05/04/2011

Campos do Mourão e os primeiros posseiros

Corôa portuguesa estava  preocupada 
em reconhecer o território paranaense



As duas expedições militares que andaram por aqui, a primeira em fins de 1769, comandada pelo cap. Estevam Ribeiro Bayão e a segunda, no início de 1770, comandada pelo Cap. Francisco Lopes da Silva, foram organizadas pelo comandante geral das tropas, Afonso Botelho de Sampaio e Souza, em obediência às ordens do Gov. da Província de Piratininga, D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão – Morgado de Mateus, primo de Afonso Botelho, pelo morgado nomeado capitão-mór na quinta comarca (Corytiba,) 

Estas expedições tinham várias missões especiais 
e deram nome aos Campos do Mourão

Uma das ordens era a de reconhecer os sertões além do Rio Tibagi, os Campos do cacique Coaracyberá, dar nomes da família do governador aos acidentes geográficos, sondar as possibilidades de invadir o Paraguai e anexá-lo ao Brasil e, ao mesmo tempo, espiar se os paraguaios e espanhóis não estavam se infiltrando na região, na antiga Província del Guairá.
Estas ordens vinham de um escalão ainda superior, ou seja, determinadas por Dom João VI,  imperador do reino unido Brasil/Portugal.


As três primeiras povoações que surgiram no Estado do Paraná, pela ordem, foram: Vila de Santana (Paranaguá), Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (Curitiba) e o forte de Atalaia (Guarapuava). Depois é que foram “descobertos” os Campos do Mourão (1769).

De olho nos Campos - A primeira notícia que se tem do interesse em ocupar a região dos Campos do Mourão, data de 1880 (mais de 100 anos depois das expedições de Estevam Bayão e Francisco da Silva).

Em 1880 – esteve por aqui,  mas não se fixou, o guarapuavano, Norberto Mendes Cordeiro (Comendador Norberto Marcondes) conhecido pelo seu interesse em amansar e estudar os usos e costumes dos silvícolas que habitavam o Paraná.

O Índio Bandeira que morava com sua tribo no “Campo do Abarrancamento” (Campo Bandeira), sempre ia à Guarapuava e conheceu o comendador Norberto e o convidou para visitar a região de “Campos do Mourão”, e ele veio. Na sua volta à Guarapuava espalhou a notícia das belezas da região, da vastidão dos pastos nativos (cerrado) e da terra propicia para a criação de gado nos Campos do Mourão.
De 1880 a 1893 estiveram por aqui alguns aventureiros, mas nenhum se fixou no desconhecido e inóspito Campos do Mourão. Mas, a cobiça pela terra devoluta da região era grande.

Em 1893 – dia 25 de setembro, no cartório de imóveis de Guarapuava, foi requerida e registrada uma posse coletiva de 60 mil hectares de terra da região de Campos do Mourão, que foram divididos em 30 quinhões (partes) de 2 mil hectares cada um.
Neste registro coletivo constam 25 assinaturas, com os nomes de: Laurianna de Paula Marcondes, Joaquim Gonçalves da Motta, Alfredo da Silveira, Domingos Moreira Gamalier, Rozendo Moreira Bahls, Pedro Moreira Rubilar, João Ribeiro Soares, Manoel de Jesus e Araújo, José Hilário dos Santos, Manoel Lourenço da Silva Bastos, Antonio de Oliveira Rocha, Hygino Honorato de Bittencourt, Constantino de Souza e Oliveira, Horácio Hilário Pimpão, Domingos Inácio de Araújo Marcondes, Antonio Honorato de Almeida, Pedro Moreira Rublar Filho, Norberto Mendes Cordeiro (o tal comendador), Missel Damásio de Camargo, Charabim Chrispim Ayres, Guilherme de Paula Xavier, José Simões de Oliveira, Antonio José Barbosa e Bento dos Santos Moreira.
À estas posses se dava, na época do império, o nome de sesmaria e a terra era considerada devoluta (sem dono). Se apossava quem chegava e se estabelecia primeiro (posseiros).
O interesse dos pecuaristas guarapuavanos era o de estabelecer, em  “Campos do Mourão", um ponto de parada e descanso das tropas e boiadas que seguiam para o sul de Mato Grosso, pelo antigo picadão que originou a estrada boiadeira (trecho da br-487) e investiram financeiramente em Jorge Walter, que trabalhava em fazendas da família Rocha Loures.

Guilherme - Dentre os requerentes, tem-se noticia, que apenas o "coronel" Guilherme de Paula Xavier ocupou o seu quinhão na região conhecida como Fazenda Santa Maria (depois Cama Patente), na região do Rio São João.


Russo - Uns tempos depois, quem tomou posse de terra, na região conhecida como Gleba Sem Passo, foi o russo Jorge Walter, que se fixou por pouco tempo, mas se tornou dono do seu quinhão, posteriormente grilado por apaniguados do governador do estado, na década de 50. 


Jorge Walter e sua esposa Ana Maria da Rocha Loures Walter

Até 1900 Campos do Mourão era totalmente despovoado. Não morava por aqui uma viva alma, a não ser uns poucos nativos remanescentes das reduções jesuíticas, nos toldos do cacique Bandeira (Campo Bandeira) e do cacique Gembre (Jd Santa Cruz), até a chegada dos Pereira e dos Custódio de Oliveira, entre 1903 e 1910.

Foi quando, de fato, começaram as derrubadas, queimadas das matas e a povoação esparramada do futuro município de Campo Mourão.

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Wille Bathke Junior – 28-07-2001
Narração no programa Anísio dos Santos Morais – Rádio Colmeia

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