13/04/2019

Casal = Família + filhos (as)

  

De tudo, ficou somente o que era verdadeiro. Sentimentos, talvez, de muitas lembranças boas, mesmo que da infância.
Um a um... Uma a uma... Os espaços que vagaram foram preenchidos com novos sorrisos, mesmo que raros, de outras pessoas.
Cores novas chegaram para enfeitar meus dias, minhas árvores, minhas flores, meus passarinhos e até minhas galinhas garnisé.

Meus pensamentos estão mais amadurecidos. Bem mais centrados e a consciência tranquila de que, apesar da correria, bem ou mal, cumpri com meu dever ao longo desta estrada comprida.
Os laços que nos uniam já não precisam de mim. Afrouxaram-se os nós, alguns se romperam... Nem mais conversam comigo ou se quer me visitam mesmo com os avanços da tecnologia e sistemas modernos e rápidos de comunicação. Não querem nem saber se estou bem ou se estou mal, nem por curiosidade.
Tenho consciência da impermanência das coisas e de algumas pessoas na minha vida, e suas razões sem motivos.
Mas, de tudo isso, trago a intensidade que eu vivo, mesmo sem a presença destas mesmas coisas e destas mesmas pessoas.
Pelo menos, quando não as tenho mais, permaneço com a sensação de inteireza quando se foram, de como fui e como sou: sempre o mesmo homem, o mesmo irmão, o mesmo pai, o mesmo tio e o mesmo avô, a mesma porta, a mesma casa modesta, para acolhê-los.
Talvez o que ocorre é o fato de que fui só afeto e estepe enquanto estivemos juntos.
Eu já não era e nem sou para eles, nada disso ou daquilo, nem aquilo.
A estima é financeira e movida pela cobiça de ter o pouco ou quase nada do que tenho, ainda vivo. Deveriam ao menos desejarem-me uma boa morte súbita e sem sofrimento. 
Ninguém é para sempre e um dia temos que partir. Talvez alguns se vão antes de mim,  sem diferença nenhuma, pois está escrito na profecia que, cedo ou tarde, tudo acaba um dia.
O mesmo esquecimento que alimentam hoje, quero que mantenham quando Deus me chamar.
Não quero ninguém no meu velório. Apenas o transporte ao crematório e as cinzas, se alguém as reclamar, espalhadas na grama do meu ‘santuário ecológico’.
Falecido, inerte, não ouve choros, não vê lágrimas nem caras fingindo tristeza pela morte de alguém que nunca consideraram um ser humano, em vida. Apenas uma coisa ruim criada por línguas venenosas que nunca rebati e nem desmenti para não magoar as mentes malignas. A única pessoa que sabe de mim é eu mesmo. O resto é falácia de pessoas que odeiam e nem de longe sabem o que é respeito e amor pelo seu semelhante. Espero continuar sendo o prato-do-dia nas conversas amargas entre aqueles que as sucederam. Mágoas causam dores, doenças e podem levar à morte. Com certeza deste mal, não morrerei. As palavras: mágoa e ódio nunca existiram em meu dicionário.
Pai !! Perdoe quem nos magoa e livre-me dos maus... Amém !!
*
Minha Alma Poetando

Quando eu morrer, não faça disparate
nem fique a pensar: Ele era assim...
Mas senta-te num banco de jardim,
e calmamente coma um chocolate.

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembrança prolongada.

Porém, se um dia, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
boa ou má,
é ave que nasce em vôo do nada.

Junto a ti... é ela.
Deixe minha alma pousar leve
Como se apenas fosse imaginada,
como uma luz, presente e breve.
“O que as grandes e puras afeições têm de bom é que depois da felicidade... De a ter sentido... Resta-nos ainda, o carinho de recordá-las”. (Alexandre Dumas) 

Imagem relacionada 
Que a fertilidade do meu corpo alimente uma flor

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