Tudo com aprovação da superiora.
Niver - Uma vez por ano, no aniversário de renovação dos votos fazem
uma espécie de retiro de 10 dias, no qual se isolam das demais carmelitas para
rezar com maior intensidade. É uma espécie de "férias" da rotina do
mosteiro.
Visitas - Podem receber visitas de familiares e amigos, através da grade,
no locutório, uma vez por mês.
A distância ou a vida religiosa,
no entanto, não muda a relação com a família.
"Saudade é um sentimento natural do ser humano. Sinto
saudade da mesma forma que eles [os parentes]", explica irmã Maria Verônica.
Informatizadas - A comunicação com o mundo exterior é limitada e tem regras: um
WhatsApp é usado para eventuais contatos com a família e marcação de visitas. A
TV só é ligada em casos urgentes ou para ver as viagens do papa.
Pelas contas do Vaticano,
existem cerca de 35 mil religiosas vivendo enclausuradas no mundo todo, a maior
parte na Itália e na Espanha. No Brasil, a CNBB calcula que exista um mosteiro
de clausura feminino em cada diocese – são 260 ao todo – incluído o de Campo
Mourão - PR.
As orações das horas – Laudes (da manhã), de Hora Média e de Vésperas são feitas em
conjunto, em uma sala anexa à capela. Os fiéis podem acompanhar, pelo lado de
fora da grade.
Papa preocupado - ao atualizar as regras da vida contemplativa, o papa
Francisco pediu que as freiras enclausuradas não se deixassem “dissipar” pela
internet. Na época, ele disse que os meios digitais podiam até ser úteis, mas
pediu: “discernimento prudente” no seu uso: “Que sejam
colocados a serviço da formação à vida contemplativa, e não de ocasiões de
dissipação e fuga da vida fraterna em comunidade, nem prejudiciais a sua
vocação ou um obstáculo a sua vida inteiramente dedicada à contemplação”,
rogou.
Limites - A
última Constituição sobre a vida em clausura havia sido publicada em 1950, pelo
papa Pio XII, muito antes do advento do “zap”.
Para a TV, vale o mesmo. As monjas raramente ligam o aparelho.
Assistem documentários, noticiários para se informarem sobre os acontecimentos
do dia a dia, como guerras, catástrofes ou ataques terroristas. Assim, podem,
inclusive, rezar pelas vítimas e pela Paz.
Oração Carmelita:
Nada te perturbe,
Nada te espante,
Tudo passa, Deus não
muda,
A paciência tudo
alcança;
Quem a Deus tem,
Nada lhe falta: Só
Deus nos basta.
Amém !!
Tereza
d’Avila
Dia
15 de outubro a Igreja celebra Santa Teresa, reformadora do Carmelo, mística e
doutora da Igreja. Ela nasceu em Ávila, Espanha, em 1515, com o nome de Teresa
de Ahumada. Ali está o primeiro convento por ela fundado com o nome de São
José. Faleceu em 1582. São José também é o padroeiro de Campo Mourão - PR.
Ainda
jovem, com nove anos leu a vida dos mártires, que inspiraram nela o desejo de
martírio, tanto que chegou a improvisar uma breve fuga de casa para morrer como
mártir e ir para o céu. “Eu quero ver Deus”,
disse a pequena aos seus pais. Alguns anos mais tarde, Teresa afirmou ter
descoberto a verdade, que se resume em dois princípios fundamentais: por um
lado: “tudo
o que pertence a este mundo passa” e que, por
outro: “só Deus é para sempre, sempre, sempre”. Órfã aos 12
anos pediu à Virgem Santíssima que fosse sua mãe e a adotasse como filha.
Na
adolescência, a leitura de livros profanos a levou às distrações da vida
mundana, mas a experiência como aluna das freiras agostinianas de Santa Maria
das Graças, de Ávila, e a leitura de livros espirituais ensinaram-lhe o
recolhimento e a oração.
Aos
20 anos de idade, entrou para o convento carmelita da Encarnação, em Ávila.
Três anos depois, ela ficou gravemente doente, tanto que permaneceu por quatro
dias em coma, aparentemente morta. Ela disse: “Eu
desejava viver porque compreendia bem que não estava vivendo, mas estava
lutando com a sombra de morte e não tinha ninguém para me dar vida e nem eu
poderia tomá-la, e Aquele que podia dá-la a mim, estava certo em não me
socorrer, dado que tantas vezes me voltei contra Ele. E o havia abandonado”.
Na
Quaresma de 1554, aos 39 anos, Teresa chegou ao topo de sua luta contra suas
próprias fraquezas. A descoberta de “um Cristo
muito ferido” marcou profundamente a sua vida.
Lendo as “Confissões” de Santo Agostinho, descreve assim a jornada decisiva da sua experiência mística: “Aconteceu que… de repente, experimentei um sentimento da presença de Deus, que não havia como duvidar de que estivesse dentro de mim ou de que eu estivesse toda absorvida n’Ele”.
Lendo as “Confissões” de Santo Agostinho, descreve assim a jornada decisiva da sua experiência mística: “Aconteceu que… de repente, experimentei um sentimento da presença de Deus, que não havia como duvidar de que estivesse dentro de mim ou de que eu estivesse toda absorvida n’Ele”.
Logo
ela começou a grande obra de reforma da Ordem Carmelita: em 1562, fundou o
primeiro Carmelo em Ávila. Nos anos seguintes fundou mais 17 novos Carmelos na
Espanha e na Itália. Foi fundamental seu encontro com São João da Cruz, com
quem, em 1568, construiu, perto de Ávila, o primeiro convento das Carmelitas
Descalças.
Teresa
terminou sua vida terrena em 1582 enquanto estava se ocupando com a fundação do
Carmelo espanhol de Burgos, repetindo humildemente duas frases: “No
final, morro como filha da Igreja”
e... “Chegou a hora Esposo
meu, de nos encontrarmos”.
Foi
beatificada pelo Papa Paulo V, em 1614, canonizada por Gregório XV em 1622 e proclamada
“Doutora
da Igreja” por Paulo VI em 1970.
Teresa
de Jesus não tinha formação acadêmica, mas possuía profundos ensinamentos de
teólogos, literatos e mestres espirituais. Como escritora, sempre se ateve ao
que tinha experimentado pessoalmente ou visto na experiência de outros. Entre
suas principais obras, deve ser lembrada, acima de tudo, sua autobiografia,
intitulada “Livro da Vida”,
que ela chama de “Livro das Misericórdias do Senhor”.
O objetivo é manifestar a presença e a ação de um Deus em sua vida.
Em
1566, Teresa escreveu o “Caminho da perfeição”,
chamado por ela de “Admoestações e conselhos”
que dava às suas religiosas. Entre os trechos mais importantes, destaca-se o
comentário sobre o Pai Nosso, modelo de oração. Mas a obra mística mais famosa
de Santa Teresa é o “Castelo Interior”
escrito em 1577 que aborda o desenvolvimento da vida cristã rumo à sua
plenitude e à santidade, sob a ação do Espírito Santo.
À
sua atividade fundadora dos Carmelos reformados, Teresa dedicou o “Livro
das fundações” escrito entre 1573 e 1582, no qual fala
da vida do nascente grupo religioso.
A
santa enfatiza a oração: “rezar significa tratar de amizade com Deus, estando
muitas vezes tratando a sós com quem sabemos que nos ama”.
No
entender de Teresa a vida cristã é uma relação pessoal com Jesus que culmina na
união com Ele pela graça, por amor e por imitação. Daí a importância que ela
atribui à meditação da Paixão e à Eucaristia, como presença de Cristo na
Igreja, para a vida de cada crente e como coração da liturgia. Santa Teresa
vive um amor incondicional à Igreja: ela manifesta um grande amor a Igreja
diante da divisão causada pela Reforma protestante.
Ela
reformou a Ordem Carmelita com a intenção de servir e defender melhor a Igreja
Católica Romana e estar disposta a dar sua vida por Ele.
E
o dinheiro? - Santa Teresa estava contando seus planos a
respeito da construção de um novo mosteiro carmelita. No meio da conversa, toda
cheia de euforia, alguém perguntou:
–
Irmã Teresa, onde está o dinheiro para tantos planos?
–
Tenho dez centavos para começar.
–
Esse tanto não dá nem para pensar em realizar…
–
Você tem razão, mas dez centavos mais Deus, é tudo.
E
assim, ela não construiu apenas um, mas quinze mosteiros carmelitas.
Santa
Teresa quando chegou a hora de sua morte disse: "Já
é tempo de caminhar. Minha vida começa agora, com Ele”.
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