12/03/2019

* Primeiros estabelecimentos em Campo Mourão

 A narrativa é de Nelson Bittencourt Prado, 
primeiro advogado e jornalista de Campo Mourão. 

O ano é 1952 - "Atualmente existem, em Campo Mourão, muitas serrarias e fazendas de lavouras ao redor, como sejam as de Josefina Condas Xavier viúva do venerando Guilherme de Paula Xavier um dos patriarcas da formação de Campo Mourão; a do Dr. Pedro Correia Neto, a de José Custódio na Campina dos Teodoro na vasta região do Barreiro das Frutas; a do Deputado Verneck e a do respeitável cidadão Francisco Ferreira Albuquerque, respeitável chefe político local,  situada na Serra da Figueira (entre Engenheiro Beltrão e Terra Boa), denominação esta dada, ainda, pelo filho do Velho Sertanejo, Pedro Ovídio Pereira, em 1915, na exploração que fazia com João Bento (João Rodrigues Monteiro) empreiteiro de Dr. Manoel Mendes de Camargo (Camarguinho), de uma picada que deveria sair no Porto São José, no grande Rio Paraná (traçado este, que deu origem a Estrada Boiadeira). 
O local foi reconhecido por causa das explorações anteriores e sinais de uma grande fogueira feita debaixo de uma enorme figueira milenar, com suas enormes copas e raízes por todos os lados, num desafio a própria natureza", descreveu.


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Casa de comércio de João Schrener (a metade)
primeira construída no centro de Campo Mourão

As quatro primeiras casas construídas em torno da praça, foram as de: João Schrener (Rua Brasil X Índio Bandeira), Jocelin Cilião de Araújo (Rua Brasil X Irmãos Pereira - Casa Iracema), a Igreja São José e a de Francisco Ferreira Albuquerque (Rua Francisco Albuquerque X Índio Bandeira) confirmadas por Adalbrair Albuquerque em seu livro "Vi Campo Mourão Crescer".


  
Fórum da Comarca de Campo Mourão 
Na foto de Rogério do Prado, Rubens Bathke

"Em 22 de janeiro de 1949 foi instalada a Comarca de Campo Mourão pelo Juiz da 1a Vara de Londrina, Antonio Franco Ferreira da Costa. Fazia parte da comitiva oficial, o deputado estadual Acyoli Neto que representou o governador do Estado e Edmundo Mercer Junior. 

Neste ano também foi instalada, para serviços de comunicação, uma poderosa estação de rádio-telegrafia. 

A primeira farmácia a se estabelecer em Campo Mourão, foi a Farmácia Luz, de Waldemar Roth, na Av. Manoel Mendes de Camargo esquina com a Rua Curitiba (atual Roberto Brzezinski). A farmácia foi transferida de Peabiru onde Roth se estabeleceu inicialmente. Nesse tempo Peabiru era maior que Campo Mourão, mas em poucos anos foi ultrapassado.

O Município, criado em 10 de Outubro de 1947, tem três vilas bem adiantadas: Peabiru, Mamborê e Araruna e dezenas de outros patrimônios em formação (mais tardes elevados a Distrito e hoje Municípios).

O dentista José Antonio dos Santos foi nomeado prefeito provisório (18/10 a 26/12/1947) e no dia 15 de novembro foi eleito prefeito, pelo voto popular, Pedro Viriato de Souza Filho (PSD) empossado dia 27/12/1947 pela primeira câmara de vereadores (1947/1951) do Município de Campo Mourão – PR, formada por oito representantes: Augusto Mendes dos Santos, Devete de Paula Xavier, Daniel Portella, Joaquim Teodoro de Oliveira, Newton Ferreira Albuquerque, Porfirio Quirino Pereira, Waldomiro Cilião de Araújo e Waldemar Roth, todos do Partido Democratico Social –PSD o mesmo do governador de então, Moysés Wille Lupion de Tróia (1947/1951), aqui liderado por Francisco Ferreira Albuquerque (Tio Chico). 
Pedro Viriato renunciou dia 16 de março de 1951, substituído por Devete de Paula Xavier que também renunciou, assumindo, então, Joaquim Teodoro de Oliveira. 
O segundo prefeito eleito de Campo Mourão foi o médico peabiruense, Daniel Portela (5/12/51 a 4/12/55), que vinha e voltava com sua esposa, a cavalo. Ela lecionava na Escola Isolada anexa (parede e meia) com a Prefeitura/Câmara Municipal.

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Hotel Central de Eugênio Zaleski na Av. Irmãos Pereira esq, com R. Francisco Albuquerque,
 o primeiro de Campo Mourão.

Na sede têm dois bons hotéis, ambos dirigidos por seus proprietários, Eugênio Zaleski (hotel Central) e o de Jorge Brazil de Almeida (Hotel Rio Grande).


A sede já tem, também, três casas comerciais (Armazém do seu Chico, Casa Iracema e Comércio do seu João) bem sortidas, além de lojas de fazendas (tecidos) e armarinhos; três bares com suas respectivas mesas de snooker, bebidas e salgados". 

Campo Morão começa a se desenvolver e ganhar aspecto de cidade  promissora com sua fonte econômica maior alicerçada nas produções de café e madeiras serradas!, concluiu Nelson Bittencourt Prado.

Histórias

Nelson Bittencourt Prado contou que: "A história de Campo Mourão, como acontece com a historiografia  de outras regiões, também tem suas curiosidades. 
Foi encontrado, por exemplo, um lugar à margem esquerda do Rio Ivaí com sinais de ter havido ali um aldeamento de brancos muito antiga, onde foi encontrada uma pedra de moinho com data de 1537/1577, cuja cidade em ruínas era denominada Vila Rica. 

No mesmo local, Joaquim Teodoro de Oliveira (quando delegado), encontrou uma pedra lapidada com inscrição do ano de 1550 (que estava em poder de Nelson Bittencourt Prado, a qual se perdeu após sua morte).
"No início, aqui em Campo Mourão, existia muito índio. De uma certa feita o “coronel” Guilherme de Paula Xavier, que já transitava nesta zona desde 1884 procurando beneficiar sua Fazenda Santa Maria (Cama Patente conforme espólio Santa Maria (1952), ao pernoitar em certo lugar em uma de suas habituais viagens para Guarapuava, foi vítima do furto de várias ferramentas de seu uso e, como tinha mais e não querendo ficar sem as mesmas, procurou um lugar e as enterrou em um buraco, dentro de um tacho de cobre. Porém, ao voltar anos depois, não conseguiu lembrar-se do local e considerou, desta forma, as ferramentas enterradas, como perdidas. No decorrer do tempo ele contou o fato aos seus filhos mais moços. Aconteceu que em 1942,  Alfeu de Paula Xavier, filho do finado Guilherme, depois de muito vasculhar a terra, encontrou as ferramentas em questão, dentro do tal tacho de cobre, sem cabos e bem enferrujadas", concluiu Dr. Nelson Bittencourt Prado, irmão da professora Leoni Prado Andrade, esposa do médico Manoel Andrade.
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