21/10/2018

Meu Poema Preferido - Wibaju


Poema do Tamoio
Gonçalves Dias

I
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!

IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!

V
E, pois, que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fagueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

VI
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.

VII
E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!

VIII
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.

IX
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.

X
A arma ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida.
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.


Conclusão:
(exercício de escrever sem os artigos a e o)

Neste inspirado poema de extremas verdades sobre nossa vida, poeta Gonçalves Dias alerta sobre traição, pois ela existe em todos lugares, entre brancos, índios e no seio de todas raças. 
Aqui, pai tamoio alerta filho sobre risco de cair em mãos inimigas determinadas em acabar com sua vida. Nesta situação pai ensina que encare este  momento sem medo; que relembre seus feitos, pois sua morte irá permanecer por toda eternidade, ecoada pelo grito dos fracos e oprimidos, que cantarão e contarão  tua história, fazendo de você espelho para ser seguido, admirado, amado, respeitado e preservado na certeza de que outros jovens seguirão seus passos e exemplos. 
É na hora da morte que nosso verdadeiro eu prepara suas armas, penetra e perpetua-se na vida; passa fazer parte da história, porque foi feliz, foi herói, foi audaz e vitorioso. 
Esperamos que aqueles que vierem depois de nós, que façam melhor, que conquistem medalhas da mais alta condecoração, na guerra ou na paz.
Wille Bathke Junior

Os Tamoios
Imagem relacionada

O termo 'tamoios' se refere a uma aliança de povos nativos do tronco Tupi que povoavam a costa e o litoral dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Esta união, liderada pela nação Tupinambá, congregava também, os Guaianazes e Aimorés. Em resumo, 'tamoio' não se trata de uma tribo isolada ou uma nação indígena específica, mas sim,  a integração cooperativista de várias nações da Terra Brasilês que os verdadeiros brasileiros chamavam de Pindorama (terra de palmeiras).
Tamoio vem de "tamu ya" que no idioma Tupi significa: "os velhos sábios, os mais experientes, os anciãos", o que nos leva a crer que eles são a união mais antiga  das tribos tupiniquins; os que mais prezavam e mantinham os costumes tradicionais e nativistas sendo, o principal deles, o respeito pela Terra e pela Natureza que dá a Vida a tudo e a todos que nela habitam. Índio não cuspia nem fazia suas necessidades íntimas nas águas das nascentes, nem nos leitos dos rios e não matavam por matar e, sim, para se alimentar ou se defender dos inimigos.

Gonçalves Dias

 1823 – Dia 10 de Agosto, nasceu Antônio Gonçalves Dias, na cidade de Caxias - MA.
1840 - Ingressou na Universidade de Coimbra, onde diplomou-se em Direito.
1845 – Retornou ao Brasil e publicou: "Primeiros Contos".
Foi professor de Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, na época, capital do Brasil onde, também, foi jornalista e crítico literário do Jornal do Commercio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia. Foi um dos fundadores da Revista Guanabara, importante veículo de divulgação dos ideais românticos.
1851 – Publicou o livro: "Últimos Cantos".
Por esse tempo conheceu Ana Amélia, mas por ser mestiço, a família dela não permitiu o casamento. Então casou-se com Olímpia da Costa, com quem não foi feliz.
1854 – Viajou rumo a Europa e encontrou Ana Amélia, já casada. Perdeu a esperança de se unir à ela. Decepcionado pelo amor impossível escreveu o poema:  “Ainda uma vez-adeus!”.
1864  - Após uma década de permanência na Europa, a fim de cuidar da saúde, embarca de volta à Caxias - sua terra natal – fraco e debilitado. Dia 3 de novembro do mesmo ano, o navio em que viajava em direção ao Brasil afundou e - entre as vítimas - o matou afogado, nas proximidades de Guimarães – MA. Sua vida foi ceifada ainda jovem, com apenas 41 anos, mas deixou um rico legado literário, admirado eternamente.

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As principais tribos do Brasil

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(clic sobre o nome e conheça o autor)


1.           Abdias do Nascimento (1914-2011)
2.           Adalgisa Nery (1905-1980)
3.           Adélia Prado (1935 -) + poemas
4.           Adão Ventura (1946-2004)
6.           Alberto de Oliveira- (1857-1937)
7.           Alice Ruiz (1946-…)
8.           Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
19.      Basílio da Gama (1741-1795)
22.      Carlos Nejar (1939 -)
29.      Cora Coralina (1889-1985) 
49.      Hilda Hilst (1930-2004) + poemas
56.      José de Anchieta (1534-1597)
59.      José Paulo Paes (1926-1998)
63.      Lêdo Ivo (1924-2012) 
68.      Manuel Bandeira (1886-1969) 
69.      Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749-1814)
73.      Mario Quintana (1906-1994) 
87.      Paulo César Pinheiro (1949 -)
88.      Paulo Leminski (1944-1989) 
89.      Paulo Mendes Campos (1922-1991)
92.      Raul Bopp (1898-1984)
95.      Joaquim Manuel de Sousa Andrade (1833-1902)



Poetar é preciso!

Entendo que poema/poesia são iguais uma ilha cercada de palavras rimadas por todos lados. Pessoa com dom literário, que se faz poeta, cria um outro mundo: de paz, de amor, mais bonito, mais intenso e mais significativo, bem acima da vã realidade de uma vida vazia, sem cultura ou tradição.


A arte de poetar se faz presente em Campo Mourão, 
Cida Freitas é nossa poetisa maior. 
Seus livros estão na Biblioteca Municipal "Egydio Martello".

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